Após episódios como o fechamento abrupto da Telltale Games, a controvérsia do número de horas gastos para a criação de Red Dead Redemption 2, e mais recentemente a demissão de cerca de 800 funcionários da Activision Blizzard após um ano de arrecadação recorde, o movimento para a formação de um sindicato na indústria de games tem ganhado cada vez mais força pelo mundo.

Por isso, Liz Schuler, secretária-tesoureira da maior central sindical dos EUA, a AFL-CIO, enviou uma carta-aberta para o site Kotaku reforçando a importância da formação de um sindicato, para defender os interesses de desenvolvedores e impedir a exploração trabalhista de estúdios.

Na carta, Schuler cita o sucesso da indústria de games americana no ano de 2018, arrecadando US$ 43 bilhões, "cerca de 3,6 vezes maior que as bilheterias recordes da indústria cinematográfica."

"É um feito impressionante — construído por legiões de incansáveis desenvolvedores de games. Não há nada mais poderoso do que se jogar no seu trabalho, colocando dia após dia de serviço esforçado e passional."

"Agora chegou a hora dos chefes da indústria a tratá-los com o respeito e dignidade merecidas"

Schuler cita exemplos de executivos que enriqueceram com suas posições na indústria com base no trabalho direto de desenvolvedores.

"Enquanto vocês lutam pela exaustão e põe sua alma em um game, Bobby Kotick e Andrew Wilson estão brindando ao sucesso 'deles'", diz a carta. "Eles ficam ricos. Eles ganham prestígio. Eles são coroados como visionários e considerados pioneiros."

"O que vocês recebem?"

"Horas terríveis e salários inadequados. Condições de trabalho tóxicas e estressantes que os forçam ao limite físico e psicológico. O medo de que pedir por mais significa arriscar seu emprego dos sonhos."

"Desenvolvedores da Rockstar Games recentemente compartilharam histórias de crunch que duraram meses e até anos para satisfazer as demandas irreais da gerência, trazendo um game que gerou a seus chefes US$ 725 milhões nos primeiros três dias."

"Este é um momento para mudança. Ela não virá de CEOs. Não virá de diretorias. E, não virá de uma só pessoa", escreveu Schuler. "A mudança vai acontecer quando vocês ganharem influência ao se juntar em um sindicato forte. E acontecerá quando vocês utilizarem sua voz coletiva para barganharem por uma parte justa da riqueza que criam todos os dias."

Schuler citou como exemplos de movimentos trabalhistas dentro da indústria a Game Workers Unite, que tem sua própria célula brasileira.