Após cair de uma árvore, parei em um rio e encontrei um círculo de bananas. Prestes a subir para a superfície, percebi uma corrente levando a água para cima. Sem demora, comecei a nadar para o fundo. Quanto mais perto do fim, mais forte a corrente ficava. Após muito esforço consegui mais uma banana, mas ainda não tinha achado o fundo. Após afogamentos e cinco vidas perdidas cheguei ao fundo. Lá, uma moeda dourada me esperava. Como consegui? Tempo, esforço, reflexo e paciência.

Donkey Kong Country: Tropical Freeze exige todos esses quesitos em sincronia. Da mais simples fase até o último desafio, o título esgota as habilidades e comprometimento do jogador. Depois de explorar novas possibilidades do gênero plataforma em Super Mario 3D World, a Nintendo, ao lado do Retro Studios, retorna às origens sem esquecer a evolução gráfica proporcionada pelo Wii U e traz um dos melhores jogos da série dos macacos.

A força do Wii U

São títulos como esse que mostram o potencial do Wii U, sem que precise usar a segunda tela. O visual tem um nível de detalhe ímpar, dificilmente visto em jogos de plataforma - mais bonito que o do ótimo Rayman Legends, por exemplo. A Nintendo abusa dos detalhes na construção dos personagens, que têm pêlos super definidos, feições sempre em mudança e animações tão divertidas quanto bem feitas. Os cenários também seguem o nível de excelência, explorando não só o primeiro plano, mas dando profundidade e vida às fases. Todas as ilhas de Tropical Freeze têm características particulares, e mesmo os níveis da mesma ilha conseguem se diferenciar. A sensação é de estar sempre em um novo jogo, em um novo mundo.

Os controles são eficientes e precisos. Não há mudanças drásticas em relação a outros jogos da franquia. Os macacos coadjuvantes dão poderes de salto específicos à Donkey Kong - depois das fases de introdução, todos eles podem ser usados em todos os níveis, cabe ao jogador decidir o melhor. Neste quesito, o trunfo maior do game é sempre modificar o jeito de jogar. Entre barcos, trens, barris, aviões e rinocerontes, Tropical Freeze nunca se repete. E mesmo com o domínio total dos comandos, os desafios impostos exigem uma dedicação incomum - no fim da aventura, superar outro jogo de plataforma atual parecerá simplório.

Dificuldade e multiplayer

A linha entre o desespero e a satisfação é tênue. Por isso, a dificuldade acentuada poderia tornar esse novo Donkey Kong uma experiência frustrante. Isso não acontece devido às recompensas que o jogo dá - principalmente nas batalhas com os chefes, cada uma melhor que a outra. As lutas são simples, exigem tempo de resposta apurado e tornam a experiência agradável, apesar das constantes telas de 'Game Over'. Além disso, todos os segredos, itens secretos e fases adicionais tornam a exploração um elemento essencial para o conhecimento do jogo inteiro. Acabar somente a linha principal da história é deixar de lado quase um game completo.

O defeito de Donkey Kong Country: Tropical Freeze é o multiplayer. Mesmo que seja divertido, a punição e as poucas opções de habilidades de salto deixam tudo mais frustrante. Sem muita coordenação e cuidado, a aventura ao lado de alguém pode ser algo estressante e sem a recompensa necessária. Este é o único ponto em que a dificuldade do game joga contra si. Não há como zerar Freeze no modo cooperativo sem extrema dedicação - se para uma pessoa já é complicado, para duas então...

Tropical Freeze é muito difícil. Esse, porém, é apenas um dos inúmeros detalhes que fazem deste um jogo indispensável. O desafio sempre esteve no cerne da franquia, mas aqui é levado a um outro nível, onde outros aspectos seguem um padrão de excelência: gráficos, jogabilidade, trilha sonora, level design. Agora é possível dizer que o Wii U possui jogos suficiente para estar nas primeiras opções de compra do público. O novo Donkey Kong não é só obrigatório, como também é o melhor jogo dos 'novos' consoles.

Donkey Kong Country: Tropical Freeze é exclusivo para Nintendo Wii U e chega ao Brasil no dia 20 de março.

Nota do crítico