O PlayStation 5 e o Xbox Series X estão em falta
Mesmo que você tenha dinheiro para comprá-los — e, pelo menos no Brasil, isso já é um desafio —, tanto a Sony quanto a Microsoft não estão conseguindo fabricar os consoles de nova geração de forma suficiente para atender à demanda global.
Isso, porém, é apenas um reflexo mais claro de uma crise que já dura um ano, que parece estar longe de acabar — e que, muito provavelmente, vai mudar as relações entre países, companhias e centros de distribuição pelo mundo.
A pandemia de COVID-19 acelerou ou escancarou diversos conflitos, crises e fragilidades em nossos sistemas econômicos e de distribuição que, se não eram tão claros, certamente já tinham sementes plantadas. Com exceção da distribuição mundial de vacinas contra o coronavírus, talvez nada demonstre isso mais claramente do que a crise de escassez de semicondutores pelo mundo.
Fabricado majoritariamente em uma única região do mundo, esse material é essencial para o funcionamento de… quase tudo o que consumimos e, em muitos casos, dependemos para várias coisas, de necessidades básicas até entretenimento. De consoles de videogame, smartphones e placas gráficas, passando por carros e maquinário industrial, até o funcionamento de painéis solares e moinhos de vento para energia eólica.
A crise de abastecimento está longe de acabar, com novos desdobramentos surgindo a cada dia e trazendo questões sobre distribuição, conflitos econômicos e impacto ambiental. Tudo isso, logicamente acabou virando pauta para os principais veículos econômicos, como a Fortune e o Financial Review. E eles até começam a chamar — e vender — os semicondutores como o “novo petróleo”.
O controle sobre a fabricação de semicondutores por empresas e os países que as sediam/financiam deve se tornar, nos próximos anos, um assunto central para a geopolítica e economia globalizada — especialmente se as tendências de desglobalização aumentarem com o tempo.
E, ao que tudo indica, o Brasil não está preparado para isso.