E3 2017 veio e passou. Jogos foram anunciados, trailers foram divulgados e datas de lançamento foram confirmadas. Agora, os planos da NintendoSony Microsoft para o fim de 2017 são públicos, e, com isso, podemos avaliar qual das três fabricantes está posicionada para ter um final de ano superior às concorrentes.

Cada uma das três principais marcas do mundo dos games entra no segundo semestre com desafios e estratégias diferentes. Enquanto algumas precisam manter seu hardware vivo, outras surfam (ou surfarão) na onda de um produto novo no mercado. Alguns dos jogos mais importantes de 2017 ainda estão a caminho, assim como os alguns dos grandes blockbusters do ano, como Call of Duty e Destiny. Aconteça o que acontecer, nós teremos uma ótima reta final para um já excelente ano.

Então vamos lá:

Sony (o seu tio rico)

A atual líder do mercado entra no fim de 2017, mais uma vez, sem grandes exclusivos. Sim, Gran Turismo Sport (se não for adiado novamente) chega no último trimestre, mas é difícil imaginar que a franquia, já cansada e ultrapassada por concorrentes como Forza Motorsport (que tem um novo jogo este ano) e Project CARS, terá o mesmo peso que a época do PlayStation 2. Pelo quarto ano consecutivo, a fabricante do PlayStation 4 vai viver de parcerias comerciais no segundo semestre.

Desde 2014, a Sony segue a mesma estratégia. Ela lança seus principais exclusivos - inFamous: Second SonBloodborneUncharted 4: A Thief's End Horizon Zero Dawn - no primeiro semestre, algo que deve se repetir em 2018, e guarda a segunda metade do ano para seus principais contratos third-party. Call of Duty: WWIIDestiny 2Star Wars: Battlefront II FIFA 18, as quatro maiores marcas dos games com lançamentos marcados para 2017, têm parcerias fechadas com a Sony em publicidades e conteúdos exclusivos de DLC. Isso significa que todo trailer, propaganda e pôster destes jogos serão acompanhados do nome "PlayStation 4." As pessoas vão pensar neste console quando pensarem nesses jogos.

Você pode estar pensando: isso é meio chato, não? É, mas ao mesmo tempo, não podemos negar a eficácia desse plano. Ele têm sido colocado em prática repetidas vezes, e o PlayStation 4 continua dominando a geração atual em termos de vendas sem grandes problemas. A inteligencia dessa estratégia se encontra no fato de que, independente dos jogos que a Sony, Microsoft e Nintendo lancem no fim de ano, os multiplataformas sempre serão os mais vendidos, e dessa forma, a Sony garante que o PS4 seja a plataforma onde mais cópias dos games listados acima são vendidas.

Apesar de essenciais, os consoles não são onde as empresas de games lucram. Hardware muitas vezes é vendido no prejuízo, e mesmo quando isso deixa de ser verdade, é no software que o lucro realmente se encontra. Com o Nintendo Switch em força total e o Xbox One X cada vez mais próximo, é improvável que o PlayStation 4 domine o topo do NPD todo mês, mas à essa altura do campeonato, ela pode se dar o luxo de passar por isso. E nunca se sabe, talvez os bundles de console + CoD, FIFA, Destiny ou Star Wars sejam suficientes para encarar a temporada de feriados como Natal e Black Friday. Esses são, afinal de contas, os jogos que até pessoas fora da bolha dos games compram.

Microsoft (seu tio que tem um carrão)

Pela segunda vez em menos de cinco anos, a Microsoft vai enfrentar o enorme desafio de lançar um novo console no mercado. O Xbox One X é, de longe, o hardware mais poderoso entre as três fabricantes, mas se você tem prestado atenção nas vendas de consoles da Nintendo, como o Wii e Switch, pode perceber que poder de fogo nem sempre é tudo. Phil Spencer e sua turma entram no fim de ano equipados de Forza Motorsport 7 (um gigante dentro de um nicho), Crackdown 3 (que tem seus fãs, mas todos já dentro do ecossistema Xbox) e uma grande parceria de publicidade com Assassin's Creed Origins, o que é importante, mas que não tem o mesmo alcance das que a Sony tem.

Se as expectativas da Microsoft são que o Xbox One X vai vender com a mesma força de o começo de uma nova geração, então ela correrá um grande risco esse ano. O Xbox One X vai ser a prova final do quanto o consumidor de console se importa com as especificações técnicas de hardware (e eu aposto que a resposta é: não muito), mas, por outro lado, é o único hardware novo que chega ao mercado no fim de ano.

Isso significa que qualquer mãe que entrar numa Best Buy da vida e perguntar "qual o videogame mais novo?" vai receber o Xbox One X. Isso parece simples e até idiota, mas a grande maioria das vendas de consoles nos principais mercados vêm de pessoas geralmente apelidadas de "casuais". Gente que passa o ano todo com dois ou três jogos, como FIFA (ou Madden/NBA 2K nos EUA), Call of Duty e GTA V, que nunca para de vender.

Se a Microsoft quer alcançar os números da Sony, o que é difícil, mas não impossível - a própria Sony fez isso na geração PS3/360 - então esse é o seu maior trunfo. Novo hardware sempre traz um novo gás para a indústria, e neste fim de ano, em meio a Black Friday, Natal e todas as outras datas importantes para o varejo, ela é a única das três fabricantes com um lançamento grande. Por mais que os contratos de publicidade sejam uma força a favor do PlayStation 4, é preciso lembrar que todos maiores blockbusters do segundo semestre também vão sair no Xbox. Os comerciais ajudam, mas o único fator que afeta, diretamente, a vendas, são bundles.

Nesse sentido, não há muito o que a Microsoft pode fazer. Não teremos bundles com o Xbox One X + Call of Duty: WWII, mas isso não significa que a Microsoft não pode contra-atacar com uma promoção Xbox One X + Forza 7 + Madden NFL/Assassin's Creed. Esses pacotes raramente ganham a atenção em sites especializados porque o público que acompanha diariamente a indústria já tem um console e dificilmente os compram, mas para os "casuais", eles são formas simples de comprar tudo que eles precisam (ou que seus sobrinhos querem de Natal).

O Xbox One X é um ponto de interrogação enorme. Ele pode ser um sucesso a longo prazo, mas seu lançamento não vem acompanhado de muitos pesos-pesados. Resta a Microsoft provar que a aposta na frase "o console mais poderoso já feito" não foi em vão.

Nintendo (o tio que te diverte há anos)

Lembram em 2015 quando a Nintendo estava lá atrás com o Wii U? Os tempos mudaram, e das três fabricantes, nenhuma entra na reta final de 2017 com mais cartas na manga que a Big N. O Nintendo Switch é um sucesso total. As unidades do console são vendidas mais rápido do que a Nintendo consegue enviar para as lojas (algo que certamente mudará quando a temporada de compras do fim de ano chegar), e parece que todo mundo quer um.

O Switch ainda não tem o mesmo alcance que o PS4 ou o Xbox One, mas o marketing da Nintendo para seu novo console está cada vez maior (o lançamento foi acompanhado de um comercial do Super Bowl, por exemplo), então cada vez mais pessoas vão ouvir falar da plataforma nos próximos seis meses. O fato de o aparelho ter sido lançado no começo do ano, ao contrário do Xbox One X, por exemplo, também é um fator importante. A Nintendo pode fazer bundles com The Legend of Zelda: Breath of The WildMario Kart 8 Deluxe enquanto coloca um desconto de força no hardware.

Para completar, o Switch tem um bom catálogo de lançamento para o fim do ano. O único multiplataforma de peso que será lançado nele é FIFA 18, mas Super Mario OdysseyXenoblade Chronicles 2Mario + Rabbids: Kingdom Battle Splatoon 2 significam que, dos três consoles atuais, ele é o que tem o melhor catálogo de exclusivos no segundo semestre. Para completar, em agosto sai a versão do Switch de Monster Hunter XX, uma das franquias mais poderosas em termos de popularidade e vendas no Japão.

O 3DS terá um final de ano mais quieto, liderado pelas novas versões de Pokémon Sun & Moon e (surpresa) um novo Metroid. São bons jogos, mas que devem movimentar mais vendas de software do que de hardware. Para uma plataforma de seis anos de idade e 66 milhões de unidades vendidas, isso é mais do que suficiente.

Finalmente, temos uma wildcard. A Nintendo pode terminar 2017 lançando o SNES Classic Mini. Certo, é uma nova versão de um console muito antigo, mas o relançamento do Nintendinho ano passado provou que existem algumas milhões de pessoas que estão dispostas a depositar US$ 60 nisso. Não é um peso-pesado, mas ainda é um novo hardware chegando ao mercado, algo que a Sony não tem.

Concluindo:

  • Quem vai vender mais jogos: Sony
  • Quem vai vender mais consoles: Microsoft
  • Quem vai superar as expectativas: Nintendo

Vai ser um bom fim de ano.