Anunciada em novembro, a Copa Libertadores da América finalmente chegará ao FIFA 20 no dia 3 de março. A atualização traz novos visuais, elementos que remetem ao futebol sulamericano e uma série de outras novidades bem-vindas, mas possui um grande porém no que diz respeito aos times brasileiros.

• Review: FIFA 20

A convite da EA Sports, o The Enemy pôde testar antecipadamente a expansão gratuita, e logo de cara se deparou com jogadores genéricos nos clubes nacionais. Palmeiras, Flamengo, Santos e tantos outros times do país não tiveram seus jogadores licenciados; olhando pelo lado positivo, os escudos e uniformes estão extremamente fidedignos aos do mundo real.

O problema é o mesmo que já vem sendo apontado há algum tempo: no Brasil, os direitos de imagem dos jogadores são licenciados um a um. Para ter todos os atletas nacionais em seu jogo, a EA precisaria negociar com cada um deles individualmente.

A abordagem é completamente diferente de outros países e ligas, que possuem entidades responsáveis pela imagem de um grande grupo de jogadores. Enquanto a EA prefere negociar com essas organizações, a rival Konami, de Pro Evolution Soccer, faz o processo mais longo para poder ter os times brasileiros.

Apesar da lacuna, a EA ainda insiste que a Libertadores tende a crescer dentro do mundo de FIFA, e não descarta a possibilidade de trazer os rostos dos atletas que jogam no Brasil: “Não vou fazer promessas, mas é algo que nos esforçamos para fazer. Nós damos um passo de cada vez”, explicou Alex Constantinescu, Game Designer de FIFA 20 e um dos responsáveis pela inclusão da Libertadores no game.

Mesmo com a ausência de figuras como Gabigol e Felipe Melo, Constantinescu pensa que a Copa poderá atrair o público brasileiro: “Acredito que os fãs estarão animados em ver os escudos de seus times favoritos pela primeira vez em algum tempo”, ele afirma, mencionando clubes como Flamengo e Vasco da Gama.

Como um todo, a EA enxerga esse primeiro ano da Libertadores como uma semente que pode crescer e conquistar cada vez mais espaço dentro do game: “Estou feliz que podemos entregar isso como um degrau para chegar à excelência no futuro”, prevê Constantinescu.

Clima latino

É impossível separar a Copa Libertadores de sua ambientação única. A paixão dos torcedores sulamericanos faz com que o campeonato tenha sua própria mística, e é algo que a EA tenta recriar desde os menus até o momento em que a bola está rolando.

Como esperado, a identidade visual do torneio reproduz aquilo que se vê na televisão. O preto e dourado do placar invade também as artes mostrando escalações e o menu principal da Copa. Sem surpresas aqui, considerando o excelente trabalho feito com a Premier League há alguns anos.

Ainda no menu principal, uma trilha sonora diferenciada é facilmente percebida: uma seleção de músicas latinas agrega à aura da competição. Nada como um reggaeton para embalar o campeonato mais importante da América Latina.

Dentro de campo, confetes permeiam o jogo de maneira bastante chamativa. Jogue com o Racing, por exemplo, e verá o gramado do estádio Juan Domingo Perón repleto de papéis azuis e brancos. Para quem acompanha um pouco da competição, é bem fácil ligar essa imagem aos clássicos que passam na tevê.

Ainda assim, há algumas ressalvas: cantos de torcida, que dariam um ar ainda mais íntimo para o jogador, não estão presentes em FIFA 20, mas estão nos planos da EA para o futuro. Quanto à narração brasileira, não tivemos confirmação de que Tiago Leifert e Caio Ribeiro terão frases específicas para a Copa Libertadores.

Como fica o resto do jogo?

Carro chefe da expansão, a Libertadores chega a FIFA 20 acompanhada de Copa Sul-Americana e Recopa. Todos os times desses torneios podem ser utilizados no modo Kick-Off e enfrentar qualquer outra equipe no repertório do game; quer reescrever a final do Mundial entre Flamengo e Liverpool? Fique à vontade, mas lembre que Gabigol e cia. não irão compor sua esquadra.

Além de serem opções entre as copas de FIFA 20, a Sul-Americana e a Libertadores também farão parte do Modo Carreira. Será possível disputar ambas competições ao selecionar times da América do Sul. As coletivas, entrevistas pós-jogo e todos os floreios do modo de jogo também fazem parte do pacote, permitindo uma experiência similar a outros torneios licenciados.

Aqui, vale uma ressalva curiosa: Boca Juniors e River Plate são, originalmente, parceiros do Pro Evolution Soccer, e por isso não estavam presentes em FIFA 20 desde o início. Com o licenciamento da Libertadores, os times receberam seus escudos e uniformes idênticos aos da vida real.

A questão é: os times genéricos que representam Boca e River não foram excluídos do repertório de clubes, permitindo confrontos cômicos entre clubes com jogadores idênticos, mas que diferem em seus uniformes e escudos.

E o Ultimate Team?

O carro chefe de FIFA 20 não foi esquecido. Apesar da EA ainda não revelar qual será a integração entre a Libertadores e o Ultimate Team, Alex Constantinescu já prometeu que o principal modo do jogo terá “um monte” de conteúdo relacionado ao torneio latinoamericano.

De qualquer forma, é de se considerar o quão grande será o impacto desses novos jogadores no Ultimate Team. Passando rapidamente pelo plantel de equipes da CONMEBOL, é fácil perceber que o nível técnico não está lá em cima. Na verdade, são poucas as equipes que receberam quatro estrelas de avaliação geral, e nenhuma passou dessa marca.

Caso exista uma dinâmica similar à da Champions League, com os jogadores e destaque recebendo cartas personalizadas e um pouco mais robustas em seus atributos, o cenário fica mais interessante. Para os fãs de Desafios de Montagem de Elenco, há uma esperança similar, mas isso é mera especulação.

De modo geral, é nítido o cuidado da EA com a inclusão das taças latinoamericanas a seu repertório. Questões de licenciamento não apagam a excelente reconstrução do estádio do Racing e o esforço em criar um clima único para as partidas. Há lacunas a serem preenchidas, mas FIFA 20 mostra mais uma vez sua aptidão em trazer conteúdos de qualidade aos seus jogadores.