Às vésperas de completar duas décadas de existência, a série Super Smash Bros. chegou à sexta versão diferente. De inusitado projeto pessoal do diretor Masahiro Sakurai a marca cresceu e evoluiu a ponto de se tornar uma verdadeira celebração da história dos videogames, em especial da indústria japonesa.

Tudo começou como um jogo desenvolvido nas horas livres por Sakurai e o lendário Satoru Iwata, antigo presidente da Nintendo e que na época ainda era presidente do estúdio HAL Laboratory.

Dragon King era o nome e ele trazia a diferente proposta de ser um jogo de luta sem barras de vida, em que o objetivo era expulsar os adversários do cenário. Quanto maior o dano recebido (representando por porcentagens na tela), mais fácil ser jogado para fora da arena pelos golpes dos oponentes.

A sacada de mestre veio de Sakurai, que decidiu pedir para colocar alguns personagens da Nintendo nas batalhas, para criar uma atmosfera mais bacana. A ideia deu certo e o que era para ser um pequeno jogo de Nintendo 64 lançado apenas no Japão logou chegou de forma oficial também no ocidente.

No entanto, a consolidação de Smash Bros. como uma das franquias mais adoradas da Nintendo veio em 2001, com Melee, no GameCube. A série ganhou gráficos muito mais bonitos e detalhados, jogabilidade frenética e profunda e um elenco impressionante de lutadores, mesclando personagens populares com segredos obscuros, como os Ice Climbers e personagens de Fire Emblem, que foram incluídos para tornar a série mais popular no ocidente - o que eventualmente funcionou!

Sete milhões de cópias vendidas pelo mundo e o título de jogo mais vendido do GameCube credenciaram rapidamente a franquia para ser um dos títulos mais esperados do inovador Wii. Sakurai mais uma vez inovou e surpreendeu o público logo no primeiro trailer de Smash Bros. Brawl: Solid Snake, de Metal Gear Solid, apareceria como o primeiro personagem convidado especial da série.

Aliás, a pedido do próprio criador Hideo Kojima, que já tinha pedido a honra em Melee, o que não foi possível por conta de falta de tempo no desenvolvimento. Já estava plantada aí a semente para Smash Bros extrapolar as barreiras do universo Nintendo e ser prestigiada também pelas grandes mentes do desenvolvimento de games no Japão.

Depois de Snake, outra conquista absolutamente marcante: Sonic, o mascote da Sega e eterno rival de Mario, também chegava ao elenco de Brawl.

Apesar de muitas críticas à jogabilidade, muito mais casual do que Brawl e com elementos absurdos em termo de cenário competitivo, como a probabilidade aleatória de ESCORREGAR no meio da batalha, trata-se ainda do episódio mais vendido de Smash, com cerca de 13 milhões de unidades vendidas.

Vendas astronômicas e a presença de figuras queridas de produtoras third party sedimentaram de vez o lugar de Smash no panteão das grandes séries, transformando a grife em uma celebração que só viria a ser aperfeiçoada e mais cobiçada nos anos seguintes.

Os episódios 'primos' de Wii U e 3DS marcaram a entrada de Smash na era dos gráficos HD e a chegada de ainda mais convidados especiais, desde parceiros de longa data, como Mega Man, Ryu e Pac-Man, até colegas mais recentes, a exemplo de Bayonetta. Mas nada teve uma importância tão grande quanto a inclusão de Cloud, protagonista de Final Fantasy VII. Algo digno do impacto de um meteoro caindo na superfície de um planeta.

Smash Bros. extrapolava mais uma vez as barreiras do universo Nintendo e ia além, destruindo barreiras criadas por desavenças comerciais e brigas antigas entre a Big N e a Square Enix. O conflito é extensivamente detalhado neste texto do jornalista Fabio Santana.

Smash Bros. Ultimate chega bem em tempo para coroar este vinte anos da franquia como uma verdadeira celebração da história dos videogames. O episódio de Switch unifica as experiências de console e portátil em uma única versão com todos os personagens já vistos e a inclusão de novatos que reforçam os preceitos da série, como Ridley e King K. Rool representando glórias de clássicos do passado, Simon e Richter na categoria de parceiros third-party e a surpreendente inclusão futura de Joker, de Persona 5, como DLC, recriando em menor impacto o que aconteceu com a chegada de Cloud.

Independente de gostar ou não da franquia e do que o futuro reservar para Smash (e pode ter certeza que novos episódios virão daqui alguns anos), a série ocupa um lugar especial na história dos games, dando vida de forma divertida e inusitada a um pedaço extremamente importante do legado cultural construído por essa indústria.