Review: Arcadegeddon é um roguelike charmoso e repetitivo

O game tem sua proposta e entrega tudo, porém, só após muita insistência

Por Matheus Oliveira 13.07.2022 16H55

Arcadegeddon, depois de quase um ano disponível apenas para PC em acesso antecipado, finalmente foi lançado na versão completa. O game do gênero roguelike tem um certo brilho e traz uma temática interessante, mas muito conteúdo fica escondido atrás de tanta repetição.

Começando pela proposta: Gilly, dono de um fliperama, tenta salvar o próprio negócio da falência ao juntar todos os jogos em um e criar o “mega jogo” Arcadegeddon. Porém, uma corporação maligna Fun Fun Co. (FFC) infecta o game com um vírus, que deve ser eliminado pelo jogador.

Partindo desse ponto, Arcadegeddon faz um bom trabalho ao misturar a narrativa e a jogabilidade, com o personagem do jogador ciente de que está dentro de um videogame e, justamente por isso, é normal ver certas coisas malucas.

Assim, o jogador se aventura por mapas futuristas, pântanos, cidades steampunk, florestas e até castelos medievais enquanto enfrenta monstros também dos mais diversos tipos. Soldados, monstros e até zumbis serão obstáculos na jornada.

Como em qualquer roguelike, avançar até onde for possível conquistando upgrades no caminho constrói o “loop” de gameplay. Ao morrer, o jogador volta ao início perdendo todo o investimento, mas com mais experiência para enfrentar os mapas totalmente aleatórios.

Reprodução: IllFonic

Para avançar nas fases, deve-se cumprir certos desafios, desde eliminar inimigos até dominar pontos específicos. Assim sendo, Arcadegeddon é resumido em jogar até onde conseguir, morrer, começar de novo e repetir.

Não necessariamente o loop é um defeito. Afinal, é isso que constrói qualquer game do gênero já consolidado, o roguelike. Porém, em questão de objetivo, não é difícil sentir a repetição como algo maçante com o tempo, dado que os objetivos não são tão variados assim.

Reprodução: IllFonic

A real graça de Arcadegeddon, em parte, fica na jogabilidade. Poucos jogos com ação tão frenética se apresentam tão fluidos quanto esse no PS5, e isso combinado com algumas opções de armas que favorecem ainda mais a dinâmica desenfreada é um deleite para quem gosta de apertar botões.

Além disso, há muitos personagens para conhecer no fliperama de Gilly: 12 "líderes de gangue”, no total. Mais diálogos são desbloqueados à medida em que o jogador avança e cada um oferece desafios diferentes, todos com a proposta de desbloquear ainda mais conteúdo e até itens cosméticos. Mas isso só será visto por quem decidir realmente investir tempo no título.

Reprodução: IllFonic

Existe personalização de personagem em Arcadegeddon. O jogo oferece diferentes peças de roupa que podem ser adquiridas tanto com o recurso dado pelo jogo ao avançar nas fases, quanto com moedas compradas por dinheiro real.

No fim, o combate de Arcadegeddon é satisfatório e desafiador em momentos específicos. Especialmente, na hora de lutar contra chefes. Entretanto, mesmo esses não são tão variados, sendo apenas quatro. Dessa forma, o que é necessário fazer para derrotá-los também pode ser até meio previsível.

Reprodução: IllFonic

A variedade de armas encontradas no game vão desde a simples pistola até submetralhadoras, bazucas, lança-granadas e até espadas. Além disso, com o decorrer de cada aventura, é possível encontrar upgrades para cada uma e até investir em bônus nas pequenas lojas encontradas ao avançar de fase.

Os modos PvP, por sua parte, são brilhos extras. Desde duelos francos de tiros até disputas de destruir o chão e fazer o adversário cair, atividades com bolas e outras semelhantes a esportes. Arcadegeddon também pode servir como atividade para um grupo de amigos não necessariamente interessado em avançar nas fases da história.

O charme do roguelike está presente em Arcadegeddon e a jogabilidade é extremamente polida. Porém, embora o jogo agrade à primeira vista e possa ser uma experiência para compartilhar com amigos online, os objetivos repetitivos tiram um pouco do brilho da identidade única e personalidade forte dada ao game e escondem ricos conteúdos de jogadores que não decidirem investir tanto tempo no jogo.

Nota do crítico