Juan "Jschritte" Passos é um dos nomes mais respeitados da comunidade brasileira de Heroes of the Storm. Tricampeão da Copa América ao lado de vários times, ele trocou o cenário da América Latina no final de 2017 por uma verdadeira aventura nos Estados Unidos. E, ao contrário de contratos e convites, sua jornada foi marcada por uma verdadeira aposta rumo ao cenário norte-americano.

"Não surgiu oportunidade", contou o jogador em entrevista ao The Enemy"O que eu fiz: eu juntei a premiação de um ano da Copa América, juntei o máximo que podia e deu uns 20, 30 mil (reais). Arrumei alguém pra alugar um quarto, aí cheguei e vi qual seria o período de transferência. Então eu vim um mês antes pra jogar Heroes League e o pessoal saber que eu já tava aqui. Quando deu esse período de transferência eu fiquei pedindo teste pra todo mundo".

"Quando eu vim, não tinha nada não. Eu vim na cara e na coragem". Ele lembra que houve uma complicação: antes da chamar novos jogadores, os times têm um período para trocar atletas entre eles e apenas três vagas estavam abertas depois desse processo. Mas ele conseguiu uma chance dentro da Spacestation Gaming.

"Em relação ao metagame, eu acho que ensinei mais do que aprendi. Mas, por ter muito mais jogadores e muito mais times, só o fato de eu estar constantemente seis horas treinando já é muito melhor pra mim. Isso faz evoluir minhas skills, me dá mais vontade de jogar", completa. Há composições que ele está se adaptando melhor principalmente por participar das filas ranqueadas e dos treinos contra outros times.

"Uma coisa é jogar uma vez na sua vida contra uma composição de Medivh. Outra coisa é você jogar 20 scrims em um mês contra uma composição de Medivh. Querendo ou não você vai aprender a jogar melhor contra esse tipo de herói", completa.

"No LatAm você não tem treino. Você pode ser o melhor do mundo, mas você não vai treinar no LatAm", reforça, lembrando que só tinha chance de jogar duas horas de treinos contra outras equipes na América Latina.

"Não tem hora errada nem hora certa pra sair do Brasil. Acho que qualquer hora que você sair do Brasil pra vir para uma região Major sempre vai ser a hora certa. Sempre vai ser uma melhoria". Ele diz que a situação está pior para os brasileiros nesse ano pois eles terão menos premiação e experiência em campeonatos internacionais — no caso atual, somente dois por ano.

"Judite", como é conhecido no cenário, também já participou da RED Canids Corinthians. A organização se despediu do cenário de Heroes of the Storm na metade de fevereiro.

Reprodução/Juan "Jschritte" Passos

Eu vim na cara e na coragem.

"Tudo que eu tentava criticar ou resolver internamente no LatAm quase nunca dava certo. Então eu sempre tentava fazer que o que eu criticasse tivesse uma visibilidade maior pra chamar a atenção do pessoal da Blizzard", lembra, citando o Reddit como uma das formas para isso. "Mas não mudou muito, não", continua.

"Meu objetivo pessoal durante esse ano é conseguir me manter os dois semestres na HGC. Em relação ao time, a gente não tá muito bem, estamos 2-5 e tivemos vários jogos que a gente podia ter ganho e acabamos vacilando, então acho que é conseguir consertar o que estamos falhando", citando que buscam se manter no meio da tabela para continuar na disputa também pelos campeonatos internacionais.

"Eu tenho treinado todo dia", conta o atleta. "Eu não tenho um lugar fixo ainda, eu passo um tempo no Canadá e na Flórida, tá bem complicado porque eu tenho muito assunto fora do game para ficar resolvendo", continua, lembrando também que o visto é uma preocupação constante.

Mas o saldo, para ele, está sendo positivo. "A maior lição é aqui. Eu não vejo os caras se sacrificarem tanto, eu não vejo eles passarem por 50% do que eu passei. Pra mim, o maior exemplo é eu mesmo".

Você pode ser o melhor do mundo, mas você não vai treinar no LatAm.

E fica a mensagem para quem busca seguir esse sonho. "Aqui no NA com certeza tem muita oportunidade e muito espaço para quem é da América Latina. Falo com certeza que se você dominar o LatAm você com certeza consegue uma vaga aqui. Basta fazer acontecer", diz.

"Não recomendo o que eu passei pra ninguém não, mas eu recomendo todo mundo continuar lutando aí que um dia chega. E com certeza que, se eu estiver aqui, eu vou ajudar", finaliza.