Subroza, jogador de VALORANT pela Team SoloMid, trouxe à tona uma discussão antiga, que acontece até mesmo fora dos esportes eletrônicos. De acordo com o atleta, jornalistas, analistas e afins precisam ter um ELO alto no jogo para criticar profissionais. Do meu ponto de vista, o pro player não poderia estar mais equivocado.

"Tenham certeza de que saíram dos ELOS Ouro e Platina antes de perturbarem um profissional que jogou mal em uma situação. Especialmente jornalistas e analistas", disse subroza em um tuíte.

Antes de discordar do canadense, devo dizer que este não é um texto em defesa própria. Até porque, sempre estive acima das patentes citadas por ele e ainda assim afirmo que isso não quer dizer absolutamente nada, tão pouco me coloca acima de algum colega.

Digo mais, ao contrário dos pro players, jogar é o meu momento de diversão e por isso eu não estou interessado em fazer nada mirabolante. Sempre que subi de patentes, joguei de maneira natural e sem pensar muito. É praticamente o famoso "W" e mira. No próprio Counter-Strike, que foi o jogo que me dediquei um pouco mais a gravar algumas coisas como granadas, já esqueci a maioria. O Global, no entanto, continua presente.

A grande verdade é que uma boa mira já faz a maior parte do trabalho para você chegar a um rank mais alto. Já no competitivo profissional, ter uma mira calibrada é o mínimo que todos possuem e jogos são vencidos completamente na inteligência e capacidade de trabalho em equipe, de acordo com o que foi combinado e treinado nas últimas semanas, meses e até anos.

Ter uma boa mira não te credencia para fazer uma grande análise. Da mesma forma, não ter uma boa mira não lhe impede de ser um estudante do jogo.

Até porque, quando falamos das filas ranqueadas, vamos combinar que nossas partidas com quatro desconhecidos que escolhem duelista instantaneamente, pouquíssimo tem a ver com o competitivo profissional. Até mesmo se você está em uma rara equipe em que todos, sem exceção, estão se comunicando e trabalhando em conjunto em prol da vitória, é quase impossível combinar algo extraordinário e pensado nos mínimos detalhes, como em um VCT da vida. O que vemos na prática são splits simples nos spikesites ou um fake aqui e outro ali. Por motivos óbvios, é algo completamente limitado.

Não há dúvidas que jogar um pouco mais a sério o game em que você se propôs a trabalhar é muito importante. Só jogando você conseguirá ter certas percepções e ter mais noção dos porquês de erros e acertos. Nem tudo é somente teoria e nem tudo é somente prática, o equilíbrio é fundamental. Mas jogar com o intuito de subir de ELO pois, caso contrário, todo seu trabalho jornalístico e analítico é inválido, é uma tremenda besteira.

Como eu disse no início deste texto, esta "falácia do apelo à autoridade", como bem classificou o ex-treinador da Vorax, Gatti, é algo que acontece fora dos esports também. Você não precisa ser ex-jogador para narrar, comentar ou escrever sobre futebol ou no mínimo vereador ou deputado para criticar o trabalho dos políticos.

Quando a crítica é feita de forma profissional, ela precisa sim ser muito mais fundamentada. O estudo para se ter conhecimento de causa é o mínimo, ao mesmo tempo em que a confiança do público alvo não é fácil de ser conquistada. Para chegar lá, serão tempo, constância e trabalho que lhe darão créditos, não uma carteirinha de apresentação afirmando "olha, eu sou Imortal".

De forma resumida, a conclusão final é: O que realmente importa é o conteúdo da mensagem, não o level do mensageiro em uma ranqueada.