Depois de não mais do que escassas 15 horas de jogo, começam os créditos finais de Justice League Heroes para PlayStation 2.

Enquanto os nomes dos realizadores, técnicos, produtores e dubladores são listados, o típico vídeo ao fundo relembra personagens e momentos da aventura. Isso é praxe na maioria dos jogos. O problema é que o vídeo é curto e os créditos são extensos... Para acompanhar o restante da lista, o vídeo recomeça do princípio. E é exibido em looping não duas vezes, mas quatro.

Isso não é chatice de crítico de cinema inventando de escrever sobre videogame. Se o Snowblid Studios não tem a capacidade de sincronizar o tempo dos letreiros com o vídeo, prova evidente de preguiça, má vontade até, o que esperar do resto do jogo? Criatividade?

Os personagens da DC Comics não são famosos por render games memoráveis. A Liga da Justiça, então, só se reuniu em um par de títulos de luta. Por sua vez, a Marvel acerta constantemente ao reunir seu cartel de heróis em produtos como X-Men Legends e, mais recentemente, Marvel Ultimate Alliance - que, por sua data de lançamento, rivaliza diretamente com Justice League Heroes. Não será dessa vez que Super-Homem, Batman e Mulher-Maravilha baterão seus concorrentes.

Não que falte apelo. Brincar com os poderes de um Lanterna Verde, com as tralhas do Homem-Morcego ou com a velocidade dos combos de Flash pode ser muito mais atraente do que balançar com o Homem-Aranha. Vamos do começo, então.

Bater, bater, comprar roupa, bater, bater, bater

O jogo foi escrito por Dwayne McDuffie, autor de alguns episódios de Liga da Justiça sem Limites e também roteirista de quadrinhos. Na história, um pedregulho caiu do espaço e Brainiac está envolvido. Seus robôs começam a aterrorizar o planeta e cabe à Liga contra-atacar. Contar mais do que isso é estragar as surpresas. Vale dizer que a história se coloca a serviço de um game de ação tradicional - tão tradicional que soa primário.

Os comandos são fáceis de assimilar e a interação é simples: bater, bater, bater. A diferença para um velho título de plataforma horizontal é que o 2D foi substituído pelo visual tridimensional, aéreo, em terceira pessoa. Na primeira fase o jogador entra com os dois astros da equipe, Super-Homem e Batman, podendo trocar o comando de um ou de outro a qualquer momento (mesmo quando duas pessoas jogam, também podem mudar de personagens entre si). A fase, longa e monocórdia, não é um cartão de visitas dos melhores. À medida que avança em JLH, o jogador pode escolher mais personagens e encarará fases mais interessantes.

Além de Super-Homem e Batman, podem ser selecionados, a princípio, Mulher-Maravilha, Flash, Ajax - O caçador de Marte, Lanterna Verde (John Stewart) e Zatanna. Com o acúmulo de shields, a moeda de troca do jogo, é possível destravar Aquaman, Mulher-Gavião, Caçadora, Arqueiro-Verde e dois outros Lanternas Verdes (Kyle Rayner e Hal Jordan). Outro exemplo de má vontade: não vá gastar seus shields no caro Hal Jordan pensando que será uma novidade; os poderes dele são idênticos aos de John Stewart, com a diferença de que você terá que evolui-lo do zero. Prefira comprar uma roupa de motoqueira para a Mulher-Maravilha.

Afora a nerdice de ver uniformes distintos, o sistema de evolução é o elemento mais interessante do jogo. Os personagens sobem de nível sozinhos, mas cabe ao jogador atribuir não apenas os pontos de saúde, energia e combate, como também os chamados boosters. São esferas de duração, velocidade, sorte, eficiência, alcance e dano que podem ser combinadas entre si e, então, associadas aos pontos de qualquer personagem. Com isso a construção de um herói fica mais variada: uma coadjuvante como Zatanna, por exemplo, pode ter o poder de cura vitaminado a ponto dela se tornar indispensável na aventura.

Existe a contra-indicação: como a força dos personagens não é bem balanceada, você pode aplicar tantos boosters no uppercut de Super-Homem que até Darkseid cairá facilmente com um soco desses, mesmo em dificuldade média.

É o tipo de detalhe que influencia decisivamente no saldo geral. Os desenvolvedores preocuparam-se tanto com as perfumarias da lojinha de shields, o tipo de coisa que faz aquele fã colecionador de action figures babar, que esqueceram de dar equilíbrio à ação. O visual dos cenários é bacana, ok. A dublagem de Ron Perlman para o Batman também. Mas não custava atentar mais para a jogabilidade. Pressupondo que Justice League Heroes é um jogo de músculos, não de cérebro, daqueles que literalmente servem somente para matar o tempo, também não custava adicionar mais algumas horas de aventura. Como não custava criar um final decente.

Ao zerar, o jogo salva a sua evolução (e as suas aquisições na lojinha) e te oferece a aventura desde o começo, mas com novas dificuldades. Experimente a mais alta, Superhero. É praticamente impossível passar da primeira fase, mas quem sabe no fim os letreiros sejam melhorzinhos.