“Meu objetivo é viver na Team Liquid pelo resto da minha vida”. Assim, Silence explica resumidamente por que trocou o cargo de head coach de Rainbow Six Siege (R6) para ser manager de Fortnite da organização. Apesar de estar há cerca de duas semanas no cargo, ele já tem em mente quais planos pretende implementar no cenário competitivo do battle royale da Epic Games.

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Em conversa exclusiva com o The Enemy, Silence revelou as ideias que já estão sendo colocadas em prática e aquelas que ainda não saíram do papel. Entre elas, há a implementação de uma rotina aos pro players e o desejo de ter duplas ou trios atuando juntos na equipe, além de melhorar o relacionamento da organização com a própria Epic Games.

Pontapé inicial e paixão

Desmotivado com o competitivo de R6, Silence não hesitou em aceitar o convite para ser manager de Fortnite. A Liquid queria não só aliviar as obrigações de Erickão, manager de Free Fire que se dividia para cuidar do Fortnite da equipe, como também gostaria de encontrar alguém que tivesse experiência e fosse de “confiança”. Curiosamente, essa pessoa já estava dentro das dependências da organização.

“Primeiro que o Erickão estava sobrecarregado e a Liquid precisava de alguém para suprir essa função. Segundo que o Fortnite aqui ainda é muito cru e os jogadores não tinham alguém que pegasse no pé deles no sentido de ensinar ou guiá-los. Terceiro que a Liquid está crescendo muito e tem os objetivos de evoluir cada vez mais e de separar melhor as funções para não sobrecarregar ninguém. Aí me chamaram para gerir a modalidade”, disse o agora manager de Fortnite da Cavalaria.

Ao ser perguntado sobre o motivo de aceitar o desafio, Silence é muito claro e sincero sobre o amor que tem pela Liquid. “Eu topei porque eu sou apaixonado por essa organização. Eu não me sinto numa empresa, eu me sinto numa família aqui dentro”. Exceto a paixão, o desgaste com o FPS da Ubisoft também influenciou na mudança de ares. 

“Eu já estava meio sobrecarregado de R6 e não tinha mais forças. E aí apareceu essa oportunidade, um jogo novo, um mundo novo, e isso me deu um gás. Eu gostei muito de acompanhar o competitivo do Fortnite pelo pouco que eu conheci até agora. Já gostei demais. Assistir é muito gostoso, muito dinâmico e dá uma adrenalina legal. É maravilhoso”, completou.

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Foto: Divulgação/Team Liquid

Objetivos um tanto quanto ousados

“Eu gosto de ser diferente. Ponto”. Essa frase resume bem o planejamento que Silence quer colocar em prática no Fortnite da Liquid. Em um primeiro momento, ele almeja fazer com que exista um modelo consolidado da modalidade dentro da organização. Para isso, o manager projeta duplas ou trios atuando juntos com a camisa da equipe, algo que atualmente não acontece em nenhuma organização do jogo.

“Hoje a gente tem uma rotina. Acordamos tal horário, vamos dormir tal horário. Eu quero fazer algo parecido com isso no Fortnite. Não precisa ser uma rotina de início, mas criar um padrão dentro da casa, que a gente tenha jogadores que joguem juntos em duplas, trios, etc. Eu acabei de entrar no cenário de Fortnite e já vi que é uma bagunça esse negócio de duplas não serem do mesmo time e toda hora mudarem”, revelou.

“Quero que os jogadores entendam que mudanças são boas. Todos fazem a mesma coisa atualmente no cenário, mas isso não quer dizer que é o correto ou a melhor solução. São nessas horas que temos que pensar fora da caixa. Minha visão, portanto, é criar um padrão diferente aqui na Liquid, principalmente levando em consideração a estrutura e experiência que temos dentro da organização. Espero que isso ajude os meninos no futuro”.

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Foto: Kirill/Ubisoft

Como justificativa para a medida que pretende oferecer ao time, Silence acredita que “ficar mudando de dupla ou trio não cria sincronismo, não tem aquele entrosamento que é preciso para o competitivo e não fica legal”. Além disso, o manager é muito enfático no que diz respeito à exposição de marca das organizações. 

“Outro ponto é o branding do time quando uma dupla vence um torneio com jogadores da Liquid e da FaZe, por exemplo, e então a Liquid e a FaZe são campeãs? Não faz sentido. Eu sinto que pequenas mudanças vão ter grandes resultados”, complementou Silence.

Críticas à Epic Games

Não foi necessário muito tempo para que Silence percebesse o quão grave é a situação do competitivo do Fortnite. Tanto é verdade que ele não poupou palavras para apontar alguns dos problemas que já teve conhecimento a partir do dia a dia na nova função.

“Eu vi que a Epic é desleixada com os servidores dentro dos campeonatos. Uma empresa tão grande, tão respeitada e com tanta estrutura. Será que eles não estão tentando resolver? Outra coisa que nós precisamos melhorar no Fortnite é a agenda de campeonatos. Meu amigo, é uma bagunça. O jogador fica sabendo do campeonato dois dias antes, um dia antes ou no dia. Não faz sentido”, afirmou.

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Foto: Gui Caielli/Team Liquid

Como bônus, o manager também sugeriu caminhos para a Epic Games melhorar a acessibilidade e o diálogo com as equipes que estão presentes no cenário de competição do jogo.

“Seria interessante a Epic ter um canal de comunicação com as grandes organizações e criar uma agenda de campeonatos acessível. Sabe aquelas coisas que todo grande jogo deveria ter? Então, talvez eles [Epic] deveriam aprender melhor em alguns quesitos com a Riot Games ou com a Ubisoft”, recomendou Silence.

Novas contratações

Atualmente, a Liquid conta com três pro players de Fortnite: Pulga, Persa e Suetam. A organização não tem muito tempo no cenário brasileiro, mas é conhecida por evitar contratações com frequência e focar única e exclusivamente no competitivo, sem ter criadores de conteúdo ou influenciadores do jogo no elenco. Questionado sobre isso, Silence não descartou a possibilidade de mudança na política de reforços.

“Vamos ver, ainda tem muito para acontecer com o Fortnite aqui na Liquid e eu sou bastante novo no cenário, mas quando eu entro em uma missão, que agora é cuidar do Fortnite, eu quero ser o melhor”.

Do ponto de vista quantitativo, Silence revela que quer ter “pelo menos duas ou três duplas da Liquid”, mas que “não quer dizer que a Liquid tenha planos para isso”. Ele, inclusive, vai além e sonha até mesmo em proporcionar aos jogadores um treinamento na América do Norte ou na Europa. “Eu meio que vou oferecer essa ideia de fazer com que a gente tenha duplas que não se separem, joguem até o final, e possam realizar um bootcamp no exterior”.

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Foto: Divulgação/Team Liquid

Liquid king? Silence fez questão de enaltecer que utilizou a atual dupla de Suetam como uma simples exemplificação.

“Eu pretendo contratar a dupla e não o player. Já mato dois coelhos com uma cajadada só. Isso não é para agora, mas vou dar um exemplo que não quer dizer que vá acontecer: tem o Suetam que está há um certo tempo com a dupla dele, certo? Por que então que eu não contrato a dupla dele?”, questionou o manager.

Futuro

Muito mais do que só Liquid, Silence quer fazer do Fortnite um jogo respeitado competitivamente no país. “Eu vou fazer de tudo que é possível para levar a modalidade ao topo. Quero ver o Fortnite ser reconhecido no mundo não só na organização, mas no Brasil”.

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Foto: Gui Caielli/Team Liquid

Desde 2018 na Liquid, o tempo não é um problema para o manager. Isso porque, no que depender dele, a parceria de sucesso com a Cavalaria seguirá eterna e talvez até mesmo com responsabilidades ainda maiores.

“Meu sonho aqui dentro é fazer uma carreira bonita, sabe? Chegar um dia e ser o CEO da Liquid, quem sabe? Meu objetivo então é viver na Liquid o resto da minha vida. O quanto eu durar, eu quero ser Liquid”, finalizou.