Terminou ontem a série de depoimentos do caso que levou ao tribunal Michael Baigent, Richard Leigh, Dan Brown e a editora Random House.

Baigent e Leigh, dois dos autores de O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, acusam Brown de copiar quinze pontos de seu livro em O Código Da Vinci. Assim como o livro de Brown, o volume de Baigent e Leigh explora a idéia de que Jesus e Maria Madalena foram casados e deram origem a uma linhagem que segue viva até os dias de hoje. Brown admitiu ter lido o livro da dupla, publicado em 1982, mas, somente após ter enviado a sinopse de O Código Da Vinci para a editora, em janeiro de 2001. O processo, na verdade, não é contra ele, mas contra a Random House, editora responsável pelos dois livros.

Os depoimentos terminaram depois de três semanas nas quais os dois livros foram exaustivamente examinados e comparados. No último dia dos depoimentos, o advogado de Baigent e Leigh disse que as evidências apresentadas por Brown devem ser vistas com profunda suspeita e que o autor não cooperou com o processo. O advogado também questionou porque a esposa de Brown, Blythe, responsável pelas pesquisas que embasam O Código Da Vinci e citada pelo marido como autora das notas nas margens de sua cópia de O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, não foi chamada para depor. Dan Brown alegou que utilizou 38 livros e centenas de documentos na criação de O Código Da Vinci e que o livro de Baigent e Leigh não foi crucial ao seu trabalho. O autor garantiu que poderia responder a todas as perguntas sobre a pesquisa, dispensando, assim, a presença de sua esposa. Mas, ao ser questionado pelo advogado dos historiadores, Brown demonstrou desconhecimento quanto às datas em que entrou em contato com os livros e documentos usados como base de seu romance.

O advogado da Random House declarou em seu encerramento que o livro de Brown reúne vários incidentes de forma única e que as idéias são de natureza geral, portanto, não protegidas por direito autoral. Durante seu testemunho, Baigent reconheceu que algumas de suas alegações estavam erradas, incluindo a que dizia que Dan Brown usou a mesma conjetura histórica de O Santo Graal e a Linhagem Sagrada. O advogado dos historiadores reconheceu que Baigent foi uma testemunha fraca, que não soube resistir à situação, e concordou com tudo o que o juiz disse.

O juiz do caso informou que dará seu veredicto antes do dia 13 de abril. Não há previsão quanto ao resultado, mas, há ceticismo quanto à vitória dos historiadores. Durante sua argumentação final, o advogado da dupla foi interrompido ao dizer que Dan Brown havia ocultado a verdade. O juiz argumentou que se isso fosse verdade, Brown não deixaria O Santo Graal e a Linhagem Sagrada fora da bibliografia da sinopse só para incluir o título na bibliografia do livro pronto um ano depois.

Caso consigam uma ordem judicial que impeça o uso de seu material, os autores de O Santo Graal e a Linhagem Sagrada podem bloquear o lançamento de O Código Da Vinci nos cinemas. O filme, com Tom Hanks no papel principal, tem estréia marcada para 19 de maio. Além de Hollywood, o julgamento é acompanhado com interesse pela indústria editorial pelos efeitos que o resultado pode ter sobre romancistas e dramaturgos que usam trabalhos de não-ficção como pesquisa para suas obras. Uma das áreas mais afetadas seria exatamente a de ficção histórica, que constrói seus enredos sobre períodos e personagens reais.

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