Review: Octopath Traveler

Nostalgia encontra gráficos modernos em um JRPG encantador e de batalhas brilhantes

Por Claudio Prandoni 06.08.2018 16H44

Um dos primeiros jogos third-party exclusivos revelados para Nintendo Switch foi Octopath Traveler, da Square Enix.

O RPG japonês buscava se destacar pelos gráficos surpreendentes, que mesclam recursos modernos com um estilo nostálgico pixelado, mas o resultado final vai muito além disso.

Fruto da mesma equipe que criou os excelentes jogos da série Bravely Default, do portátil 3DS, Octopath refina os mesmos elementos que brilharam nessas aventuras: reverência ao passado de Final Fantasy e um sistema de combate arrojado, flexível e estratégico.

A jornada começa ao escolher um dentre oito personagens bem diferentes entre si, todos protagonistas de contos envolventes de fantasia medieval, mas singelos em sua execução, sem grandes reviravoltas nas histórias - na real, é tudo bem previsível.

Logo a trama se revela como uma colcha de retalhos rica e empolgante, uma narrativa fragmentada que dá ao jogador a liberdade de acompanhar a história que quiser no ritmo que quiser. Ou quase, já que cada capítulo traz sugestões de evolução de nível que praticamente obrigam a recrutar todos os oito guerreiros para enfim prosseguir na aventura que desejar.

Felizmente tudo é muito bem pensado e adaptado para a natureza portátil do Switch. Cada capítulo dura cerca de uma hora, perfeito para sessões rápidas de jogo (isso falando, claro, de um RPG japonês à moda antiga).

Apesar das tramas cheias de clichês, Octopath Traveler mostra qualidade e ousadia nos outros departamentos.

O estilo gráfico é vistoso e mistura cenários tridimensionais com texturas e personagens 2D à moda antiga, totalmente pixelados. É quase como imaginar um mundo paralelo em que Final Fantasy VII não emplacou e o padrão visual continuou sendo o de Chrono Trigger e Final Fantasy VI, mas com as devidas evoluções e atualizações ao longo dos anos.

O resultado é charmoso e lembra um cenário em miniatura feito de papel, cheio de detalhes delicados para explorar e apreciar. Tudo quecombina perfeitamente com a suntuosa trilha sonora de Yasunori Nishiki, que evoca perfeitamente o espírito de aventura e ingenuidade dos RPGs da era 16-bits.

Porém, depois da surpresa do visual, o verdadeiro tesouro do game está no sistema de batalha. O esquema pega emprestado elementos de Bravely Default e foca em dois aspectos: quebrar a defesa do adversário e acumular ataques.

A cada rodada é possível ganhar Battle Points e acumular no máximo cinco. Com eles é possível realizar mais de um ataque em seguida ou deixar feitiços mais fortes, ampliando bastante o leque de estratégias.

Por sua vez, os inimigos possuem defesas que podem ser quebradas com determinados tipos de ataques, referentes aos equipamentos e habilidades dos heróis.

A variedade é grande e lembra as profissões clássicas de Final Fantasy, com arquétipos populares de RPGs, como magos, guerreiros, arqueiros e assim por diante. Eventualmente até é possível personalizar os estilos de cada herói, permitindo criar combinações de profissões.

Ao longo da jornada o sistema de batalha se desdobra em desafios diversos que sempre giram em torno desses elementos básicos. Poderia ser repetitivo, mas a engenhosidade da Square Enix é grande com o amplo cardápio de itens e magias.

Aliás, cada um dos oito personagens conta com habilidades únicas para interagir com NPCs pelos mapas, seja desafiando eles para duelos como forma de ganhar mais pontos de experiência, comprando (ou roubando) itens ou até mesmo recrutando-o para os combates.

Octopath Traveler é um RPG extenso que captura a nostalgia dos RPGs japoneses, mas sem deixar de apresentar novas ideias e desafios. As histórias fragmentadas combinam com o estilo portátil do Switch e o sistema de batalha é brilhante, com muito potencial para evoluir no futuro.

Octopath Traveler está disponível exclusivamente para Nintendo Switch. O jogo está disponível no Brasil em versão digital no site Loja Nintendo.

Nota do crítico