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Review: Jedi: Survivor é a evolução da experiência Star Wars

Dinamismo do gameplay torna Fallen Order um mero Padawan

Por Helena Nogueira 26.04.2023 12H00

Os fãs de Fallen Order vão gostar de saber que Star Wars Jedi: Survivor é uma evolução considerável em relação ao antecessor

Erguendo-se a partir da fórmula estabelecida no primeiro jogo, Survivor adiciona dinamismo ao combate Soulslike e movimentação parkour. Novas opções de golpes e manobras são oferecidos ao longo de todo o game, de forma que as novidades de gameplay são constantes.

Reprodução: EA/Respawn

Somados à equação estão cenários de mundo semi-aberto repletos de atividades e missões, sequências de ação de tirar o fôlego e um elenco de personagens cativante. 

O resultado é uma experiência Jedi bastante autêntica de que os fãs se despedirão satisfeitos, apesar do polimento deixar a desejar e de alguns problemas de performance.

Combate

Reprodução: EA/Respawn

Em Survivor, vemos o retorno do gameplay inspirado no modelo Soulslike, com combate exigente e level design com base em check points, e trechos de plataforma semelhantes aos de Uncharted, com longas escaladas, manobras aéreas e sequências de ação cinematográficas. 

A começar pelo combate, o jogador deve escolher duas posições diferentes de ataque que podem ser alternadas no meio da batalha — uma solução que mira na variedade de armamento dos jogos Souls. 

Reprodução: EA/Respawn

Novas posições de ataque são apresentadas ao longo de todo o game, de forma que o jogador tem a chance de revisar e adaptar o combate de acordo com o próprio estilo de jogo. 

Combos poderosos podem ser realizados ao alternar entre o dano do sabre de luz segurado com duas mãos — uma espécie de espada longa — e a agilidade da posição que adiciona uma pistola à mão esquerda — algo nitidamente inspirado em Bloodborne. 

Reprodução: EA/Respawn

Todo esse dinamismo resulta em um combate ainda mais satisfatório, que continua a testar as habilidades do jogador em embates em grupo, desafios de Rasgo da Resistência e batalhas contra chefões, ainda mais nos níveis de dificuldade acima de Cavaleiro Jedi. 

É uma pena que o uso da Força ainda seja tão limitado no combate, se resumindo a empurrões, puxões e congelamento de tempo no maior estilo Witch Time, de Bayonetta. Ainda assim, batalhar em Survivor se tornou mais divertido. 

Reprodução: EA/Respawn

A sensação de segurar o controle é a de estar enfrentando batalhas legítimas de sabre de luz, ainda mais diante do bom uso dos recursos do Dual Sense, no caso da versão de PS5, usada nesta análise. Em especial, o feedback háptico é usado para que o jogador sinta o impacto de cada golpe, aprimorando a percepção do ritmo de cada inimigo e facilitando as esquivas e bloqueios. 

Parkour

Reprodução: EA/Respawn

Quando não estiver enfrentando hordas de Stormtroopers e droides do Império, Cal Kestis estará mostrando suas incríveis habilidades de parkour. As sequências de plataforma estão consideravelmente melhores em Survivor, visto que o Jedi ganha um conjunto bem-vindo de manobras. 

Ainda mais no final do jogo, a sensação é a de estar voando pelo ar. A principal melhoria está na adição do gancho, que torna a exploração vertical e horizontal mais fluída e menos frustrante. 

Reprodução: EA/Respawn

Cal é capaz de usar o gancho em paredes e superfícies e alcançar distâncias impressionantes com o novo dash, o que faz com que o jogador se atire no abismo sem medo. 

Os fãs de plataforma vão se deliciar com cada trajeto mirabolante de penhascos e abismos. Já aqueles que não são fãs desse tipo de gameplay não devem se preocupar, pois esses trechos estão menos punitivos em relação a Fallen Order — além de recompensarem o esforço com sequências de ação dignas de cinema. 

Reprodução: EA/Respawn

Uma ressalva em relação à jogabilidade de plataforma está na maneira como os cenários foram planejados, evidenciando um level design que deixa a desejar. Ainda mais nos ambientes de mundo semi-aberto, estar completamente perdido em relação a como avançar para o objetivo principal é um sentimento frequente. 

Mundo aberto, ambientação e história

Reprodução: EA/Respawn

Outro chamariz de Survivor são os cenários mais amplos, com destaque para os dois planetas de mundo semi-aberto: Koboh e Jedha. 

A Respawn teve sucesso em tornar esses ambientes instigantes. Sempre há algo chamativo no campo de visão de Cal Kestis – seja um grupo de Stormtroopers batalhando criaturas alienígenas, naves recentemente abatidas ou cavernas habitadas por chefões. 

Reprodução: EA/Respawn

Também não faltam atividades, que vão desde perseguir rumores (missões secundárias oferecidas por NPCs) até coletar artefatos que possam ser trocados com mercadores e popular o assentamento de Koboh. 

Mini-dungeons com foco em puzzle, similares às Sheikah Shrines de Zelda: Breath of the Wild, oferecem desafios inteligentes e intrigantes. Uma em especial, em que é necessário mover esferas de energia por uma sala para ativar diferentes aparatos, foi exemplo da aptidão da Respawn no aspecto puzzle. 

Reprodução: EA/Respawn

Falando nas aptidões do estúdio, a ambientação de Survivor continua tão primorosa quanto a de Fallen Order. Os planetas possuem paisagens distintas e ricas em detalhes, que, somadas à trilha sonora orquestrada, agregam legitimidade a um produto pertencente à série Star Wars. 

Desde a revelação, em 2022, Survivor prometia uma história mais sombria. De fato, passados cinco anos após os acontecimentos do jogo anterior, Cal Kestis está bastante desgastado pela batalha constante contra o Império. Nesse momento de tanta fragilidade, a resiliência do Jedi é posta à prova. 

Reprodução: EA/Respawn

Apesar de demorar para mostrar esse lado “sombrio”, o roteiro impacta os jogadores ao evidenciar as características humanas de seu elenco de personagens, colocando em foco as limitações e falhas de cada um. Ainda que o próprio Cal, interpretado por Cameron Monaghan, permaneça um protagonista bastante padrão, personagens secundários como Bode, Greez e Merrin trazem outros tons à história. 

O apoio da LucasArts vem mais uma vez na forma de cenas cinematográficas em alta definição, que chegam a ser tão pesadas em detalhes que colocam o poder do PS5 à prova. 

Performance

Reprodução: EA/Respawn

Jedi: Survivor apresenta dois modos gráficos: Performance, que mira em até 60FPS, e Qualidade, que oferece resolução 4K com taxa de quadros fixa em 30FPS. Dentre as duas opções, o modo Qualidade proporcionou uma experiência mais fluída no PS5, mas incapaz de esconder o polimento aquém do esperado. 

Mesmo com o recurso HDR desligado, momentos em que há muitos elementos na tela, em especial reflexos e efeitos de luz, são acompanhados de quedas frequentes de FPS. Em locais como os riachos de Koboh, por exemplo, basta girar a câmera para perceber os pulos de quadros. 

Reprodução: EA/Respawn

Mas o principal incômodo está nos problemas de animação dos personagens, um aspecto de Fallen Order que se manteve em Survivor. Para um Jedi, Cal Kestis possui movimentos bastante desajeitados, deslizando no chão pouco antes de começar a andar, além de mostrar espasmos súbitos e sobrevoar o chão após cutscenes.  

Mais sérios ainda são alguns bugs que encontramos na experiência. Dois momentos foram especialmente preocupantes: o primeiro, quando Cal ficou preso em um loop de cair e ressurgir sob o abismo, sendo necessário um reload que levou à perda de parte do progresso para voltar à superfície. O segundo, durante uma batalha, foi quando o Jedi saltou e atravessou uma parede, caindo direto no abismo. 

Um futuro promissor

Reprodução: EA/Respawn

Mesmo que careça de polimento e apresente problemas de performance, evidenciando um desenvolvimento que precisava de um pouco mais de tempo, Star Wars Jedi: Survivor é, em maior parte, uma evolução em relação ao antecessor. Sem dúvidas, o novo game da Respawn desponta como um dos melhores jogos da franquia.   

Ao terminar Survivor, é difícil não ser tomado pela ansiedade de conferir o que o futuro reserva, ainda mais diante da coerência inquestionável que os jogos da Respawn possuem em relação ao restante do canon de Star Wars. Ao longo da campanha, os fãs da franquia — mesmo os menos assíduos — vão gostar de encontrar referências aos quadrinhos, filmes e séries do Disney Plus, como Rogue One e Obi-Wan Kenobi.

Reprodução: EA/Respawn

O novo jogo de Star Wars encanta com os aprimoramentos consideráveis no combate e nos elementos de plataforma e merece elogios pela boa variedade de recursos de acessibilidade. Caso Fallen Order não o tenha conquistado, leitor, dificilmente será diferente com Survivor. 


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