Review: The Pathless

Misto de exploração e ritmo é destaque em novo jogo dos criadores de Abzû

Por Pedro Henrique Lutti Lippe 28.12.2020 14H13

Um arco, flechas e uma águia companheira: isso é tudo que o jogador tem em mãos para restaurar a luz a um mundo tomado pela escuridão do Godslayer, uma presença maligna capaz de subjugar até mesmo criaturas divinas.

The Pathless é o novo projeto da Giant Squid, equipe mais conhecida pelo catártico jogo de exploração marítima Abzû. Situado em um enorme mundo aberto, o lançamento convida o jogador a escolher seu próprio rumo para cumprir objetivos e desvendar os segredos ao seu redor.

Divulgação/Annapurna Interactive

Traduzido de maneira crua do inglês original, o título do game significa "o sem caminhos" - descrição bem certeira para o tipo de experiência que The Pathless oferece.

O mundo sob a influência do Godslayer é território inexplorado, e cabe ao jogador mudar isso. Não há vilarejos ou caminhos de terra batida para guiá-lo, e nem mesmo um minimapa indicando pontos relevantes. O cenário é dividido entre cinco regiões, separadas por fortes correntes de vento, e o jogador pode visitar cada uma delas assim que desejar, dependendo apenas de sua habilidade nos controles para alcançar plataformas altas e realizar saltos perigosos.

O principal objetivo do game é encontrar, purificar e libertar quatro enormes monstros divinos que foram corrompidos. Eles também vagam livremente pelo cenário, acompanhados de uma forte tempestade. Caso o jogador seja envolto pelo caos, tem início uma sequência de furtividade na qual o objetivo é resgatar sua companheira águia e escapar da criatura maligna sem ser avistado.

Para resgatar tais criaturas da escuridão, o jogador deve cumprir quebra-cabeças pelo cenário atrás de emblemas, que por sua vez devem ser afixados a obeliscos que revelam a verdadeira natureza dos inimigos. Quando as bestas ficam expostas, elas podem ser enfrentadas diretamente e, em seguida, libertadas.

Divulgação/Annapurna Interactive

Os parágrafos acima podem passar a impressão de que The Pathless tem como base uma proposta bem genérica - o que seria verdade, não fosse pela peculiar e envolvente mecânica de movimentação do game.

Mais do que andar, o protagonista sem nome desliza e plana pela ilha em alta velocidade. Diversos alvos flutuantes preenchem os vazios no cenário. Quando atingidos, eles concedem ao herói um pequeno impulso de velocidade ou altura. Para explorar o cenário de maneira eficiente, portanto, o jogador deve estar sempre disparando flechas ao seu redor, acertando alvos com uma precisão rítmica bem satisfatória.

O sistema funciona, mas não é impecável: a fim de facilitar o trabalho do jogador, a mira seleciona automaticamente o próximo alvo a ser atingido, causando ocasionais conflitos entre o que o jogador quer fazer e o que o jogo permite que ele faça.

A águia que acompanha o herói também tem um papel importante na exploração. Com a ajuda de itens colecionáveis na forma de penas, é possível fortalecer uma habilidade que permite à águia impulsionar o jogador na vertical. É algo extremamente útil, que chega até mesmo a tornar triviais alguns dos desafios de plataforma mais delicados do jogo - o que, para mim, foi um pouco decepcionante.

Divulgação/Annapurna Interactive

Com cerca de 10 horas de duração, a jornada de The Pathless não tem grandes momentos explosivos, quebra-cabeças geniais ou twists narrativos surpreendentes. Como Abzû, porém, o jogo é marcante por sua incrível estética, acentuada pela escolha de tons fortes de cores por todos os lados.

Mais dependente de ritmo do que de precisão, a mecânica de arco e flecha misturada à movimentação do herói também passa uma sensação única: a de um jogo em que o simples ato de ir do ponto A ao ponto B é algo gostoso de fazer.

Ah, e vale mencionar: em certos momentos, é preciso acariciar as asas da águia para remover as impurezas malignas do corpo do animal. O jogador controla a ação diretamente pelo direcional analógico. Extremamente importante.

Nota do crítico