Um dos elementos que mais define o tokusatsu é a batalha de gigantes, sejam robôs, sejam monstros. O mais impressionante é perceber como eles capturam a nossa imaginação com efeitos práticos simples: as criaturas nada mais são do que pessoas fantasiadas numa cidade de miniatura, atuando em ruas e prédios de gesso, madeira e papelão.

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Ao jogar Godzilla, o mais novo game do rei dos monstros, senti-me mais como um ator fantasiado em meio a uma maquete do que como a criatura que a Bandai Namco quer que eu seja. Lançado no Japão em 2014 para aproveitar a estreia do reboot da franquia nos cinemas, o game só chegou ao Ocidente este ano, mas parece ter sido produzido sob uma lógica que fazia sentido há, talvez, dez anos dentro do mercado de games de alto orçamento.

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Na pele de Godzilla, podemos fazer o que ele faz nos filmes: destroçar cidades e, ocasionalmente, enfrentar outros monstros. Estas duas atividades compõem basicamente tudo o que há para se fazer no game: na campanha, intitulada King of Destruction, nós invadimos um pedaço de Tóquio, sob o pretexto de se alimentar da Energia G (G-Energy), que é usada pelos humanos como fonte de eletricidade. No meio do caminho, há o exército, que mal chega a oferecer resistência, e o eventual inimigo gigante que vem para oferecer um mínimo de cadência nas fases.

A pouca variedade de atividades dentro da campanha (e do jogo) não seria um problema se elas fossem divertidas. Entretanto, tudo o que fazemos é repetido à exaustão, em fases feitas de forma preguiçosa. Todas elas são minúsculas e, embora diversos prédios apareçam renderizados no cenário, você fica limitado a uma arena onde há alguns tanques de Energia G e de onde aparece um monstro gigante.

Boa parte disso se deve à movimentação lenta de Godzilla, cujo movimento até passa a sensação de que estamos no comando de uma criatura gigantesca, mas os acertos ficam por aí. Por motivos que estou tentando entender até agora, o jogo utiliza um esquema de tanque para controlar o rei dos monstros, com dois botões específicos para girá-lo e colocá-lo na direção certa.

Seus golpes, fáceis de executar, têm um alcance ridiculamente reduzido e não existe sistema de mira, o que faz acertar seus alvos, especialmente os monstros oponentes, uma tarefa árdua por si só. Para completar, a parte visual do game revela o estado inacabado do game, com texturas extremamente simples e animações de colisão praticamente inexistentes.

O mínimo de esforço feito pela Bandai Namco é direcionado para os fãs, no que diz respeito à quantidade de monstros existentes no game. Podemos jogar com o Godzilla clássico, a versão do filme de Gareth Edwards e com kaijus de diversas épocas e séries diferentes da franquia, tanto no modo God of Destruction quanto no King of Kaijus, que consiste em seis fases apenas com lutas entre as criaturas. Para finalizar, um modo de diorama permite que você crie cenas de destruição e tire fotos - ainda que os gráficos não ajudem.

Godzilla foi lançado para o PlayStation 3 e para o PlayStation 4, mas sua produção e acabamento lembram mais um game malfeito de PlayStation 2. Falhando em praticamente tudo a que se propõe, o título consegue a proeza de tornar entediante o fato de estarmos no controle de um monstro com mais de 50 metros de altura, com o poder de destruir tudo o que vê pela frente.

Godzilla está disponível para PlayStation 3 e PlayStation 4. A versão testada foi a de PlayStation 4.

Nota do crítico