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Review: Trials Rising

Com a mesma fórmula de sempre, o game coloca o jogador em uma incrível busca pela perfeição

Por Breno Deolindo 27.02.2019 16H53

Lembro bem do meu primeiro contato com a franquia Trials: logo depois do meu primo comprar seu Xbox 360, não estávamos exatamente nadando em dinheiro para comprar novos jogos. Então, optamos pela demo gratuita de Trials HD, onde tivemos muitas horas de diversão, mesmo sem uma grande variedade de fases.

Sem muita expectativa e com um quê de nostalgia, embarquei em Trials Rising empolgado para ver as novidades que a série havia trazido. Apesar de ter alguns elementos incomodarem, tudo que eu desejava estava lá: uma física bizarra e hilária, circuitos insanos e um aspecto desafiador muito forte.

Para quem não conhece a série, a proposta é bastante simples: usando uma motocicleta, o jogador precisa completar circuitos de rampas, loopings, saltos e outros obstáculos. Isso tudo é feito com controles básicos de acelerar, frear e inclinar o seu boneco para frente ou para trás.

Apesar da simplicidade, algumas corridas podem ser bastante complicadas, e um erro pode gerar acidentes hilários: seu personagem se torna um “boneco de pano” ao cair do veículo, e pode sair se debatendo pelo cenário das maneiras mais inusitadas possíveis.

Reprodução/Ubisoft

Comecei com a opção de jogatina Offline, uma espécie de Campanha: seu motociclista é um novato no universo das motocicletas, e precisa conquistar patrocinadores e competições para crescer cada vez mais no cenário.

Depois de customizar minha personagem, iniciei uma sequência bastante longa de corridas e percebi que, no early game, apenas os circuitos de menor dificuldade estão acessíveis, algo que pode incomodar levemente jogadores mais experientes - para mim, que não jogava um game da série há tempos, não houve nenhum problema.

Mesmo nos níveis mais básicos, Trials Rising incita o jogador a buscar a perfeição - ou, ao menos, uma performance que garanta uma medalha de ouro naquele circuito. Naturalmente, essa fórmula pode se tornar repetitiva, já que é normal se encontrar correndo o mesmo percurso pela cinquentésima vez. Por outro lado, a sensação de recompensa ao acertar uma aterrissagem é maravilhosa, e quase sempre vale todas as tentativas frustradas.

Apesar de nem sempre conseguir um tempo perfeito, uma meta quase que automática é vencer os “fantasmas” de outros pilotos que aparecem em cada percurso. As silhuetas simulam o mesmo percurso feito por outros adversários - sejam eles jogadores reais ou uma inteligência artificial - e propõem um desafio a mais.

Reprodução/Ubisoft

A busca pela perfeição é reforçada com a agilidade em que se reinicia um percurso. Após bater ou realizar uma manobra mal feita, basta apertar um botão para retornar instantaneamente à linha de largada ou ao último check point, sempre incentivando uma outra tentativa. A rapidez com que isso acontece parece banal, mas em uma época onde vários games possuem inúmeras e demoradas telas de carregamento, é algo digno de reconhecimento.

Outro ponto que vale citar é a construção dos cenários: há uma grande quantidade de circuitos disponíveis, e eles chamam bastante a atenção em alguns momentos. Pilotar sua moto em plena Festa do Tomate ou em um estúdio de Hollywood quebra um pouco a repetitividade, sem contar que rende cenas memoráveis.

A sensação de recompensa volta a aparecer no sistema de evolução: é bastante fácil subir de nível, e a cada level ganho, o jogador recebe uma loot box, que contém itens cosméticos para sua moto ou seu piloto.

Confesso que tive certo azar nas minhas primeiras caixas, tirando apenas stickers não tão apelativos - algo que se torna levemente frustrante quando se vê outros pilotos cheios de apetrechos extravagantes. Depois do nível 20, comecei a ter um pouco mais de sorte, e minha personagem já apresentava um visual bastante respeitável.

Além das loot boxes, também é possível adquirir cosméticos em uma loja, onde o jogador pode gastar tanto moedas conquistadas após corridas, quanto gemas compradas por microtransações.

Talvez, minha única ressalva à campanha seja uma história mais sólida. No início, achei que iria ver meu personagem crescendo cada vez mais no cenário de motociclistas até atingir o status de estrela. Entretanto, essa sensação não existe, e o foco é apenas em jogar fase após fase.

Reprodução/Ubisoft

O apelo pela perfeição é ainda maior no modo Online, onde não há muito espaço para erros: os circuitos são os mesmos disponíveis no Offline, mas não há a possibilidade de recomeçar uma corrida do zero. As competições acontecem em tempo real, e cada queda afetará sua performance significativamente.

O único aspecto que “facilita” o Online é seu formato: ao invés de disputarem apenas uma corrida, os jogadores precisam completar um circuito de três pistas, recebendo pontos em cada etapa de acordo com sua colocação. Ao final da terceira prova, o motociclista com mais pontos é coroado o grande campeão. Parece uma experiência longa, mas as partidas online são bastante ágeis.

Trials Rising mantém a fórmula que consagrou a franquia: manobras radicais e uma física bizarra continuam funcionando muito bem; isso agregado aos novos elementos da indústria de games, como loot boxes e cosméticos, resulta em um excelente título.

É improvável que uma pessoa acorde e pense “Hoje estou com muita vontade de jogar Trials Rising”, mas, caso ela resolva rodar o game, horas de diversão são garantidas.

Nota do crítico