Crash: On The Run! traz todo o carisma de Crash para os mobile

Quebrar caixas e fazer a dancinha da vitória no final das fases é satisfatório em qualquer plataforma

Por Lucas Toso 14.04.2021 11H29

Se tem um personagem, e uma franquia, que combina com o estilo de jogo dos runners, esse personagem é Crash Bandicoot. Seu mais novo jogo, Crash: On The Run!, não revoluciona a roda, mas traz todo o carisma do nosso marsupial preferido para os mobiles.

On The Run se aproveita da estrutura padrão dos runners, mas acrescenta alguns toques de Crash que são muito bem-vindos. O jogo tem o tradicional rodopio do personagem para quebrar caixas ou mandar inimigos para longe, e cada volta termina com um subchefe ou chefe para derrotar. Além disso, é claro, também temos as Fruta-Wumpas - que você provavelmente chamava de manga ou pêssego quando era mais novo nos jogos de PS1 (pelo menos eu chamava).

Em uma entrevista com o produtor do jogo, Bob Woodburn, perguntei sobre essa adaptação dos jogos clássicos para o mobile. “A gente sentiu que Crash se encaixava bem como um runner, mas passamos os primeiros meses de desenvolvimento tentando descobrir como fazer aquilo se sentir realmente como Crash. A gente sabia que precisava do giro e de destruir caixas. Também sabíamos desde o começo que queríamos Coco como personagem jogável e que ela conduzisse a história do jogo”, disse.

O jogo é dividido entre duas “corridas principais”. O primeiro tipo são as Voltas de Missão, em que você deve derrotar os inimigos e coletar Jóias do Poder, que liberam as novas fases e equipamentos. Cada missão conta com quatro capangas e um chefe principal, que vão desde novos inimigos a vilões icônicos da série - e, acredite, o jogo traz praticamente todos os antagonistas que já cruzaram o caminho de Crash. Até o momento são 140 missões diferentes para você completar.

O segundo modelo são as Voltas de Coleta, em que você precisa coletar os itens necessários para construir as armas específicas que derrotarão cada inimigo. É durante as fases de coleta que também encontramos desafios diários vindos diretos de Crash: no primeiro você ganha uma gema especial ao chegar no final da fase, no segundo você precisa destruir todas as caixas da volta e o terceiro é um desafio contra o tempo, que te dá talismãs.

E com os chefes não oferecendo tanta dificuldade e sendo até um tanto quanto repetitivos, essas voltas contra o tempo se mostram, talvez, os maiores desafios do jogo. 

Dingodile é apenas um dentre tantos inimigos clássicos de Crash que estão em On The Run!

Felizmente, todo o carisma bobo de Crash e o estilo badass de sua irmã Coco - que também é uma personagem jogável - estão em On The Run. Ao final de cada fase os protagonistas fazem suas famosas dancinhas e em vários momentos eles até encaram a tela e fazem uma careta olhando nos seus olhos.

“Queríamos fazer o Crash mais Crash de todos, então nos asseguramos de pincelar todas as eras desse legado de 25 anos. Para fazer isso, sentimos que o jogo precisava estar no centro do multiverso da história de Crash, então qualquer coisa desses 25 anos pode aparecer em On The Run!”, acrescentou Bob Woodburn quando perguntado se o novo jogo fazia parte do cânon desconjuntado de Crash.

Muito mais do que reflexos extremamente afiados, o jogo precisa de paciência. Você só consegue entrar nas Missões caso tenha as armas necessárias, então invariavelmente você precisa passar um bom tempo farmando itens nas Coletas e mais um outro tempo esperando que essas armas fiquem prontas nos Laboratórios - a não ser, é claro, que você descole uma graninha para comprar Cristais Roxos, que aceleram todos os processos dentro do jogo.

Sim, você ganha alguns poucos Cristais Roxos em missões diárias e no Passe Livre, mas nem de longe eles são suficientes para acelerar o seu jogo em um ritmo frenético. Porém, preciso ressaltar que isso só é de fato um problema para aqueles jogadores um tanto quanto mais apressados. Se você lida bem com jogatinas casuais e espalhadas durante o dia, vai tirar de letra os tempos de espera de On The Run.

Além de ser personagem jogável, Coco é quem conduz a história do jogo

Além das missões e coletas, o jogo tem um sistema de equipes e troféus que vai fisgar o usuário mais competitivo. Ao fim de cada temporada, os times com os maiores números de troféus receberão diversos prêmios, incluindo visuais novos e estátuas. Esse “modo multiplayer” também permite que você corra contra membros de outras equipes em voltas bem desafiadoras e que rendem muitos troféus.

E o jogo também seguirá recebendo suporte e novos conteúdos por um bom tempo. “Lançaremos conteúdos de temporada a cada 4 ou 5 semanas, com temas únicos, novos chefes e muitos novos visuais. Algumas temporadas vão ser ligadas a eventos do mundo real, como Halloween por exemplo - e o time de personagens está ansioso parafazer essas skins”, nos contou o produtor. Sendo assim, acho que já podemos esperar versões mortos-vivo de Crash e Coco em outubro.

No Brasil, o jogo segue como o principal aplicativo gratuito na Play Store, tendo também ultrapassado os 15 milhões de downloads no Android e 12 milhões no iOS no mundo todo. 

Jogo possui diversas skins diferentes tanto para Crash quanto para Coco

“Temos grandes esperanças para o jogo no Brasil. Sabemos que jogos runner são populares no país, assim como a franquia Crash, então esperamos que essa combinação seja bem recebida”, acrescentou Bob. O desenvolvedor ainda encerrou a entrevista agradecendo a todo o apoio da comunidade brasileira durante o desenvolvimento do jogo.

Falando sobre performance, o jogo rodou sem grandes problemas em um celular de entrada (um Xiaomi Redmi Note 7 com sistema desatualizado, inclusive, - falha minha), mas sofreu alguns engasgos em telas de carregamento e fechamentos inesperados. On The Run tem bastante conteúdo e desafios diários e também serve bem ao fã de Crash que ainda não pode arcar com os preços cheios de Crash 4. 

A parte mais “triste” é não poder aproveitar o maior potencial desse jogo: jogar durante os transportes aqui na grande São Paulo. Depois de mais de um ano em confinamento em casa, até o trânsito dos metrôs e ônibus faz uma grande falta.