Solotov é um dos grandes nomes do cenário brasileiro de Free Fire. Dono do primeiro abate (e também da primeira morte) da FURIA na história da Liga Brasileira (LBFF), o ex-jogador, que ainda não se aposentou de vez, se aventura como caster nas transmissões oficiais dos campeonatos do battle royale da Garena

Marcos Paulo, de Palmas, Tocantins, tem apenas 20 anos, e começou a se aventurar no Free Fire em meados de agosto de 2018, na época de lançamento do terceiro passe elite. Sem condições para comprar um computador, Solotov sempre se aventurou em jogos mobile, e conheceu o Frifas através de um amigo.

Durante minha infância sempre joguei jogos, porém eram jogos mobile porque nunca tive condição financeira para ter um computador. Nos jogos de celular eu sempre fui muito bom em tudo o que eu jogava, pois eu me empenhava bastante”, contou Solotov ao The Enemy.

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Solotov é analista na LBFF e nos principais campeonatos de Free Fire transmitidos no Brasil (Foto: Divulgação/Garena)

A origem do nick e os primeiros passos no competitivo

O nick Solotov saiu da série “O Atirador”, da Netflix. Sem a possibilidade de colocar Bobby Lee, que faz o papel do atirador, Marcos optou pelo nome do vilão, Solotov. Foi o nome que ficou e o marcou. 

Solotov não levava o Free Fire a sério, mas quando percebeu que era bom no jogo, começou a se juntar com os amigos nas famigeradas guildas para disputar campeonatos amadores. O tempo foi passando e Solotov percebeu que estava conseguindo bater de frente com os melhores do joguinho na época. 

Aos poucos, fui jogando e fui percebendo que estava no nível do competitivo. Na época, tinha alguns campeonatos amadores e decidi montar um time com amigos do jogo. Consegui entrar numa guilda e entrar nos campeonatos da comunidade. A partir daí, notei que conseguia bater de frente com os pro players da atualidade”, comentou.

Sua primeira guilda foi a Kill Por Kill. Mais tarde, ele migrou para a Insanity, que na época era “hypada”, como conta o ex-jogador. Sua passagem pela Insanity, que disputava campeonatos importantes do cenário, foi a porta de entrada para a elite. 

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Com a RyZe, Solotov jogou a final da Free Fire Pro League 3 presencialmente na Arena Carioca (Foto: Bruno Alvares e Cesar Galeão/Garena)

Quando estava na Insanity, Solotov conheceu Coronel, ex-técnico da paiN Gaming, que lhe ofereceu a oportunidade de jogar a Free Fire Pro League 2 e 3 pela Wise, que mais tarde virou RyZe xCry. Ao final do que foram as duas últimas temporadas da FFPL, a Garena reformulou o cenário competitivo e a vaga da Ryze foi adquirida pela FURIA. Solotov vestiu a camisa dos Panteras na LBFF 1 e C.O.P.A. Free Fire (que substituiu a LBFF 2), e mesmo sendo figurando como um dos destaques do time, não seguiu para as próximas temporadas.

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Solotov foi um dos primeiros jogadores da FURIA no Free Fire (Foto: Cesar Galeão/Garena)

Não queria ter saído da FURIA, mas foi uma decisão da comissão técnica. No começo fiquei triste, porque não queria ter largado o cenário competitivo. Na verdade, acabei nem saindo do cenário, pois um time da Série B acabou me convidando para a equipe. Comecei a treinar com eles e, quando estava se aproximando do início da competição, recebi a proposta da Garena, e achei que seria o melhor para minha carreira, pelo o momento que eu estava vivendo”, revelou.

Sem grandes chances como jogador, Solotov abraçou a proposta da desenvolvedora do jogo, que o procurou logo depois do seu vínculo com a FURIA ter sido quebrado. Antes disso, Solotov já tinha dado as caras no canal da Garena, mas como entrevistado no “Freefas Em Casa”, um programa bem ao estilo bate-papo, que era comandado por Camila “CamilotaXP” e Luis “Folha” - sua inspiração como caster: “É um cara muito inteligente”.

Instigado por novos desafios, Solotov não hesitou em aceitar o convite da Garena.

Quando surgiu o convite, não demorei muito pra aceitar. Só comuniquei minha mãe e o time que eu estava. Eu sabia que era uma decisão boa que eu ia tomar, pois ia trabalhar diretamente para a desenvolvedora do jogo. Eu sou um cara que gosta de desafio. Sempre busco fazer coisas diferentes. Quando surgiu a oportunidade, pensei: “Vou tentar!”, e aceitei o desafio”, lembrou.

Denise, sua mãe, reagiu bem à decisão do filho e o apoiou. Além de um novo desafio, Solotov também pensou na estabilidade que teria como profissional ao mudar de pro player para caster.

Essa decisão surgiu pela estabilidade, pois acredito que um dia o cenário competitivo pode chegar ao fim e o jogador profissional terá que se adaptar a outro jogo para poder continuar. Já como caster, acredito que fica mais fácil para me movimentar e continuar como comentarista ou apresentador em outro game. Assim passei a segurança para minha mãe, que concordou com tudo”, relembrou Solotov.

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Solotov nos estúdios da LBFF em São Paulo (Foto: Reprodução)

Começo difícil e evolução como caster

Solotov fez a sua estreia na LBFF 3. Apesar da empolgação, o começo não foi nada fácil. O palmense teve dificuldades e demorou um pouco para se adaptar ao trabalho na frente das câmeras. Além da timidez, ele relata a insatisfação com a sua dicção, algo que ele vem estudando até hoje para aperfeiçoar.

Ainda que esteja se aperfeiçoando, Solotov já consegue enxergar a sua evolução de um ano atrás até hoje. Isso também é notado nas redes sociais, onde frequentemente o caster é elogiado pelos seus comentários durante a transmissão. A evolução, apesar de deixá-lo confortável e com mais confiança no seu trabalho, o motiva a melhorar cada vez mais.

Acho que evoluí muito como caster, até porque nunca tinha feito nenhum trabalho como esse. Foi um pouco complicado no início mas, com o passar do tempo, comecei a melhorar e sei que preciso aprimorar ainda mais. Reconheço que melhorei bastante e que consigo agregar muito para a transmissão, trazendo dados e falando como um pro player do lado de fora”, avalia.

Não à toa, Solotov se enxerga como sua própria inspiração como pessoa: “Sempre tento ser melhor do que ontem e busco isso todos os dias”.

Free Fire Continental Series, Taça das Favelas, LBFF 4, Free Fire World Series e LBFF 5. Desde a sua estreia na LBFF 3, Solotov esteve presente na transmissão dos principais campeonatos que movimentaram o cenário nacional e internacional de Frifas. O ex-jogador acredita que vive o maior momento da sua carreira.

Acredito que o momento que eu estou vivendo seja o maior, principalmente por ter participado do Mundial, que foi o maior evento que estive como caster e analista. Estou no melhor momento da minha vida”, continuou.

O desejo de voltar a competir e planos para o futuro

Apesar de viver um momento de ouro como caster, Solotov não descarta voltar a jogar competitivamente. Mesmo afastado, ele segue treinando e deixa o seu destino a cargo do todo poderoso.

Pretendo seguir como caster, porém, nosso futuro pertence a Deus. Amo e sou fascinado por jogar o competitivo, mas depende muito do que vai vir daqui pra frente. Se chegar uma proposta muito boa, pode ser que volte a jogar. Continuo treinando, jogando e me preparando para caso isso aconteça um dia”, finaliza Solotov.

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Solotov não descarta retorno aos palcos como jogador (Foto: Cesar Galeão/Garena)

Ainda sobre o seu futuro, o analista se vê crescendo junto com o cenário de Free Fire, e tem o desejo de conquistar um bom contrato de live para dar segmento a sua carreira como streamer.