É curioso, mas de certa forma eu só consegui realmente apreciar meu tempo com Doom Eternal em retrospecto, enquanto assistia ao bruto do vídeo de gameplay que você pode conferir logo abaixo.

Ao rever a hora de vídeo gravada - limitada, por pedido da publisher Bethesda, para apenas 15 minutos, ideal para esconder os fracassos e mortes patéticas -, consegui analisar melhor o que fiz de certo e errado nos combates, que tipo de armas e modificações seriam ideais para cada inimigo, quando saber a hora de avançar e recuar (fugir jamais).

Em segunda análise, também posso dizer que desmembrar demônios é satisfatório pra caralho.

(Confie, o screen tearing é mais um problema da placa de captura)

À convite da Bethesda, tive a chance de testar a sequência do aclamado reboot que revitalizou a franquia para novas plataformas e um novo público, e a impressão inicial é de Doom Eternal é mais e melhor do que seu predecessor oferecia, com mais oportunidades de customizar sua experiência para jogar ao seu estilo.

O game segue os eventos do Doom de 2016, colocando o jogador novamente no papel do Doom Slayer (também popularmente conhecido como “Doomguy”, sendo até chamado assim dentro do game), que agora tem a missão de salvar o planeta Terra das forças do Inferno.

A narrativa central, como os próprios desenvolvedores assumem, tem inspiração no clássico Doom II: Hell on Earth - mas com suas próprias peculiaridades.

O início não revela como o herói conseguiu sair de sua prisão no final do jogo anterior, mas flashbacks e referências indicam que isso deve ser explorado em algum momento da história. O importante é que ele está de volta, e pretende libertar a Terra de influências do Inferno do melhor jeito que sabe: destroçando todo e qualquer demônio que encontrar pelo caminho.

E agora ele tem seu próprio lar! Como visto no trailer, Doomguy agora tem uma fortaleza voadora que sobrevoa o planeta, que serve como base de operações e hub para o jogador.

Neste QG, o jogador pode acessar novas áreas ou repetir fases já completadas via portais, com direito a modificadores e cheats encontrados pelo caminho. E, pelo que deu para ver, o lugar tem mais mistérios para se desvendar.

“Queríamos um hub para que o jogador pudesse ir para diferentes lugares e dimensões”, explicou o diretor criativo, Hugo Martin, ao The Enemy. “Você não vai ver tudo de uma vez, mas ele expande muito, e está lá para progressão, para nos dar uma forma de conectar com diferentes locais facilmente e se encaixe com a ficção e o universo.”

E realmente, embora o game tenha início na Terra, já na fase seguinte nos encontramos em um planeta completamente diferente, que parece ter alguma ligação com o passado e origens do Doom Slayer.

“O que eu adoro sobre [o jogo] é que a Terra é visitada algumas vezes, e é super bem representada - todo o jogo é sobre salvar a Terra -, mas você pode ir para alguns lugares... inacreditáveis!”, explica, animado, o chefe da id Software e produtor executivo, Marty Stratton. “Queríamos levar os jogadores a mais lugares fantásticos, até mais do que eles esperariam encontrar.”

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Bethesda Softworks/Divulgação

Ao explorar as fases, o jogador não só terá chance de encontrar segredos como o do game anterior - bonequinhos, armaduras, etc. - como documentos que dão mais informações sobre o universo e seus heróis e vilões.

Como os desenvolvedores deram a entender, porém, o jogador pode escolher entre explorar este universo… ou largar mão de tudo isso e só focar na aniquilação das forças do Inferno.

E Doom Eternal dá ampla oportunidade para o jogador encontrar as formas mais brutais e variadas de matar demônios.

Em sua base, a ação do jogo não mudou significativamente de seu predecessor: atire nos seus inimigos até eles morrerem. Caso fiquem atordoados, use as Execuções Gloriosas para recuperar energia; se estiver sem balas, use a motosserra em algum desavisado para ganhar munição; e agora, um lança-chamas para ganhar pedaços de armadura, dando uma proteção extra contra inimigos.

Aliás, a faca do Slayer, acoplada a sua armadura, oferece oportunidades de mortes ainda mais especiais do que a do game anterior.

Armas tem modificações especiais, que podem ser trocadas a qualquer momento com o pressionar de um botão ou tecla, sendo possível mudar rapidamente a habilidade extra da escopeta de um lança-granadas para uma mini-metralhadora e vice-versa.

Agora, porém, inimigos têm pontos fracos mais específicos e importantes para o jogador explorar. Como é possível ver no vídeo de gameplay, Cacodemônios ficam vulneráveis ao abrir a boca, sendo possível jogar granadas para atordoá-los; Arachnotrons, enquanto isso, podem ter seu canhão desativado com um tiro de rifle ou via lança-granadas.

(O Codex do menu, incidentalmente, lista as fraquezas de cada tipo de inimigo, para facilitar a vida do jogador)

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Bethesda Softworks/Divulgação

Além disso, as Runas estão de volta, e com um efeito muito mais notável do que no jogo anterior: ao encontrá-las no mapa, é possível desbloquear certas habilidades passivas ou ativas.

Por exemplo, como no game de 2016, há uma runa para ganhar velocidade a cada Execução Gloriosa, mas o efeito em Eternal é muito mais impactante, com efeitos na interface e uma sensação de velocidade muito mais intensa do anteriormente.

A outra habilidade encontrada neste início de jogo foi o Dash, que faz com que nosso herói salte por grandes distâncias rapidamente, e que pode ser utilizado tanto durante o combate, indo de lado para outro das arenas, quanto nas travessias e solução de quebra-cabeças, que parecem ter ganhado ainda mais destaque na sequência.

Em conjunto, tudo isso dá ao jogador um leque de possibilidades de como lidar com cada batalha, pensar em cada passo e movimento em uma fração de segundo para eliminar seus oponentes da forma mais efetiva.

Não nego ser pretensioso, mas acho que a comparação a uma valsa no título é bem apta: há um ritmo, uma vibração, uma dança presente nas situações de combate, em que o jogador tem como principal objetivo chegar o mais perto do seu inimigo para dar o golpe final. Os passos e golpes são essencialmente os mesmos em todas as situações, mas ainda há espaço para improvisação.

Mas, ao invés de Mozart ou um compositor semelhante, você está "dançando" ao som das batidas explosivas e infernais da trilha sonora de Mick Gordon.

Quanto ao aspecto técnico, o game parece rodar incrivelmente bem no PC usado para o teste, mas o mais curioso foi algo que Stratton revelou antes do teste em si: o game roda em resolução 4K e 60 fps no PS4 Pro e Xbox One X.

“Temos um time inteiro de tecnologistas que tem um nível de paixão e energia para fazer o jogo mais rápido e impressionante no planeta”, disse o produtor em entrevista. “E eles são incansáveis. Assim como nosso time criativo é incansável no lado criativo, eles são do lado técnico.”

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Marty Stratton e Hugo Martin

Victor Ferreira/The Enemy

Minha maior tristeza ao fim do teste foi o simples fato de não poder jogar mais ou ter a chance de explorar mais do mundo do game, e isso só aumentou conforme revi a captura de gameplay e o trailer mais recente.

Por isso mesmo, a este ponto minha maior vontade é que 20 de março chegue logo, para descobrir o que mais o Doom Slayer tem a oferecer nesta nova aventura. E, assim como seu predecessor, Doom Eternal terá dublagem e legendas em português do Brasil, de acordo com a Bethesda.

  • Lançamento

    20.03.2020

  • Publicadora

    Bethesda

  • Desenvolvedora

    id Software

  • Gênero

    Tiro