No ano passado, a LG resolveu fazer uma experimentação com o G5 trazendo seu primeiro smartphone modular: para quem não lembra, a parte inferior do celular se desconectava e permitia encaixar módulos diferentes de áudio e câmera – uma ideia bem interessante, mas que na prática não foi para frente, já que além de caros, os mods eram pouco práticos e exigiam que você desligasse e ligasse a aparelho sempre que fosse instalar um novo acessório. 

Não ajudou em nada o fato da empresa também ter trazido para o Brasil uma versão nerfada do G5, o G5 SE, com um hardware menos potente do que o do flagship lançado em outros países. 

Doze meses depois, a LG parece ter aprendido a lição com a aventura desastrosa do G5 e apostou em um retorno às origens com o G6? um smartphone simples, bem acabado e com bom hardware – faltou apenas o bom preço para acompanhar.

Construção e Display

Gabriel Pereira/The Enemy

Diferente do G5, que tinha um acabamento estranho que deixou muita gente achando que ele tinha construção em plástico, o G6 tem cara de flagship: um corpo unibody, vidro Corning Gorilla Glass 3 na frente, vidro Gorilla Glass 5 atrás e bordas de metal. 

Completamente reto na frente e levemente curvado nas bordas na parte traseira, o G6 é confortável na mão, com 163 gramas e 7,9 mm de espessura. Vale lembrar que ele traz certificação IP68, o que significa resistência à poeira e à imersão na água por até 30 minutos e até 1,5 m de profundidade. 

Na parte de cima temos a entrada de fones, à direita a gaveta híbrida que permite dois chips ou um chip + cartão MicroSD de até 256 GB, à esquerda os botões de volume e, na parte de baixo, a entrada USB-C e uma saída de áudio, que apesar de uma boa qualidade, fica naquele fatídico lugar que bloqueia o som quando você segura o celular na horizontal.

Passando para o display, que é a grande novidade do G6, temos uma LG que continua apostando em uma tela IPS LCD, com a mesma resolução Quad HD (1440 x 2880 pixels) que trouxe no G5, mas um degrau acima na qualidade. O G6 entrega uma tela com cores vívidas, bons ângulos de visualização e brilho – até embaixo do Sol. 

Falando em brilho, o G6 é o primeiro da LG a trazer a HDR10, uma tecnologia que entrega mais brilho no display, e também a Dolby Vision, um padrão premium que ainda não é amplamente adotado no mercado, mas traz uma qualidade substancialmente melhor de imagem.

Gabriel Pereira/The Enemy

O verdadeiro destaque do G6, no entanto, está na proporção 18:9 da tela, que na prática significa que a tela do dispositivo pode ser dividida ao meio, em dois quadrados iguais. A vantagem disso é que o G6 parece bem mais compacto do que outros smartphones com display de 5,7 polegadas, com uma tela um pouco mais alta do que a média. É ótimo para leitura de conteúdo e também ajuda bastante na divisão da tela para uso de dois apps de cada vez. 

Mas isso pode trazer alguns problemas no dia-a-dia. No meu caso, eu não sou um cara grande e também não tenho uma mão grande, então o topo da tela do G6 é uma área difícil de atingir com uma mão só. Puxar a aba de notificações é uma missão que exige algum malabarismo perigoso.

Outro ponto negativo: é verdade que ainda nem todos os aplicativos Android estão adaptados para a razão de 18:9, o que significa que você pode acabar vendo um app ou outro mal posicionado na tela. Isso é particularmente perceptível em alguns conteúdos de vídeo, que podem ficar com barrinhas laterais para encaixar a imagem no padrão 2:1.

Para qualquer problema nesse sentido, no entanto, há um menu de configurações dedicado a proporção dos apps, o que acaba resolvendo grande parte dos problemas. 

A dúvida que fica é se esse será um novo padrão da indústria para o futuro, deixando de lado o atual modelo 16:9 para promover o 18:9. A LG já sugeriu que gostaria de levar esse padrão para seus smartphones intermediários. E a Samsung também já trouxe uma proporção maior nos Galaxy S8 e Galaxy S8+, mas até os consumidores darem seu veredito, não podemos ter certeza se essa tela do G6 foi uma verdadeira inovação ou só uma novidade.

Hardware e Software

A gente já chegou naquele ponto da indústria em que os smartphones premium não trazem diferenças absurdas de hardware entre si – e todos aguentam bem o tranco de um usuário normal com um smartphone na mão em seu dia-a-dia. 

No G6, o processador é o Snapdragon 821, que não é o mais flagship mais recente da Qualcomm, mas, honestamente, isso só vai fazer a diferença no longo prazo. O G6 tem uma performance suave e fluida, sem nenhum engasgo digno de nota – mesmo em games recentes e com uma exigência gráfica pesada. Nos nossos testes, o smartphone conseguiu uma pontuação de 141232 no Benchmark AnTuTu, colocando-o pouco atrás do iPhone 6S Plus.

Completam o hardware do celular os 4 GB de memória RAM e 32 GB de armazenamento interno – expansíveis com via cartão microSD. 

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No LG G6 nós temos o Android 7.0 Nougat com a customização da LG, que não é muito poluída, mas tem algumas animações duvidosas – como o borrão que acontece quando você arrasta uma página para o lado. A customização também retira o botão de menu, o que não é muito simpático. Para quem não gosta da ideia, no entanto, é só baixar um novo launcher – a própria LG tem launchers alternativos.

Câmeras e Leitor Biométrico

Volta aqui uma dupla de câmeras, assim como a LG já trouxe no G5 e também no V20, mas com melhorias. A começar pelo fato de que (que bom!) não há mais um calombo do módulo das câmeras, o que deixa o G6 bem repousado sobre superfícies retas. 

As duas câmeras têm 13 megapixels, mas se diferenciam na abertura – uma lente normal e uma grande angular, que dá um efeito de olho de peixe às fotos. A grande angular, particularmente, foi a que mais evoluiu em relação à equivalente dos dispositivos anteriores, já que G5 ela tinha apenas 8 megapixels, e agora faz imagens com cores mais vibrantes.

A LG também aproveitou a ideia do 19:8 com algumas customizações de software, como esse modo que permite visualizar fotos tiradas automaticamente e já deixá-las prontas para o Instagram. A câmera frontal, por sua vez, tem abertura f/2.2  e 5 megapixels.

Logo abaixo das câmeras traseiras está o botão home/leitor de digitais. Ele é de fácil alcançar, mesmo com uma mão pequena, mas não é o lugar ideal: para mim, o smartphone fica a maior parte do tempo em cima de uma mesa, deixando o botão virado para baixo e inacessível para uma conferida rápida de notificações.

Gabriel Pereira/The Enemy

Bateria

A bateria é outra das grandes diferenças entre o G6 e seu antecessor. Como já falei lá no começo, ficou para trás a ideia de um smartphone modular e, com isso, perdemos a bateria removível do G5 – uma tendência que há alguns anos já está perdendo espaço em novos smartphones de topo de linha. 

Mas, com 3300 mAh de carga, o G6 entrega uma boa duração. Ele foi meu smartphone principal para o dia-a-dia de trabalho durante uma semana inteira e oferece uma experiência semelhante a outros Android de topo de linha da atualidade – um dia inteiro de uso sem problemas, mas não muito além disso. Ajuda aqui o Quick Charge 3.0, que dá um boost agradável de 50% de bateria em 30 min.

Conclusão 

Gabriel Pereira/The Enemy

O G6 coloca a LG de volta na disputa com um senhor smartphone de topo de linha, com boa construção, boa tela, ótimas câmeras e software sólido. Fazia algum tempo que a LG não entregava algo tão bom quanto este smartphone. 

Mas temos um problema aqui. Aquele problema citado lá no alto do texto. O G6 chegou ao Brasil por R$ 3.999, batendo de frente no preço do Galaxy S8 e um valor alto para o mercado nacional. Ou seja: fica difícil a recomendação. Ele é um ótimo aparelho, mas na faixa de preço que foi lançado, existem outras opções melhores em hardware, display, câmera.

Então, talvez aguardar uma boa queda no preço seja uma boa ideia antes de investir na LG.

Nota do crítico