O primeiro Paper Mario para Nintendo Switch é uma aventura engraçada, tranquila e encantadora que oferece dezenas de horas de ação e exploração em um mundo charmoso e colorido.

O Mario de papel enfrenta criaturas de origami em uma jornada com pitadas bem leves de RPG, mas que se destaca pelo criativo quebra-cabeça que é o sistema de combate.

A história segue roteiro familiar: Mario e Luigi são convidados para um festival no castelo da princesa Peach (neste caso, o festival dos origamis) e algo dá errado, a princesa é sequestrada e cabe aos irmãos bigodudos percorrerem o reino para reunir elementos mágicos e salvar o dia.

A ameaça da vez é Olly, um reizinho feito de dobradura que transforma os habitantes de papel do mundo de Paper Mario em vários origamis, todos sem sentimento e fieis a ele.

Luigi sai por conta própria para resolver a bagunça, enquanto Mario tem a companhia de Olivia, irmã de Olly que vê o perigo no que o irmão está fazendo e quer dar fim nisso.

Ao longo das pouco mais de 20 horas da jornada pra finalizar o game, Mario passa por cenários dos mais variados, como florestas, desertos, parques temáticos de Japão antigo, spa (?) e muito mais.

A progressão não é totalmente linear e dá para você voltar em certas áreas para encontrar tesouros que ficaram para trás ou renovar o estoque de itens de cura e ataque. De fato, há momentos de história em que você precisa retornar a áreas já visitadas para encontrar algo importante para avançar.

O principal destaque do game é mesmo o sistema de combate, bem diferente de outros episódios da série e bem engenhoso e criativo, ainda que um tanto quanto repetitivo, especialmente no final do game.

O combate por turnos ao estilo RPG ganha vida nova com o tabuleiro formado por discos. Com Mario no centro, cada começo de rodada desafia o jogador a alinhar os inimigos de forma a conseguir a atacar em linha ou em blocos de quatro unidades, usando as botas ou martelos, respectivamente.

O sistema dá um ar de 'cubo mágico' aos combates, já que o ideal é conseguir alinhar os adversários para causar mais dano e resolver logo as lutas. Porém, apesar de criativo, o sistema mostra suas limitações em um jogo longo como Origami King. Logo você assimila os diversos padrões e o que era desafio vira um exercício sem graça de repetição.

Ao menos, a história se inverte totalmente nos combates contra chefões. A dinâmica muda e quem fica no centro do tabuleiro é boss enquanto você precisa alinhar os discos de maneira a guiar o Mario para atacar o inimigo e ativar os paineis necessários pelo caminho.

O legal é que cada chefe traz características únicas que mudam as regras da brincadeira, seja travando alguns paineis, colocando armadilhas e afins. Enfim, as lutas brilham muito mais nos embates contra chefões.

No lado mais técnico de Origami King o trabalho segue o alto nível de qualidade que a Nintendo exibe nos títulos first-party para Switch. Os gráficos são lindos e dão ainda mais vida ao mundo de papel com diferentes texturas realistas. Inclusive, Mario pode interagir de forma decisiva nos cenários, consertando buracos com explosões de confete.

Ainda falando sobre os cenários, é legal destacar a variedade de ambientes, o que muitas vezes se reflete também na jogabilidade. Gosto especialmente de um trecho de parque temático com atrações que remetem ao Japão antigo e um trecho que oferece exploração marítima com um barco - e que me lembrou bastante Legend of Zelda: The Wind Waker.

A trilha segue o mesmo capricho, com músicas animadas, melodias familiares do passado da série Super Mario e muito mais. O jogo não traz dublagem, mas isso não acaba sendo tão estranho em um mundo todo feito de papel.

Paper Mario: The Origami King segue à risca a fórmula da série com relação aos personagens e humor. Como acontece nos games mais recentes, não há personagens originais baseados em criaturas já conhecidas do universo do bigodudo. Ao menos, o que isso tira de originalidade é razoavelmente recuperado nos textos hilários das conversas, sempre cheias de bom humor e piadinhas.

Os textos são muito saborosos e cheios de trocadilhos, mas destacam um problema antigo específico no Brasil: a falta de legendas em português brasileiro. Paper Mario é um tipo de jogo que perde muito da graça quando não se entende plenamente os textos.

Para muitas pessoas o espanhol pode ser um pequeno alívio, mas o ideal mesmo seria que o game tivesse sim textos traduzidos para nosso idioma - algo que a Nintendo já deveria estar fazendo há muito tempo. Muitos games first-party não se prejudicam tanto pela ausência de legendas e vozes em português, mas Paper Mario definitivamente é um caso que sofre muito pela ausência de localização em nosso idioma.

Origami King é um jogo fofo e divertido que vem para preencher bem a biblioteca de jogos do Switch. Os combates sofrem de certa repetição e quem não domina inglês não consegue aproveitar tão bem a história, mas a exploração é agradável e garante horas e horas de aventura.

Ainda que não seja um retorno ao RPG mais complexo das origens da franquia (que, vale lembrar, começou Super Mario RPG, de 1996), Paper Mario: The Origami King mata as saudades das aventuras do mascote da Nintendo com muito bom humor e combates criativos com elementos de quebra-cabeça.

  • Lançamento

    17.07.2020

  • Publicadora

    Nintendo

  • Desenvolvedora

    Nintendo/INTELLIGENT SYSTEMS

  • Gênero

    Ação

  • Testado em

    Nintendo Switch

  • Plataformas

    Nintendo Switch

Nota do crítico