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Jogamos: Campanha de Halo Infinite mistura familiar com novo em mundo aberto

O Master Chief continua o mesmo — ele só tem alguns brinquedos novos no arsenal

Por Victor Ferreira 19.11.2021 07H58

Algumas coisas se beneficiam com um pouco mais de tempo no forno, e em 2021 talvez nada demonstre isso melhor (de uma forma positiva, ao menos) do que a campanha de Halo Infinite, cuja péssima impressão inicial levou a um atraso de mais de um ano — e a 343 Industries parece ter usado bem este tempo para afinar as coisas, a julgar pelas suas primeiras horas de jogo.

The Enemy teve a chance de testar uma prévia da campanha do novo game da série — o multiplayer já está disponível, é claro — e a impressão, após jogar algumas missões principais e conteúdos extras, é que o estúdio conseguiu encontrar um equilíbrio entre o que estamos acostumados com uma experiência de Halo, mas em um novo contexto de mundo aberto e a inclusão de alguns elementos novos e cruciais para a experiência.

Para ser justo, não é uma transição tão inesperada: os jogos anteriores de Halo, apesar de serem majoritariamente lineares e divididos entre fases/capítulos, sempre aproveitou de grandes áreas e espaços abertos para missões e combates, e a Bungie até experimentou com um hub de mundo aberto em Halo 3: ODST.

Mas a escala aqui, mesmo nas horas iniciais, é significativamente maior, embora o jogo leve algum tempo para expandir seus horizontes. As primeiras missões seguem o padrão anterior da série, com combates em corredores — às vezes largos, às vezes estreitos — de naves e instalações Forerunner.

Esse tempo é gasto tanto para reapresentar o Master Chief em toda sua glória estóica, como também duas novas figuras que devem acompanhá-lo nesta nova missão: o piloto de Pelican visto no trailer de revelação do jogo, que talvez seja a figura mais realista da série ao querer fugir da treta logo de cara; e Arma, uma Inteligência Artificial que parece servir o mesmo papel de Cortana como apoio ao Chief, mas tendo uma personalidade significativamente diferente de sua predecessora.

Xbox/Divulgação
Xbox/Divulgação

Há também tempo para apresentar algumas das novas mecânicas e equipamentos à disposição do jogador, com o destaque especial indo para o arpéu que Chief tem no seu braço, capaz de puxá-lo para terrenos mais altos (ou baixos) e se prender em inimigos para deixar o SPARTAN mais próximo de seu alvo.

(Isso sem falar que agora é possível recarregar armas de plasma, o que até onde eu lembro não era possível salvo raras exceções... certo?)

O combate, porém, mantém muito da essência dos jogos clássicos da série, com os diferentes tipos de arma sendo úteis para situações específicas, e os sons e vibrações satisfatórios ao apertar o gatilho, seja de metralhadoras da humanidade até as carabinas de plasma alienígenas.

Apenas após Master Chief e sua nova trupe sair das fundações do Zeta Halo é que somos apresentados ao mundo aberto expansivo no qual este novo anel é composto, assim como os objetivos principais e secundários para a aventura.

Em Halo Infinite, o conflito principal envolve uma guerra de atrito entre os humanos do UNSC e os Banidos, facção alienígena separatista dos Covenant e que tem como líder militar e ideológico o Brute Atriox — embora seu principal alvo no momento seja outro membro da mesma raça, Escharum.

Como é de praxe nesses jogos, as coisas iam de mal a pior antes da chegada de sua chegada ao campo de batalha, mas agora a humanidade conta com John-117 para a virada da maré.

Há missões e objetivos principais a serem cumpridos, mas (ao menos pela minha impressão) Halo Infinite parece ser definido pelo domínio de território do mapa, com o jogador tomando ponto de controle a ponto de controle, dando mais espaço para o UNSC e expulsando e reduzindo o espaço dos Banidos.

Isso parece ser reforçado com o próprio level design e posicionamento das missões principais: para chegar a uma Torre que conta com informações valiosas, é preciso atravessar um território que conta com várias bases operacionais dos Banidos, praticamente convida jogadores a invadir e tomar elas para si.

Ao tomar essas bases, o jogador pode usar sua interface para mudar seu arsenal e pedir novos veículos, entregues pelo Pelican e seu piloto não tão intrépido assim, além de poder recrutar soldados humanos para se aventurar pelos terrenos do Zeta Halo — seja à pé ou com um Warthog de plantão.

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Não só isso, tomar essas bases revela objetivos secundários, que vão desde núcleos de Spartan que servem para fazer upgrades a seus equipamentos (quer que o arpéu dê choques e atordoe inimigos? Procure essas coisas), torres de propaganda com mensagens dos Banidos e até itens cosméticos que podem ser usados para seu personagem no multiplayer.

A exploração também é recompensada de diferentes formas: encontre um esquadrão preso ou sendo atacado por inimigos, e é possível resgatá-los e recrutá-los, sem falar em usar seu equipamento; há também alvos especiais que o jogador pode caçar, que incluem figuras que vão desde um Grunt particularmente sádico a um Elite furtivo — e, caso os elimine, recebe suas armas especiais, que podem ser infinitamente replicadas nas bases operacionais.

Há também diversos logs de áudio, que mostram mais desde a cultura dos Banidos até o que rolou entre os eventos de Halo 5 e Infinite.

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Ainda falando nisso, o sistema de progressão não me agradou tanto, já que novas armas e veículos são desbloqueados conforme o jogador ganha pontos de "Bravura" ao completar objetivos principais e secundários. A liberação desses equipamentos, porém, me pareceu um tanto arbitrária e deliberadamente longa, tendo que ralar por horas e cumprir vários e vários objetivos secundários para desbloquear meu amado Battle Rifle no arsenal.

Quanto às armas, a 343 pegou o sistema da qual jogadores veteranos estão acostumados incluiu ainda mais diferentes tipos de munição para armas, incluindo rajadas de choque até mesmo feixes de luz.

Isso dá uma variedade boa para o combate, mas admito que logo voltei a apostar no seguro/favorito com a combinação de Battle Rifle e carabina de plasma para o combate.

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Ainda é difícil saber para onde a narrativa vai com base nessas primeiras horas, mas ao que tudo indica a 343 quer tentar criar algo convidativo a um público novo sem perder o histórico e eventos anteriores da série.

Há mistérios como o papel de Cortana e Atriox nessa nova fase, assim como os objetivos dos Banidos no Zeta Halo, que parecem ganhar contornos e pistas nos áudios encontrados pelo mapa, mas ainda sem maiores detalhes concretos.

Após testar essas primeiras horas, é possível ver que o mundo aberto de Halo Infinite, apesar de não ser uma mudança radical no nível de Zelda: Breath of the Wild, traz sua própria revitalização para a série.

As dúvidas agora ficam em relação à direção em que a narrativa deve seguir, e se esse mundo aberto é capaz de prender a atenção por dezenas de horas, como a experiência parece indicar.

Xbox/Divulgação

A campanha de Halo Infinite chega em 8 de dezembro ao Xbox One, Xbox Series X|S e PC.