Assim como o ano de 2020 como um todo, essa lista de melhores do ano é um ótimo exemplo de como expectativa e realidade nem sempre estão na mesma página.

Em 1º de janeiro, certamente não imaginava escolher vários dos jogos abaixo como melhores do ano - assim como não imaginava a ausência de alguns títulos neste texto. Mas veio o ano, a realidade se impôs, e com ela muitas mudanças, tanto negativas quanto positivas.

Embora 2020 tenha sido um ano muito diferente do que todos imaginávamos, essas circunstâncias trouxeram experiências que, em condições normais, eu talvez não teria dado tanta chance. É meio piegas falar do "lado positivo" de um ano tão difícil quanto esse, mas, quanto mais penso nos meus jogos de 2020, mais vejo que há um tanto de verdade nessa citação.

Sem mais delongas, vamos à lista:

Among Us

Among Us

Como expliquei na nossa seleção das surpresas de 2020, eu não esperava ter jogado tanto Among Us ao longo deste ano. Eu acreditava que muito disso tinha a ver com as circunstâncias, como jogar com amigos, em um tipo de interação social que se intensificou com a pandemia, mas, quanto mais me debrucei sobre a questão, mais passei a ver as qualidades do título da InnerSloth.

As qualidades de Among Us são mais do que suficientes para explicar seu sucesso tardio. A divisão do jogo em duas equipes, e o suspense gerado pelo que acontece em cada rodada - quem é suspeito? será que mandamos embora o jogador correto? - permite uma infinidade de narrativas, o que evidencia ainda mais a força de Among Us enquanto conteúdo nas plataformas de streaming como a Twitch.

Among Us é, também, versátil em suas regras para permitir condições diferentes de jogo, ou até modos completamente diferentes criados pela própria comunidade. A pandemia pode ter feito o jogo ser descoberto, mas sua chegada na lista é mérito de suas qualidades.

Divulgação/InnerSloth

Assassin's Creed Valhalla

Assassin's Creed Valhalla

Eu jamais imaginava que colocaria um Assassin's Creed na lista dos melhores de 2020, mas Valhalla veio aí para me provar o contrário.

A aventura da Ubisoft pela Inglaterra do século IX é surpreendentemente sólida e resolve vários dos problemas que os demais título da série são acusados de terem ao longo dos últimos anos. Valhalla é, sim, inchado de conteúdos e atividades, mas sabe dividí-los em blocos de modo a conter várias aventuras focadas nas quais você pode dedicar uma sessão condensada de jogo.

Essa abordagem em pílulas adotada por Valhalla foi a melhor opção para que eu ficasse imerso no mundo e no destino de Eivor e dos demais personagens. Com um um sistema de combate melhor, Valhalla poderia ter alçado voos ainda mais altos nessa lista.

Divulgação/Ubisoft

VALORANT

VALORANT

Como os fãs de League of Legends bem sabem, a Riot Games tem como maior força o desenvolvimento de jogos acessíveis que estimulam a competitividade.

Tudo isso me "pegou" com VALORANT, me devolvendo a uma rotina de jogar um título multiplayer que eu não tinha desde o lançamento do primeiro Counter-Strike.

Unindo a movimentação e cadência básicas do CS com os poderes de um Overwatch, VALORANT não é exatamente o mais inovador doss jogos, mas consegue combinar estes elementos com um visual extremamente atraente (pai, afasta de mim comprar mais uma skin) e de forma consistente.

Divulgação/Riot Games

The Last of Us: Parte II

The Last of Us Part II

Nenhum jogo causou tanta discussão por seu conteúdo como The Last of Us: Parte II em 2020, e, embora boa parte disso tenha vindo das críticas resultantes das decisões criativas da Naughty Dog, acredito que, no fim das contas, elas serviram para fazer da continuação uma obra poderosa.

Já falei mais sobre The Last of Us: Parte II do que qualquer outro jogo em 2020, mas, se tiver que resumir, acredito que sua principal força está numa combinação sutil de forma e conteúdo para contar uma história que, a exemplo do primeiro game, é 100% comprometida em exaurir sua questão central, doa a quem doer, seja os personagens que habitam o roteiro, seja a pessoa responsável por conduzí-los.

No fim das contas, The Last of Us: Parte II é um exemplo do que os jogos podem atingir em seu melhor estado (e ao mesmo tempo uma representação das piores práticas da indústria). É, também, uma das histórias mais impactantes que chegaram às mãos do público em 2020, independentemente do meio.

Divulgação/PlayStation

Final Fantasy VII Remake

Final Fantasy VII Remake

Se The Last of Us: Parte II é o jogo do ano da minha cabeça - ou seja, aquele que escolho após observações mais "racionais" -, Final Fantasy VII Remake é o jogo do ano do coração.

Mesmo sob uma expectativa enorme, o título da Square Enix fez o inacreditável: cumpriu as expectativas enquanto trouxe uma experiência igualmente inédita e nostálgica (falar mais sobre isso é dar spoilers de Final Fantasy VII e do remake, então fico por aqui - se quiser saber mais sobre o final, clique neste link).

O RPG da Square Enix conseguiu modernizar tudo o que precisava ser modernizado do jogo original, ao mesmo tempo que trouxe novidades o suficiente para me manter intrigado, indo muito além da simples vontade de reviver um clássico. Óbvio que nem tudo deu certo nessa tentativa, mas o resultado final continua esplendoroso.

Divulgação/Square Enix

Crash Bandicoot 4: It's About Time

Crash Bandicoot 4

Crash 4 foi muito além de qualquer uma das minhas expectativas. Eu imaginava um jogo que aproveitaria os aprendizados do início da série, ainda no clima de nostalgia que reapresentou o personagem ao mainstream com a coletânea N. Sane Trilogy.

O que recebi, no entanto, foi o melhor jogo da série.

Crash 4 traz o marsupial e sua irmã Coco na melhor forma possível, em pleno uso de suas capacidade e repletos de ambientes criativos, que levam ao limite todas as habilidades disponíveis no jogo - incluindo aí as quatro máscaras inéditas que alteram a realidade.

Divulgação/Activision