O Omelete esteve na edição 2006 do Tokyo Game Show (TGS), a maior feira de videogames do mundo. O evento aconteceu no centro de eventos Makuhari Messe, em Chiba, cidade distante aproximadamente 50 minutos de Tóquio.

A feira deste ano era especialmente aguardada, já que uma verdadeira guerra se anuncia no horizonte: a dos consoles de nova geração da Sony, Microsoft e Nintendo, que se enfrentam para ter o controle do mais lucrativo mercado da indústria do entretenimento.

Outro fator que ampliou o prestígio da TGS foi o número recorde de expositores, impressionantes 148 empresas que apostaram em grandes estandes com jogos para teste, vídeos e, claro, belas recepcionistas com roupas curtíssimas entregando panfletos e posando para fotos. Algumas delas, para atrair visitantes, colocaram meninas vestidas como as personagens dos jogos e fizeram até shows de dança e música durante o dia.

O resultado de tantas atrações foram filas e mais filas em todos os lugares, até nas barracas de comida e nas máquinas de refrigerante. Na maioria das vezes tudo andava muito rápido, mas o apreço dos japoneses pelo consumo causava esperas de vários minutos especialmente nas lojas de lembranças, nas quais a fila muitas vezes era maior do que a área ocupada pela loja. Um pequeno inconveniente para a festa, que fez a alegria dos fãs dos jogos eletrônicos.

Guerra dos consoles e das franquias

Com lançamento esperado para 11 de novembro no Japão e seis dias depois nos Estados Unidos, o Playstation 3 (PS3) foi a grande atração do festival. Ocupando o maior estande da TGS, a Sony parecia extremamente confiante no poder do seu console. Com muitos jogos novos e grandes franquias como Grand Turismo e Sonic, a gigante viu seu espaço ser o mais concorrido do evento.

O segundo lugar em popularidade ficou com o Xbox 360, da Microsoft, que desta vez canalizou todas as suas forças na conquista do público japonês. Prova disso foi o investimento em Blue Dragon, game que será o carro-chefe da Microsoft para o final do ano e, segundo estatísticas da organização da feira, foi o game mais jogado nos três dias. O jogo traz nos créditos grandes nomes como Akira Toriyama (Dragon Ball) e Hironobu Sakaguchi. (Final Fantasy). Os dois são considerados verdadeiros deuses aqui no Japão entre os fãs de mangás/animês e games, daí a relevância do jogo na TGS.

Quem optou por experimentar Blue Dragon, novo teste de paciência: pelo menos duas horas de espera. Mas a fila era recompensada. O jogo, que gerou enorme burbirinho por lá devido ao porte de seus criadores, é realmente muito bom. Na história, pessoas especiais conseguem invocar dragões de suas sombras para combater os inimigos. Os traços de Toriyama são facilmente reconhecíveis, especialmente nas criaturas, como dragões e insetos. Na versão demo mostrada já estavam disponíveis alguns personagens principais com muitos golpes, o que tornou o modo de batalha algo imperdível. Os personagens estão ótimos e os gráficos e animações acompanham a fama dos criadores. É um jogo realmente empolgante... mas será que os japoneses largarão seus Playstations e migrarão para a concorrente Microsoft por conta disso? Duvido um pouco...

A Nintendo, como já havia sido divulgado, não participou oficialmente da Tokyo Game Show, com estande próprio. A empresa acredita que seu público-alvo é outro, mais familiar, e totalmente distinto dos fanáticos por jogos eletrônicos que costumam freqüentar o evento. Apesar disso, o portátil Nintendo DS esteve espalhado por toda a feira nos espaços dos fabricantes de jogos, com muitos lançamentos de qualidade como Final Fantasy 3 e os novos jogos do Megaman. Outro jogo que deve chamar a atenção de muitos brasileiros é Yuyu Hakusho (animê que foi exibido pela extinta Rede Manchete no final da decada de 1990 e mais tarde lançado em mangá, escrito por Yoshihiro Togashi, pela JBC). O game segue a história do animê e ainda vem com um anel espiritual que substitui a canetinha para clicar na tela de baixo do DS.

Apesar de também não contar com estande próprio, o Nintendo Wii, que promete revolucionar os consoles graças ao seu controle com sensor de movimento e formato de controle remoto, esteve exposto com destaque no espaço da produtora e distribuidora Sega, que exibiu dois jogos para o aparelho: Sonic e Bleach. O primeiro impressionou pela velocidade e beleza, já o segundo, pela jogabilidade: a expositora manejava o controle como se fosse um espada, movimentos que eram graciosamente transferidos ao game. O lançamento de Sonic este ano comemora os 15 anos de lancamento do primeiro jogo do nosso porco-espinho azul favorito. E por falar nele, aqui no Japão o jogo de 1991 pode ser baixado para celular por 525 yenes, algo próximo de 10 reais.

Mas o estande da Sega não limitou-se aos dois jogos e, entre as empresas que não fabricam videogames, foi um dos mais procurados também pelas demonstrações de alguns jogos para Playstation 3. Entre eles, Virtua Fighter 5, uma das grandes apostas para os próximos meses. Trata-se de uma franquia importante, mas ficou a impressão de que falta carisma aos personagens, bem como combos e outros recursos de jogabilidade envolventes. O produto é extremamente bonito, porém. A taxa de quadros é de 60 por segundo (!), o que resulta num visual extremamente natural.

Outra empresa que deixou sua marca na feira foi a Square Enix, que tinha enorme segurança em seu estande, especialmente contra fotos e vídeos dos visitantes. A verdadeira legião de fãs de Final Fantasy marcou presença e fez justiça ao nome que a marca carrega. O novo trailler de Final Fantasy XIII impressionou, com gráficos arrasadores em computação gráfica e história complexa, que abre muitos ganchos para novas idéias na celebrada franquia. Outro sucesso exposto por lá era o Final Fantasy III para Nintendo DS. Lançado em agosto, o game causou o desaparecimento dos estoques do portátil em muitas cidades do Japão. Outra prova do sucesso da produtora foi o sumiço dos bonecos que estavam à venda no estande. Eles foram os únicos que acabaram logo no primeiro dia, data reservada apenas para pessoas do ramo e imprensa especializada.



A feira comemorou também os 20 anos de um certo robozinho azul. O Megaman teve uma área especial reservada apenas às crianças. A grande novidade foi o novo cartucho que tem espaço para chips de batalha durante as lutas, como pude conferir no novo animê Megaman NT Warrior.

Empresas de grande porte como a SNK apresentaram ótimos jogos como o novo Final Fight 3D e mais uma parceria com a Capcom, agora para o DS. Também tivemos um estande enorme feito para a promoção do jogo Dead or Alive extreme 2. Para quem não lembra, DoA é um jogo no qual mulheres vestidas com roupas sensuais ou biquínis ficam em um lugar paradisíaco jogando vôlei, correndo e, às vezes, lutando. A novidade deste novo episódio da franquia (pasme!) foi a luta de bunda, na qual as personagens ficam de costas uma para a outra em pé sobre uma bóia no meio da piscina. Vence quem derrubar a adversária com golpes de traseiro. O estande promovia também o filme Dead or Alive, com atores e atrizes reais, que será lançado em breve.

Mobile

Grande parte dos expositores tinha em seus espaços também muitos jogos para telefones celulares. Games realmente bons, apesar da maioria deles ter a jogablidade prejudicada pela disposição dos botões. Experimentei Final Fantasy Before Crisis e fiquei realmente impressionado com o que um celular é capaz em termos de entretenimento. Os games para celular são atualmente o maior nicho de mercado pela grande quantidade de aparelhos espalhados por todo o mundo. Além disso, a pirataria é difícil e os agitados jogos adaptam-se ao acelerado ritmo de vida das pessoas.

As mesmas qualidades dos games para celular explicam também o sucesso dos videogames portáteis como o PSP e o DS. A Sony, ciente disso, montou um grande estande para usuários do PSP, com central de downloads e trocas entre os que levassem seu aparelho à feira. Principalmente aqui no Japão, as pessoas ficam muito tempo em trens e ônibus se deslocando entre suas casas e trabalhos e raramente têm tempo para ligar o videogame. Por conta disso, os consoles portáteis são sempre os mais vendidos por aqui. Uma tendência que deve crescer ainda mais nas próximas edições desse incrível evento.

O futuro, seja ele dentro de casa ou em movimento, é promissor para os gamers.