Review: Persona 5 Strikers

'Musou de Persona 5' está mais para sequência do que spin-off

Por Pedro Henrique Lutti Lippe 24.02.2021 17H40

Os ladrões galantes mais amados dos games estão de volta.

Persona 5 Strikers é o mais novo jogo da Atlus: uma sequência direta para o Persona 5 original, que reaproveita cenários e personagens, mas troca as batalhas em turno por um sistema de pancadaria em tempo real à la Dynasty Warriors.

Nos últimos anos, o estúdio Omega Force se especializou em encaixar marcas populares na forminha básica do Musou. Mas se você acha que é só isso que eles fizeram com Persona 5, você não os verá chegando.

Divulgação/Atlus

A história de Persona 5 Strikers começa seis meses após os eventos do jogo original. De volta a Tóquio para curtir as férias com seus amigos, Joker, como todo bom herói que só quer relaxar, acaba se envolvendo em mais uma trama mirabolante que coloca o mundo todo em perigo.

O Metaverso volta à ativa, mas desta vez de uma maneira diferente: em vez de palácios, a dimensão paralela toma a forma de ‘prisões’ – enormes áreas abertas que os monarcas usam para roubar os desejos de pessoas desavisadas.

O dever chama, e os Phantom Thieves of Hearts partem mais uma vez para a ativa – desta vez assistidos por Sophia, uma nova companheira que é uma inteligência artificial capaz de assumir uma forma humana no Metaverso.

Ainda que a história toque em temas similares aos que são discutidos na campanha do Persona 5 original, ela guarda algumas surpresas para o arco final da campanha. E mesmo que os momentos mais criativos não viessem, a simples oportunidade de passar mais tempo com Joker e companhia já é bem-vinda: como os personagens já se conhecem há tempos, a sensação de camaradagem e a ótima química entre os heróis transparecem logo nos primeiros minutos do jogo.

Sophia e os demais personagens inéditos acrescentam suas próprias perspectivas ao mundo familiar do jogo, e acabam colocando os veteranos em situações inusitadas, capazes de pegar de guarda baixa até mesmo jogadores que já passaram mais de 100 horas com esses heróis nos jogos anteriores.

Divulgação/Atlus

A exemplo de alguns jogos anteriores do estúdio Omega Force, como Dragon Quest Heroes ou o recente Hyrule Warriors: Age of Calamity, Persona 5 Strikers é muito mais do que um mero “Musou de Persona 5.”

O combate no estilo de Dynasty Warriors é o foco, sim, mas está completamente envolto por elementos familiares do Persona 5 original. Joker pode explorar cenários familiares, visitar lojas atrás de itens, coletar novos Personas e fundi-los para aumentar seu repertório de ataques, e até mesmo conhecer melhor seus companheiros através de longas cenas narrativas com opções de diálogos.

O próprio combate levou um banho de Persona 5: ao explorar as prisões, jogadores dão de cara com inimigos vagando por aí. As cenas de combate só começam quando heróis e inimigos entram em contato – algo que remete a RPGs clássicos, e não às batalhas constantes entre legiões de soldados pelas quais a fórmula de Dynasty Warriors é conhecida.

O jogador deve dar cabo de seus oponentes usando sequências de ataques básicos em combinação com tiros e magias. Como em Persona 5, diferentes inimigos têm diferentes fraquezas – a magias de fogo ou de gelo, por exemplo. Alternando o controle entre os heróis e entre os diferentes Personas de Joker, é possível tirar proveito de tais fraquezas, deixando os inimigos em um estado vulnerável e abrindo brecha para os poderosos ‘All-Out Attacks’ do jogo original. Nas dificuldades mais baixas, é possível vencer mesmo ignorando algumas mecânicas, mas o sistema brilha quando o jogador tira total proveito de todas as janelas de oportunidade.

Divulgação/Atlus

Persona 5 Strikers não tem cara de um spin-off, mas sim de uma sequência que trocou o sistema de combate em turnos por batalhas focadas na ação.

Por melhor que o jogo seja em sua adaptação da fórmula Musou, porém, ele ainda sofre com uma das limitações mais comuns do gênero: com o tempo, a ação se torna repetitiva.

O time de desenvolvimento tenta aliviar um pouco a barra com quebra-cabeças básicos e alguns pontos específicos de interação com o cenário, mas o próprio layout das fases não é dos mais interessantes. Os primeiros momentos em uma nova prisão costumam ser os melhores, mas a sensação de novidade vai passando lentamente, até que, perto do final de cada ‘fase,’ o jogador já está mais que pronto para seguir em frente.

Persona 5 Strikers também não é dos jogos mais ambiciosos em termos de detalhamento visual, mas o estilo característico da marca serve para esconder as pontas soltas. A versão de PlayStation 4 utilizada para este review sofre com algumas poucas quedas de quadros nas cenas mais intensas no hardware original, mas roda de maneira impecável no PlayStation 5.

Divulgação/Atlus

Para quem já jogou Persona 5, mergulhar de cabeça em Strikers é quase como reencontrar amigos de longa data após passar um tempo distante. Ele equilibra doses de familiaridade e novidade na medida certa, e impressiona na maneira em que consegue imitar os maneirismos do jogo original.

Cada vez mais ambiciosos em seus esforços, a Omega Force caminha a passos largos para deixar de ser “o estúdio que faz spin-offs ao estilo Musou” e tornar-se “o estúdio que reinventa franquias amadas.”

Nota do crítico