O ano de 2019 me proporcionou alguns dos momentos mais sublimes e edificantes enquanto jogador de videogame.

Então, acho que posso dizer que ele foi no mínimo OK.

O mais impressionante é o quanto estes momentos surgiram por meio de formas e jogos diferentes: explorando uma cidade decadente como um detetive perdido na vida; andando e carregando uma infinidade de pacotes ao reconstruir um mundo destruído; fugindo de um gigante em uma delegacia destruída...

Talvez não tenha sido o ano de jogos mais bombásticos da indústria, mas por estar em uma pegada mais reflexiva nos últimos tempos, não vejo problema nisso.

Enfim, como no ano passado, discordâncias podem ser discutidas ou resolvidas na base porrada, dependendo do seu interesse em particular - e do meu rolar de dados, para ser justo.

 

A Plague Tale: Innocence

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Mesmo com um ato final um tanto falho e esquisito, A Plague Tale: Innocence é um tocante e engajante jogo sobre família, amizade e união em tempos de crise e violência.

No papel da jovem Amicia, o jogador vai formando laços com seus companheiros de viagem — em especial seu irmão Hugo —, enquanto o grupo tenta sobreviver tanto aos horrores da Peste Negra (embora um tanto menos no aspecto "doença" e bem mais no nível de "ratos devoradores de homens") e aos cavaleiros da Inquisição que os perseguem.

Apesar de não ter gostado dos aspectos mais esotéricos da narrativa, A Plague Tale: Innocence brilha quando foca no ato de sobrevivência de Amicia e seus amigos, se escondendo de soldados, usando as armas que tem em mãos e resolvendo quebra-cabeças para chegar a um lugar seguro e, quem sabe, um lugar para se viver em meio a tanta guerra, do e violência.

Focus Home Interactive/Divulgação

Resident Evil 2

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Embora o jogo tenha tropeçado no quesito da história, conseguindo contar uma narrativa de um jeito pior do que sua contraparte de 1998, o remake de Resident Evil 2 é uma grande junção de quase tudo que tornou a franquia tão adorada pelo público.

Trazendo o mundo do tão amado segundo jogo, com as mecânicas de tiro baseadas no sistema de Resident Evil 4, e os elementos de horror e gerenciamento de itens que marcaram tanto os primeiros games da série quanto RE7, esta nova versão das aventuras de Leon Kennedy e Claire Redfield em Raccoon City parece ser, a este ponto, a melhor expressão do que a série se tornou durante as décadas.

Isso, é claro, sem falar do elemento aterrorizante expandido do Mr. X, que foi de um inimigo que enfrentado em sessões específicas a uma ameaça constante, caçando o jogador durante parte significativa do jogo.

É um game que agrada fãs da série, de jogos de horror, e talvez até jogos de ação em geral.

Capcom/Divulgação

Control

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Como um fã da Remedy desde os tempos do primeiro Max Payne, e que não morreu de amores por Quantum Break, Control parece trazer tudo o que o estúdio de games sabe fazer bem e mais, trazendo um universo bizarro, misterioso e fascinante.

Ao enfrentar os inimigos tomados pelo Ruído na Antiga Casa, que serve de QG para o estranho (e, convenhamos, sinistro) Departamento Federal de Controle, o jogador como a heroína Jesse Faden tem chance de ver e explorar, e até manipular os elementos e objetos curiosos que aparecem nestes locais.

Tal qual Alan Wake, o jogo também conta com sequências de ação memoráveis, se ao menos pela trilha sonora.

Remedy Entertainment/Divulgação

Death Stranding

Como alguém que a este ponto aceitou que o colapso civilizatório global a este ponto é praticamente inevitável, Death Stranding ressoou comigo ao explorar os temas de colaborar com um mundo destruído que deve ser reconstruído.

No papel de Sam Porter Bridges, o jogador tem como missão reunir o território continental dos EUA, utilizando a ajuda de outros jogadores espalhados pelo mundo para facilitar sua jornada, e mostrando e poder que a união de forças pode fazer, mesmo que ela aconteça de forma indireta.

É fato que, para bem ou para mal, o jogo tem suas "kojimices" e o roteiro às vezes sofre com a falta de uma adaptação para o inglês, mas sua narrativa ainda me impactou, especialmente com os temas de lutar contra a entropia e extinção, mesmo que isso seja inevitável.

Acho que é um jogo difícil de se recomendar para muita gente, a não ser que conheça bem seus gostos, mas acredito que quem tenha interesse deva no mínimo testá-lo.

Disco Elysium

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Que fique claro: Disco Elysium está em um degrau acima de todos os jogos listados acima.

Considero todos os games desta lista excelentes, mas a experiência que tive com o game da ZA/UM foi genuinamente uma das mais edificantes que tive... provavelmente em toda a minha vida? Certamente algo do tipo com um game.

Ao jogar como um detetive tão enlouquecido pelo álcool e drogas que esqueceu os detalhes mais básicos de sua vida, e que deve resolver um assassinato, o jogo explora desde temas pessoas como fracassos de relacionamentos até questões envolvendo os problemas de políticas liberais e os fracassos de revoluções comunistas, além do próprio ciclo de autodestruição da humanidade.

Se não fosse o fato de o jogo não ter tradução em português (por enquanto), recomendaria facilmente a qualquer um que tenha o mínimo de interesse em um game narrativa e que goste de RPGs.

ZAUM/Divulgação