Review: Pokémon Let's Go Pikachu & Eevee

Uma reinvenção encantadora das origens da série para unir todos os tipos de fãs de Pokémon

Por Claudio Prandoni 26.11.2018 15H39

Depois do imenso sucesso de Pokémon GO nos smartphones, que atraiu um grande público novo para a já popular série de caçar monstrinhos, a Nintendo vem agora com Pokémon Let's Go.

A singela aventura exclusiva de Switch reinventa os primeiros episódios da franquia de forma a simplificar alguns processos e construir uma ponte entre a galera que conheceu a série (ou voltou a ela) por meio de Pokémon GO e também à turma mais hardcore, que nunca deixou de acompanhar os episódios principais nos videogames portáteis.

Let's Go Pikachu e Let's Go Eevee trazem mais uma vez a jornada por Kanto, o primeiro território apresentado na série Pokémon e já explorado em Red, Blue, Yellow e nos remakes FireRed e LeafGreen (além, claro, da surpreendente reviravolta em Gold e Silver, em que é possível ir a Kanto depois de explorar Johto).

Sendo assim o escopo da brincadeira é menor do que na maioria dos episódios de Pokémon. Temos aqui apenas os 151 monstrinhos da primeira Pokédex, assim como suas versões de Alola e também o novato Meltan e a evolução dele, Melmetal. Os ginásios são oito e há um punhado de eventos paralelos, muitos familiares para quem jogou os primeiros games ou viu o início do anime de Pokémon.

O grande diferencial de Let's Go fica por conta da maneira como muitos processos foram simplificados para proporcionar uma experiência de jogo mais fluida, que possibilita explorar mais o mundo, conhecer melhor os monstrinhos e seus poderes e não travar tanto durante a jornada.

Nesse aspecto, a maior mudança é o sistema de captura de Pokémon. Não é mais necessário lutar contra eles, enfraquecer e aí sim jogar a PokéBola para tentar capturar: é só começar o confronto e lidar com um sistema similar ao do mobile Pokémon GO, em que um círculo aparece no alvo e quanto menor ele for na hora de jogar a bolinha maior a chance de capturar a criatura.

Jogando com o Switch conectado à TV ou em modo tabletop é possível usar também os sensores de movimento dos Joy-Con para imitar o movimento de jogar uma PokéBola - aliás, um método menos preciso do que simplesmente apertar o botão quando se joga no modo portátil.

Já que estamos falando de controles, Let's Go apresenta um confuso cardápio de opções. A opção mais tradicional (e provavelmente confortável para jogadores mais experientes) é no modo portátil, com dois Joy-Con acoplados. Com o vídeo em modo TV ou tabletop só é possível controlar o game usando apenas um dos Joy-Con.

Caso você pegue o da esquerda fica sem o botão Home para voltar ao menu principal do Switch enquanto jogar com o da direita tira de você o Share, para capturar imagens e vídeos do jogo. Com o acessório Poké Ball Plus você perde tanto o Home quanto o Share mas ganha um sensor de movimentos um pouco mais preciso para arremessar Pokébolas - mas a alavanca analógica do periférico não é nada confortável.

Por fim, é muito estranho que o jogo não tenha suporte ao Pro Controller, que poderia perfeitamente funcionar da mesma maneira que o game no modo portátil com dois Joy-Con encaixados. Felizmente, parecem detalhes que podem ser corrigidos no futuro por meio de atualizações caso a Nintendo opte por algo assim.

Ficam de fora os combates aleatórios, tão tradicionais na franquia, já que agora os Pokémon aparecem na tela e cabe a você decidir quais quer tentar capturar e fugir daqueles que não te interessam (como as hordas de Zubat que infestam as cavernas). E não é mais necessário ficar guardando Pokémon em caixas virtuais em computadores espalhados pelo mundo. Todos eles estão acessíveis a qualquer momento no seu inventário, incentivando naturalmente a testar mais monstrinhos e combinações de equipes.

A experiência de jogo flui melhor, mas isso resultou também em um jogo mais fácil. Seja com Pikachu ou Eevee, companheiro definido com base na edição do game que você jogar, o mascote é muito forte e vence com facilidade os treinadores adversários, incluindo os mestres de ginásio. Capturar Pokémon e participar de duelos rende pontos de experiência para toda a equipe, agilizando ainda mais a evolução das criaturas.

Em tempo, fluidez e facilidade não significam simplicidade. Let's Go apresenta novas maneiras para evoluir os atributos dos monstrinhos e capturar versões Shiny que vão deixar mesmo os mais hardcores ocupados após terminar a jornada e ver todas as surpresas que os games reservam.

A epopéia toda fica ainda mais prazerosa graças aos gráficos e músicas encantadores de Let's Go. O humilde mundo pixelado de Kanto ganha vida com gráficos 3D coloridos em alta definição, que dão ainda mais detalhes a esse universo já explorado por tantas pessoas. As trilhas clássicas retornam com o mesmo capricho, embalando bem a jornada. Vale notar, enquanto Pikachu e Eevee têm vozes ao estilo do anime os outros Pokémon preservam grunhidos mais primitivos, como ouvimos nos games portáteis.

Confesso que fiquei um pouco frustrado com a tão alardeada conexão com Pokémon GO. A opção é habilitada muito adiante na jornada, ao chegar em Fuchsia, e acaba sendo melhor aproveitada só por pessoas mais dedicadas aos dois games - seria interessante algum tipo de opção mais convidativa e acessível, que ajudasse a evoluir ou conseguir Pokémon de baixo nível, por exemplo.

Ainda assim, as qualidades superam os problemas e fazem de Let's Go uma aventura divertida e acessível tanto para quem está mais acostumado com Pokémon GO quanto para veteranos dos cartuchos de Game Boy e DS. Enquanto Nintendo e Game Freak continuam testando novas ideias e preparando o caminho para a próxima geração de Pokémon, prevista para 2019 no próprio Switch, Pikachu e Eevee promovem um agradável festival de nostalgia.

Nota do crítico