Entre os Caçadores brasileiros do League of Legends, há um título não oficial: o de “Rei da Jungle”. A conversa surgiu com a ascensão de Revolta conquistando três títulos em dois anos, entre 2015 e 2016, e continuou após Nappon “destronar” o Incrível na final entre RED Canids e Vivo Keyd, na Primeira Etapa do CBLoL 2017.

De lá para cá, a posição que teve poucos nomes dominantes ganhou atenção e outros grandes jogadores. Em 2018, Ranger conquistou os dois títulos do ano com a KaBuM e assumiu a coroa, e apesar de não ter conquistado nenhum título desde então, suas atuações e personalidade o trouxeram com destaque para o Flamengo, uma das principais organizações do cenário, mantendo a coroa em sua cabeça.

No entanto, pela segunda vez seguida, Ranger não conseguiu chegar às finais do CBLoL, e uma atuação incrível de CarioK, Caçador da paiN Gaming, nas semifinais contra o rubro-negro colocaram ainda mais em evidência o jogador que está mais perto de destronar Ranger e mudar novamente a coroa da selva brasileira de dono.

A pergunta que fica é: CarioK está pronto para ser o “Rei da Selva” brasileira?

E mais, tudo o que falta é o título do CBLoL, que será disputado neste domingo?

Conversamos com Revolta e Nappon, que dominaram por três anos a posição, para entender.

Imagem: Bruno Alvares/Riot Games

Rei da Selva: um “título” individual para uma posição coletiva

Para Revolta, o grande debate com relação à “coroa” é a natureza da posição do Caçador, uma role que precisa apoiar o resto da equipe e identificar as oportunidades e o estilo de jogo para tomar ações. “Competitivamente a role é vista como algo coletivo”, diz Revolta. “O que as pessoas geralmente pensam é que o Caçador é o cara que dita o ritmo do jogo, e que a equipe segue o pathing do jungler, mas no competitivo há diversos casos do jogador entender os pontos fortes de sua equipe e só aí tomar decisões”.

Nappon concorda, frisando a diferença entre Ranger e CarioK: “O Ranger recebeu uma responsabilidade muito maior nesse CBLoL com relação a tomada de decisões, enquanto conseguimos ver de forma clara que o CarioK aproveita janelas de oportunidade melhor porque consegue focar mais no dele. Nas semis ele corria atrás de abates nas rotas laterais e completava os movimentos, enquanto o Ranger fazia um jogo mais metódico. Os estilos de jogo conflitaram bem nessas eliminatórias”.

Imagem: Bruno Alvares/Riot Games

“Na minha visão, quando você fala ‘destronar’ alguém você fala em uma ação individual. Quando você fala num título de CBLoL, é algo coletivo. Uma coisa não influencia a outra. Muitas vezes o resultado final de uma partida não condiz com a verdade de só um jogador, então não acho que falta um título para o CarioK assumir essa ‘coroa’”, crava Revolta. “Enquanto houver dúvida de que falta algo, se falta algo, se algo tem que acontecer, se tiver questionamento, isso já mostra que ainda não houve essa mudança do ‘trono’”.

O outro lado da moeda: Meta favorece e final ajuda no debate

O crescimento de CarioK da final da Segunda Etapa de 2020 para a final da Primeira Etapa de 2021 foi clara. Com um jogo mais solto, o Caçador começou a aparecer mais, ao passo que brTT deixou de ser necessariamente o foco da equipe nas partidas. Fora o estilo de jogo da paiN Gaming, o meta atual na selva possibilitou à equipe soltar seu jungler, que se provou um jogador que consegue identificar oportunidades como pouco no mapa.

“Esse jogo ‘moleque’ do CarioK pode ser ruim em determinados metas, mas é um ponto crucial no que estamos vivendo agora”, diz Nappon. “Com muitas lutas, iniciações e jogadas individuais, ele se fortalece. Jogos mais metódicos hoje precisam de uma sinergia extremamente afiada, como faltou para o Flamengo e é um ponto forte de Yampi e da Vorax, por exemplo”.

Imagem: Bruno Alvares/Riot Games

“O CarioK com certeza está se encaminhando para ser o “Rei da Selva” brasileira, mas ainda acho que falta o título do CBLoL. Ele está jogando bem e é um protagonista da paiN, chegando a destruir algumas partidas. Tem um começo de jogo essencial para as pretensões da equipe, busca jogadas e é agressivo. O título pode colocá-lo nesse pedestal”, completa Nappon.

Yampi vs CarioK: Uma final de estilos de jogo diferentes

A paiN Gaming teve só pedreira nas eliminatórias, passando por LOUD e Flamengo na última partida da Md5, e enfrentará na final do CBLoL uma Vorax extremamente coesa e que trabalha de maneira diferente com seu Caçador, Yampi.

“Tanto o CarioK quanto o Yampi estão em momentos muito bons porque o meta favoreceu seu estilo de jogo, e para mim, junto do Ranger, eles foram os dois Caçadores que entenderam melhor a forma como o desenvolvimento do jogo se conecta com o estilo de jogo do seu time, então acho que o destaque vem daí”, comenta Revolta. “A sincronia com o time é maior, e logo o destaque fica bem evidente para o trabalho dos dois. Não acho que um se destaca mais do que o outro, acho que eles exercem papéis diferentes em equipes que pensam o jogo de maneiras diferentes”.

Imagem: Vorax

“Por mais que estejam jogando de maneiras distintas, Yampi e CarioK têm características parecidas, entenderam o meta bem e conseguem idenfiticar as oportunidades muito bem”, diz Nappon. “No entanto, a final se desenha, pelo meta e pelas equipes que vão disputar, em um jogo que é menos CarioK vs Yampi, e muito mais em como as rotas das equipes vão trabalhar e solicitar apoio de seus Caçadores. É um confronto muito equilibrado, e o time com maior sinergia vai levar vantagem”.

E nesse ponto, Revolta vê a Vorax com um jogo mais coeso. “A paiN dá mais atenção e liberadade para o CarioK, e a Vorax pende mais para as rotas laterais, fazendo com que Yampi seja menos estrela e impulsione seus companheiros - mas ele mesmo já mostrou que pode ser o destaque se a Vorax precisar”, diz o Caçador da INTZ.

Imagem: Bruno Alvares/Riot Games

CarioK e Yampi. PaiN Gaming e Vorax. A final da Primeira Etapa do CBLoL 2021 está marcada para amanhã às 13h, e a ansiedade está a mil.

CarioK conquista o trono da selva? Yampi continuará a ascensão Voraz com um título? Todas as respostas descobriremos amanhã. Aguenta, coração!