A singela progressão numérica dos nomes dos consoles de mesa da Sony parece sugerir algo que não é verdade. A trajetória da marca PlayStation não seguiu uma linha reta.
A transição do PlayStation original para o PlayStation 2, sim, fluiu de maneira bem natural. Os dois foram concebidos e vendidos como aparelhos multimídia, que rodavam jogos, mas também podiam desempenhar outras funções. O PS1 fazia jornada dupla como console e tocador de CDs, enquanto o PS2 foi o primeiro (e, em muitos casos, único) tocador de DVDs de milhões de pessoas pelo mundo. A maioria esmagadora dos PS2s até mesmo carregava uma cópia da CPU de seu predecessor dentro de si, em prol de uma retrocompatibilidade direta e sem complicações.
Mas então veio o PlayStation 3 – uma plataforma excessivamente complexa que saiu pela tangente com seu processador Cell, complicando as vidas dos desenvolvedores bem no meio do salto para a alta definição. As explicações traçadas em retrospecto variam: soberba? Medo de entediar os consumidores? Sede por inovação antes da hora? Seja qual tenha sido a razão por trás do tropeço, o sistema jogou fora muito do legado que seus dois predecessores haviam construído, e só renasceu após 3 anos nas costas de uma linha fortíssima de títulos exclusivos e uma campanha de marketing completamente repaginada.
Lições aprendidas, e a Sony entrou na geração passada apostando na simplicidade como seu maior trunfo. Frente ao Xbox One de Don Mattrick, que na época parecia mais preocupado com TV a cabo e futebol americano do que com games, o PlayStation 4 era apenas um console para jogos, que faria tudo o que os jogadores esperam de um console, e da maneira que eles esperam. E deu certo: enquanto a Microsoft precisou virar seus planos de cabeça para baixo para transformar o Xbox One no sistema que o público queria, a Sony passou os últimos 7 anos velejando com tranquilidade com os ventos que sopraram no início da geração.
Com o PlayStation 5 em mãos, é fácil perceber que a Sony se esforçou para criar um novo sistema que deseja estar para o PlayStation 4 da mesma maneira que o PS2 esteve para o PS1: um aperfeiçoamento da fórmula que já deu certo e tem tudo para continuar dando certo.