Review: PlayStation 5

Focado em aperfeiçoamentos, novo console da Sony é poderoso, veloz e familiar

Pedro Henrique Lutti Lippe Produtor do The Enemy
Divulgação/Sony
Divulgação/Sony

A singela progressão numérica dos nomes dos consoles de mesa da Sony parece sugerir algo que não é verdade. A trajetória da marca PlayStation não seguiu uma linha reta.

A transição do PlayStation original para o PlayStation 2, sim, fluiu de maneira bem natural. Os dois foram concebidos e vendidos como aparelhos multimídia, que rodavam jogos, mas também podiam desempenhar outras funções. O PS1 fazia jornada dupla como console e tocador de CDs, enquanto o PS2 foi o primeiro (e, em muitos casos, único) tocador de DVDs de milhões de pessoas pelo mundo. A maioria esmagadora dos PS2s até mesmo carregava uma cópia da CPU de seu predecessor dentro de si, em prol de uma retrocompatibilidade direta e sem complicações.

Mas então veio o PlayStation 3 – uma plataforma excessivamente complexa que saiu pela tangente com seu processador Cell, complicando as vidas dos desenvolvedores bem no meio do salto para a alta definição. As explicações traçadas em retrospecto variam: soberba? Medo de entediar os consumidores? Sede por inovação antes da hora? Seja qual tenha sido a razão por trás do tropeço, o sistema jogou fora muito do legado que seus dois predecessores haviam construído, e só renasceu após 3 anos nas costas de uma linha fortíssima de títulos exclusivos e uma campanha de marketing completamente repaginada.

Lições aprendidas, e a Sony entrou na geração passada apostando na simplicidade como seu maior trunfo. Frente ao Xbox One de Don Mattrick, que na época parecia mais preocupado com TV a cabo e futebol americano do que com games, o PlayStation 4 era apenas um console para jogos, que faria tudo o que os jogadores esperam de um console, e da maneira que eles esperam. E deu certo: enquanto a Microsoft precisou virar seus planos de cabeça para baixo para transformar o Xbox One no sistema que o público queria, a Sony passou os últimos 7 anos velejando com tranquilidade com os ventos que sopraram no início da geração.

Com o PlayStation 5 em mãos, é fácil perceber que a Sony se esforçou para criar um novo sistema que deseja estar para o PlayStation 4 da mesma maneira que o PS2 esteve para o PS1: um aperfeiçoamento da fórmula que já deu certo e tem tudo para continuar dando certo.

Design

O PlayStation 5 definitivamente não é um aparelho tímido.

Com um visual que lembra um arranha-céu emiradense quando está na vertical, e um museu de arte moderna na horizontal, o console usa suas curvas e formas peculiares para chamar a atenção e se destacar em meio a qualquer setup. Isso vale ainda mais para a versão do sistema que tem o drive de disco (a que foi testada pelo The Enemy), já que a presença da entrada para Blu-rays ainda acrescenta uma boa dose de assimetria ao aparelho.

Como já é tradição para o selo PlayStation, a equipe de design criou o PS5 deliberadamente tentando diferenciá-lo de seus predecessores, a fim de criar um visual único. Ainda que certos elementos do sistema remetam a modelos específicos do passado (seu acabamento lustroso da parte central traz à memória o PS3 original, por exemplo), o design claramente desempenha bem seu papel, criando uma nova identidade visual para a marca ao misturar preto e branco tanto no console em si como em seus acessórios.

Pelos discursos iniciais de Mark Cerny, feitos antes mesmo de conhecermos o visual final do console, a Sony parecia interessada em vender a ideia de que a missão de transformar o PS5 em um videogame silencioso foi um dos principais focos durante a fase de concepção do aparelho. Em nossos testes iniciais, pudemos atestar que o objetivo foi alcançado – com uma única ressalva.

Mesmo após várias horas consecutivas de uso, o PlayStation 5 é um videogame extremamente silencioso – especialmente em comparação com o PlayStation 4 Pro. Quase completamente envolto por entradas e saídas de ar, o PS5 parece ser a plataforma mais bem ventilada já produzida pela Sony. Aliada ao sistema de resfriamento por metal líquido, essa característica parece auxiliar o console também no quesito geração de ruídos.

É marcante, porém, o barulho gerado pela leitura de um novo jogo em disco. O ruído remete aos piores momentos do PS4, e serve como um contraste chocante para o silêncio do PS5 quando ele está rodando jogos digitais. Em geral, o som persiste por cerca de 10 segundos, e depois passa, retornando de maneira intermitente por alguns segundos durante a gameplay dependendo do jogo que está sendo acessado pelo disco.

Base obrigatória

Independentemente de como planeja encaixar seu PlayStation 5 em seu setup, você precisará utilizar a base circular que acompanha o aparelho para obter a estabilidade desejada. É um dos preços que a Sony (e o usuário final) pagam pelo design arrojado do aparelho.

A instalação da base é mais simples para quem planeja deixar o console na horizontal: basta alinhar suas hastes com as marcações na parte traseira do PS5 e pressionar até o fim. Para deixar o console de pé, porém, o usuário precisa remover uma pequena tampa na parte inferior do console e parafusar a base ao sistema (o parafuso vem dentro de um compartimento oculto dentro dela).

Não é como se fosse um processo árduo, mas é uma dor de cabeça a mais para usuários que têm o costume de carregar seus consoles de um cômodo para outro, ou então leva-los consigo em viagens ou para casas de amigos.

Em comparação com os concorrentes Xbox Series X e S, o PlayStation 5 é o que mais ocupa espaço. Os dois modelos do aparelho têm 39 cm de altura e 26 cm de comprimento, além de 10,4 cm de largura na edição com o drive de disco, ou 9,2 cm de largura na edição digital.

Apesar do tamanho, o sistema não é particularmente pesado: a edição com leitor de disco tem 4,5 kg, contra 3,9 kg da edição digital.

Lucas Cunha/The Enemy
Lucas Cunha/The Enemy

Pequenos e praticamente ocultos para quem olha de longe, os botões físicos de ligar e ejetar discos do PlayStation 5 ficam na mesma altura da entrada para discos na edição regular do sistema. Um pouco acima, a parte frontal do aparelho ainda abriga uma entrada USB Type-A 2.0, e outra USB Type-C 3.1 de 10 Gbps.

Já na parte traseira, de baixo para cima, o console dispõe de entradas para o cabo de força, para o cabo HDMI 2.1 (que acompanha o sistema e o torna compatível com TVs 4K 120 Hz e 8K) e para o cabo Ethernet. Duas interfaces USB Type-A 3.1 de 10 Gbps também ficam posicionadas atrás do console, que, por fim, tem também um espaço para a trava de segurança Kensington, para unidades do console que ficarem expostas em lojas e eventos.

Dentre as opções do console, há uma que permite manter a alimentação de energia para as portas USB traseiras funcionando mesmo quando o sistema está em modo de repouso – essencial para que o usuário consiga recarregar a bateria do DualSense após uma sessão de jogatina.

Assim como a maioria de seus predecessores, o PlayStation 5 tem uma fonte de alimentação bivolt interna. Da parte do usuário, cabe apenas conectar o cabo de força tradicional na tomada para suprir a energia necessária ao funcionamento do videogame.

Hardware

Ainda que fique abaixo do Xbox Series X nos números brutos de capacidade de processamento, o PlayStation 5 é poderoso o suficiente para representar um enorme salto em relação a todos os aparelhos da geração passada.

O processador personalizado de chip único do PlayStation 5 foi construído com base em tecnologias da AMD. A CPU é um chip de 7 nm x-86-64 com a arquitetura AMD Zen 2, que trabalha com oito núcleos distintos rodando a uma frequência variável máxima de 3,5 GHz.

Já a GPU tem como base a arquitetura AMD RDNA 2, e conta com 36 unidades computacionais com uma frequência variável com 2,23 GHz de teto. O chip é capaz de alcançar uma performance de 10,28 teraflops, e consegue aplicar efeitos de ray-tracing a nível de hardware.

Para funcionar, os processadores contam com 16 GB de memória GDDR6 SDRAM, que têm uma velocidade de banda de 448 GB/s. A lista de funcionalidades controladas pelos processadores ainda inclui um terminal Bluetooth 5.1 e frequências de Wi-Fi 6 (IEEE 802.11ax).

A fim de manter todos os componentes funcionando em harmonia, o sistema utiliza uma tecnologia batizada genericamente de ‘Boost Mode’, que incorpora a lógica do SmartShift da AMD, para manter seus processadores trabalhando em níveis idênticos de performance independentemente de variações em fatores como a temperatura do aparelho. A novidade, que depende dos chips trabalharem em frequências variáveis, garante aos desenvolvedores a estabilidade necessária para que eles criem jogos que tiram proveito de todo o poder teórico do aparelho, a todo instante.

Armazenamento

Ainda que as unidades de processamento do PlayStation 5 representem um enorme avanço em comparação com PS4 e PS4 Pro, o real salto de tecnologia presente no hardware fica a cargo da tecnologia de armazenamento do sistema. Ficam para trás os discos rígidos (HDDs), e entram em cena as unidades de estado sólido (SSDs), que são exponencialmente mais velozes.

O armazenamento interno do console foi construído de maneira personalizada, com vários coprocessadores funcionando paralelamente sob instruções de um controlador de memória flash. A velocidade nominal de transmissão do SSD do PS5 é de 5,5 GB/s – muito mais até mesmo do que os 2,4 GB/s do Xbox Series X. Em seu pico de performance, o videogame consegue processar até 22 GB/s de informações comprimidas.

A configuração faz do PlayStation 5 o console mais veloz já construído. Fizemos um teste simples: inicializamos o PS5 a partir de seu estado desligado (100% desligado, e não do modo de repouso) e abrimos Marvel’s Spider-Man: Miles Morales para cronometrar o tempo total necessário de espera. Exatos 40 segundos após ligar o console, já estávamos balançando pelo mundo aberto nas teias do Aranha.

Ligando o sistema a partir do modo de repouso, a espera é de apenas 27 segundos.

O espaço total de armazenamento disponível no sistema é 825 GB, dos quais 667,2 GB podem ser utilizados diretamente pelo usuário. O espaço restante fica reservado para o software do sistema. Não tem muito espaço para manobra: usuários que não investirem em expansões do SSD inevitavelmente precisarão começar a desinstalar jogos para colocar novos no lugar após algumas aquisições.

Felizmente, a redução do tamanho total dos jogos permitida pelo uso obrigatório do SSD já surte efeitos palpáveis. Até mesmo no caso de um jogo indie (cujo nome eu ainda não posso mencionar na data de publicação deste artigo), a versão de PS5 é menor do que o mesmo jogo no PS4: o download do PS5 ocupa 3,91 GB, e o do PS4, 5,30 GB, sendo que a versão para a geração passada não inclui texturas em 4K. A tendência é que jogos, em geral, ocupem menos espaço no PS5 do que no PS4.

Quem desejar expandir o espaço de armazenamento do PS5 tem duas opções. Uma delas é separar uma das tampas brancas do sistema para revelar o encaixe NVMe M.2 para SSDs, que possibilita o uso de qualquer SSD que ultrapasse um certo nível de performance (algo que o Series X, que usa um formato proprietário, não permite). A outra, voltada para quem tem jogos de PS4, é conectar um SSD ou HDD externo através de uma das portas USB 3.1 do sistema. Você pode até mesmo conectar o mesmo disco externo que já usa para o PS4 diretamente no PS5. Jogos de PS5 não podem rodar a partir de tais dispositivos, porém.

Controle

A real estrela do mundo do PlayStation 5 é o controle. Deixando para trás a ergonomia clássica da linha DualShock, que persistia quase inalterada desde 1997, a Sony resolveu jogar tudo para o alto e criar um novo controle, batizado de DualSense. Além do formato novo, o aparelho esconde sensores de movimento e motores vibratórios voltados para a função de feedback háptico, capaz de gerar centenas de sensações diferentes nas mãos do usuário.

Maior e mais pesado do que o DualShock 4, o DualSense é mais confortável de segurar e manusear, de maneira que os dedos ficam menos curvados. O controle tem um acabamento rugoso na parte traseira que evita que as mãos escorreguem, e a escolha por um formato de face menos acidentada faz com que o controle se assemelhe ao da revisão mais recente do controle do Xbox One em termos de sensação geral.

O DualSense tem apenas um botão novo em relação ao DualShock 4: o de desabilitar o microfone. Os demais foram mantidos em suas posições tradicionais, mas sofreram alterações. O direcional digital e os botões X, bola, triângulo e quadrado, por exemplo, são um pouco mais altos e arredondados do que os equivalentes no controle anterior, além de terem um acabamento translúcido. Os botões laterais L1 e R1 são mais espessos e mais angulares que os do DualShock 4, enquanto os gatilhos L2 e R2 ficaram maiores e ganharam resistência háptica variável – dependendo do contexto, eles podem ficar mais ou menos leves de apertar.

O touch pad também retorna, maior e com ângulos mais abertos, empurrando os botões Options e Create (o antigo Share) um pouco mais para os lados. O botão PlayStation agora tem a forma do logo da marca, em vez de ser circular – uma mudança que achei negativa, pois ele ficou um pouco menos intuitivo de apertar. Por fim, os direcionais analógicos mantiveram mais ou menos o mesmo formato, mas ganharam uma borracha mais áspera.

Experiência sensorial

A promessa da Sony de um controle capaz de gerar inúmeras sensações diferentes no usuário através do feedback háptico foi cumprida com louvor. Experimentar Astro’s Playroom com o DualSense pela primeira vez é uma experiência transformativa, que torna divertidas ações banais como fazer o robô protagonista andar sobre diferentes superfícies só para ver a diferença na resposta do controle. Além de vibrar e oferecer níveis diferentes de resistência dependendo do contexto, o controle também utiliza seus alto-falantes para tocar efeitos sonoros que reforçam as sensações desejadas.

Por conta de tudo o que ele carrega em suas entranhas, o DualSense parece ser o controle completo – a culminação de todos os avanços que o formato conquistou nas últimas décadas, incluindo as melhorias de resposta de clique para botões tradicionais e os sensores de movimento que começaram com o Wii.

Naturalmente, o uso de tais funções depende totalmente do jogo – nas mãos de desenvolvedores desinteressados, o DualSense não passa de mais um controle tradicional. Resta saber se estúdios além dos da própria Sony vão investir tempo para criar experiências sensoriais à altura do que pode ser visto em Astro’s Playroom.

O PlayStation 5 acompanha um cabo de alimentação para o DualSense, que deve ser conectado ao controle através de uma porta USB Type-C em sua parte superior. Do lado oposto, o periférico também tem uma entrada de áudio tradicional.

A bateria de íon-lítio integrada do DualSense tem 1.560 mAh de capacidade, e uma recarga completa parece durar entre 4 e 6 horas dependendo de quão intenso é o uso das funções de vibração do controle. Jogar Astro’s Playroom, por exemplo, que faz o controle vibrar a todo momento, consome mais da bateria do que Marvel’s Spider-Man: Miles Morales.

Aproveitando-se ou de cabos, ou da tecnologia Bluetooth, nossos testes mostraram que o DualSense é compatível com praticamente todos os jogos de PC que suportam o DualShock 4 (ainda que alguns títulos pareçam confundir alguns botões antes de uma configuração manual), além de dispositivos iOS e Android. Conseguimos até mesmo conectar o controle ao PlayStation 3, mas, curiosamente, não ao PlayStation 4.

Interface

A interface do PlayStation 5 é familiar o suficiente para fazer com que usuários do PlayStation 4 sintam-se em casa, mas diferente o suficiente para confundir os mesmos usuários veteranos de consoles da marca em um primeiro momento.

O menu de Início do PS5 é exatamente como você espera: jogos e aplicativos ficam dispostos na tela em uma sequência de ícones quadrados, com o que acessa a PlayStation Store mais à esquerda, e o que abre a Biblioteca de Jogos na extremidade oposta. Os demais ícones expostos no menu são os dos jogos e aplicativos utilizados mais recentemente; na medida em que outros games são abertos, os mais antigos ficam ocultos. Uma busca de texto permite que usuários que têm um catálogo muito extenso encontrem o que desejam com facilidade.

Jogos e aplicativos de mídia ficam separados em abas individuais.

A interface de troféus, por sua vez, mudou bastante: em vez de listar os objetivos na horizontal, como faziam todos os sistemas anteriores da Sony, os troféus agora aparecem na forma de cartões, dispostos na horizontal. É uma clara aproximação do que a Microsoft faz com as Conquistas no Xbox.

As notificações de troféus também estão menos intrusivas, e algumas delas têm até mesmo funções contextuais – como, por exemplo, mostrar uma barra de progresso para um troféu em que você precisa realizar uma determinada ação um certo número de vezes.

O PS5 também tem notificações similares para um sistema interno de leaderboards, que compara tempos e pontuações mais altas com usuários de todo o mundo a um nível de sistema.

Dito tudo isso, as reais diferenças na experiência da interface começam quando o usuário aperta o botão PlayStation, que convoca o Centro de Controle na parte inferior da tela. Acima, ficam enormes ícones chamados apenas de cartões, que mostram recursos e atividades relacionadas aos jogos e aplicativos disponíveis, dependendo do que você está fazendo no momento.

O recurso me causou bastante estranheza inicialmente, mas após alguns dias eu comecei a me acostumar com a novidade. Como tudo nos cartões é contextual, é comum abrir o menu atrás de algo específico e ter que passar por pelo menos uns três outros cartões que representam ações nas quais você não está interessado naquele momento – o que acaba sendo um pouco frustrante. Mas o sistema garante, e minha experiência comprova: se você quer fazer algo, a opção estará lá.

Se você tira uma captura de tela ou grava trechos de gameplay, por exemplo, é aqui que a opção de compartilhamento aparece. Caso você esteja tendo dificuldade com um objetivo em um jogo, os vídeos de dicas para usuários da PlayStation Plus também aparecem aqui. Troféus nos quais você progrediu recentemente, ou que podem ser obtidos nas redondezas de onde você se encontra em cada determinado momento no jogo, também aparecem nos cartões.

E já que falamos em capturas de gameplay, é importante ressaltar que o PlayStation 5 impressiona no aspecto: a qualquer momento de uma sessão, você pode pressionar o botão Create para tirar capturas de tela, ou então salvar vídeos de gameplay. A todo momento, o aparelho grava e armazena de maneira retroativa até uma hora de gameplay, que você pode editar rapidamente ou exportar na íntegra.

Abaixo dos cartões ficam dispostos 10 pequenos ícones com opções diversas. São eles:

Início: Retorna ao menu inicial do PS5;

Seletor: Permite que você troque rapidamente entre jogos e aplicativos abertos recentemente; como o PS4, o PS5 permite que você mantenha um jogo e um aplicativo de mídia rodando de uma só vez;

Game Base: Acesso às opções de Party e de amigos. É aqui que você vai para montar grupos e iniciar partidas multiplayer;

Músicas: Acesso ao Spotify, que pode ser integrado ao sistema;

Áudio: Controle rápido e detalhado de opções de áudio, como volume individual dos alto-falantes do controle e de diferentes formatos de mídia, além do equilíbrio entre o áudio do chat por voz e do jogo;

Mic: Controle rápido do microfone;

Acessórios: Acesso às configurações e informações de bateria de periféricos como controles e headsets;

Usuário: Acesso a opções como status online, menu de perfil, troféus e logout;

Energia: O botão por onde você pode colocar o PS5 em modo de repouso, ou então desligar e reiniciar o sistema.

O menu de configurações, por sua vez, segue o mesmo padrão visto no PlayStation 4: as opções surgem em uma lista simples, repleta de menus e sub-menus.

Nesta parte da interface, merecem destaque as novas opções de personalização de experiência de usuário. No PS5, cada jogador consegue estipular de antemão certas configurações universais para todos os jogos que ele acessa – coisas como nível de dificuldade, se o jogo rodará em modo de desempenho ou alta resolução, se os controles analógicos serão invertidos ou não (com modos separados para 1ª e 3ª pessoa), e até mesmo qual será o idioma padrão do jogo (com as duas opções sendo ‘Padrão do Jogo’ e ‘Igual ao Sistema’).

Compatibilidade com essas funções não é algo que a Sony considera obrigatório, então o uso depende de cada jogo individual – mas é uma adição interessante e prática.

Outra especificidade que merece menção é o fato de que, por algum motivo, não é possível transferir saves de jogos do formato PlayStation 5 para dispositivos USB, ainda que a função seja preservada para saves do PlayStation 4. No caso de jogos do PS5, a única opção de backup presente é a de armazenamento na nuvem através da assinatura PlayStation Plus.

Para quem leu a seção anterior do texto em que eu falei sobre o SSD do PlayStation 5, talvez isso fique subentendido, mas é importante deixar claro: tudo na interface do novo console é extremamente veloz. Praticamente todas as ações desempenhadas pelo sistema acontecem de maneira imediata. É uma novidade extremamente positiva, especialmente em relação ao PS4, que às vezes demorava vários segundos para carregar ações simples como o salvar uma captura de tela ou o apagar um save.

Por conta de estipulações do contrato de embargo assinado para review do aparelho, não podemos comentar detalhes sobre a loja do PS5 e nem a respeito de suas funções multimídia. Este review será atualizado após o lançamento oficial do console com nossas considerações sobre tais elementos da experiência de usuário.

Serviços

Apesar de não estar tão focada em serviços como a Microsoft e seu Game Pass, a Sony parece estar dando passos para transformar a PlayStation Plus – seu próprio plano de assinatura – em algo maior ao longo da nova geração.

O maior sinal disso é a maneira como assinantes PS Plus que compram o PS5 têm acesso imediato a um excelente catálogo de 18 jogos de PlayStation 4, que podem ser jogados sem custo adicional através da retrocompatibilidade. A lista inclui títulos aclamados como God of War, Uncharted 4: A Thief’s End e Bloodborne, além de favoritos de third-parties como Persona 5, Monster Hunter: World e Resident Evil 7.

A Sony ainda não esclareceu se continuará expandindo o catálogo ou se os jogos disponíveis no serviço serão rotacionados e substituídos por outros mais tarde, mas o conceito da função – batizada de PlayStation Plus Collection – remete ao início do Game Pass.

Divulgação/Sony
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Como na geração passada, a PlayStation Plus também garante alguns jogos que podem ser baixados e aproveitados na íntegra enquanto os usuários tiverem assinaturas ativas associadas às suas contas. A princípio, parece que o plano da Sony é oferecer dois novos jogos de PlayStation 4 e um de PlayStation 5 por mês através do benefício.

No Brasil, a PlayStation Plus pode ser assinada em planos recorrentes de 1, 3 ou 12 meses, que custam R$ 25,90, R$ 64,90 e R$ 149,90, respectivamente.

Nos EUA e em outras seletas partes do mundo, a Sony também oferece um outro serviço chamado PlayStation Now, que tem como foco o streaming de jogos para diversas plataformas. O catálogo inclui até mesmo títulos de PlayStation 3, mas ainda não existe no Brasil, e portanto não estava disponível para teste no nosso PS5.

A assinatura da PlayStation Plus continua sendo necessária para quem deseja acessar os modos online de jogos pagos, como FIFA ou Call of Duty. Títulos gratuitos para jogar como Fortnite não têm essa limitação, e podem ser aproveitados até por quem não é assinante. No PS5, a Plus ainda garante acesso ao novo benefício dos vídeos de ajuda, que podem ser acessados diretamente pelo Centro de Controle do console, e servem como uma espécie de detonado em vídeo criado pelos próprios desenvolvedores.

Jogos

Em termos de jogos, a transição entre gerações para usuários PlayStation está sendo um processo bem curioso e diferente do normal. Se em ocasiões anteriores era comum ver um console da Sony ser lançado ao lado de uma série de títulos exclusivos, agora a empresa aposta em jogos que rodam melhor no PS5, mas que também têm versões de PS4, a fim de não deixar ninguém para trás.

Com as exceções de Demon’s Souls e Astro’s Playroom, que só estão disponíveis para o PlayStation 5, a primeira leva de jogos de PS5 da Sony também tem versões para o velho console. São os casos de Marvel’s Spider-Man: Miles Morales, Sackboy: Uma Grande Aventura, e até mesmo de Horizon: Forbidden West, sequência que sequer tem data de lançamento estipulada até o momento.

Desta maneira, o PlayStation 5 parece focar, em um primeiro momento, em quem acha que já está na hora de deixar seu hardware de 2013 para trás. Sim: o novo Spider-Man roda no PlayStation 4 - mas no PS5 ele roda em 4K, ou a 60 quadros por segundo, com muito mais fidelidade gráfica e efeitos especiais, e sem telas de carregamento.

Até mesmo a existência da PlayStation Plus Collection parece indicar que a proposta inicial da Sony para o novo console é uma de continuidade: fazer o mesmo que já estava sendo feito antes, mas de maneira mais eficiente e melhor.

Em nossos testes, tivemos a chance de experimentar uma série de jogos de PlayStation 4 no PlayStation 5 através da retrocompatibilidade. Alguns títulos receberam atualizações que contemplam especificamente o novo hardware da Sony – God of War e Days Gone são dois exemplos –, e rodam no PS5 com a nitidez do 4K e uma performance muito superior àquela vista até mesmo no modelo Pro do PS4. E até mesmo jogos que não receberam atualizações específicas para o PS5, como Bloodborne, conseguem manter taxas de quadros por segundo mais altas e estáveis por conta da força do novo hardware. Telas de carregamento no geral também foram reduzidas drasticamente.

No que toca jogos inéditos, e especialmente em termos de funcionalidade, Astro’s Playroom (confira nosso review) é uma engenhosa demonstração de tudo o que o DualSense traz dentro de si, provando que o controle é uma clara melhoria em relação a todos os periféricos equivalentes que a Sony já havia criado em sua história.

Já em termos de gráficos, Marvel’s Spider-Man: Miles Morales (clique aqui para conferir o review) é um exemplo claro das melhorias possíveis em um sistema poderoso como o PS5, que é capaz, por exemplo, de fazer os cálculos necessários para aplicar ray-tracing em jogos a nível de hardware. E isso sem falar em como o game é um enorme mundo aberto que o PS5 consegue interpretar imediatamente, sem a necessidade de qualquer tela de carregamento.

Mas é certo: ainda vai demorar um tempo para que PlayStation 4 e Xbox One fiquem verdadeiramente para trás. Só então teremos vislumbres do que as novas máquinas são realmente capazes de fazer, com jogos construídos sem a necessidade de concessões para sistemas antigos.

Conclusão

Aperfeiçoamento. Essa é a palavra-chave que melhor descreve o PlayStation 5: um console que é melhor, mais poderoso e mais veloz que seu predecessor direto.

Com títulos de peso como novos Horizon, Gran Turismo, Ratchet & Clank e God of War já anunciados, a Sony não parece interessada em reduzir o foco em ofertas exclusivas; ao mesmo tempo em que third-parties não terão dificuldades em criar novas experiências para o sistema, que, diferente do PS3 lá atrás, utiliza uma arquitetura de desenvolvimento familiar e eficiente.

Com a intenção do trocadilho, a base do PlayStation 5 é sólida, e está pronta para todas as promessas que já estão no horizonte – que, com sorte e o apoio do novo SSD, chegarão rapidinho.

Publicado 06 de Novembro de 2020
Texto Pedro Henrique Lutti Lippe
Edição Bruno Silva e Victor Ferreira
Fotos e captação de imagem Lucas Cunha e Diego Queiroz
Edição de vídeo Marcelo Hernandes
Coordenação de vídeo Carol Costa
Head de Conteúdo Diego Assis