Testamos o Wii no Japão

Testamos o Wii no Japão

Por Gustavo Dore, de Chiba - Japão 29.11.2006 00H00
O Omelete esteve dias 25 e 26 de novembro na feira Nintendo World 2006, no Japão, onde testou o comentadíssimo Wii, o novo console da gigante japonesa Nintendo. Conheça agora nossas primeiras impressões sobre a novidade, que foi lançada há uma semana nos Estados Unidos, chega às lojas do Japão dia 2 de dezembro e deve aterrissar no Brasil em 2007.

Antes de sequer começar a falar da feira, vale responder de cara à pergunta que todo mundo quer saber: SIM, o controle sensível a movimento do Wii é arrasador.

Nos primeiros dois minutos de empunhadura do aparelhinho é meio difícil controlar a intensidade dos movimentos e apontar corretamente para a direção desejada na tela - talvez mais pelo deslumbramento do que realmente pela destreza. Mas logo o controle torna-se intuitivo e já dá pra começar a balançar o braço e rodar a mão, testando as possibilidades. Ele é levíssimo e seus sensores captam as mínimas variações de direção, o que não chega a atrapalhar a diversão daqueles que não possuem grandes habilidades manuais. Além disso, devido ao tipo de controle, os jogos de dupla têm a tela dividida verticalmente, com imagens vistas de trás do personagem (primeira e terceira pessoa) para os dois jogadores. E as possibilidades são mesmo infinitas.

Agora sim, o evento... A Nintendo World 2006 Wii foi gratuita e totalmente voltada às famílias japonesas. Nenhum dos cartazes - de sinalização ou jogos - tinha explicações coloridas e chamativas, típicas desse tipo de evento, ou mesmo o nome escrito em alfabeto. Todos eram simplesmente grafados em katakana, um dos três tipos de escrita japonesa, usada para escrever palavras de outras línguas. Quem não soubesse japonês, pelo menos um pouquinho, ficaria perdido por lá.

A publicidade do evento reforçava essa idéia, trazendo pessoas de idades variadas, homens, mulheres e até um velhinho simpático, com o controle na mão. Muitas crianças, pais, tias e avôs compareceram, provando que o marketing foi certeiro. Todos juntos com seus portáteis Nintendo DS, esperando nas filas por uma oportunidade de jogar o que será o novo brinquedo da família em pouco tempo. Tinha até um lugar para levar as crianças perdidas ou acalmar as manhosas. O ambiente todo branco, muito amplo e sem música de fundo, passava uma sensação de tranqüilidade incomum numa feira de games, geralmente sinônimo de barulheira e luzes estroboscópicas. Era o lugar perfeito para levar as crianças, ou os pais.

Com as longas esperas nas filas, pudemos conversar com algumas dessas famílias e tivemos interessantes surpresas. Pouquíssimas pessoas parecem se importar com a concorrência do Wii com o XBox 360 ou o PlayStation 3. A sensação geral é que o console da Nintendo é tão diferente dos outros que nem divide mercado. Enquanto os novos da Sony e Microsoft focam-se abertamente nos gamers, com gráficos magníficos e jogos de franquias consagradas como Grand Thef Auto (para um publico mais adulto), o Wii preocupa-se com a integração da família e a diversão em grupo.

Não que isso signifique que voltamos à era do Atari, claro. Os gráficos e a ambientação não foram esquecidos - de maneira alguma! - mas a diversão e a jogabilidade orgânica foram claramente priorizadas.

O primeiro game testado foi o novo lançamento da Namco, Elebits. A idéia é acertar os elebits, bichinhos que contêm eletricidade. Conforme eles são atingidos, acumulam-se pontos (volts). Com alguns poucos deles, já existe energia suficiente para mover objetos pesados, como geladeiras, o que facilita a procura por elebits pelo cenário. Girar o pulso para abrir a porta, como numa maçaneta real, é emocionante.

O segundo game, porém, demorou um pouco. Foram intermináveis 210 minutos na fila para jogar Zelda Twilight Princess. Valeu cada segundo. O game é simplesmente fantástico e movimentar a espada de Link de verdade, com os próprios punhos, é provavelmente uma das maiores realizações já sonhadas para um fã da longeva e cultuada franquia. Zelda era o jogo mais concorrido da feira, deixando em segundo lugar Pokemon Battle e, em terceiro, Mario Galaxy.

Entre os games que mais chamaram atenção por lá, além dos citados acima, temos o divertidíssimo Odoru. Marcado pela imagem do Wario, o jogo fez todos rirem, pularem, dançarem e sacudirem o corpo todo para cumprir as divertidas tarefas de estourar garrafas de champanhe, pular, disputar uma corrida contra o computador, cozinhar verduras e até apoiar uma vassoura (o controle) na palma da mão. O jogo explora muito bem as novas possibilidades do console.

O Wii Sports também atraiu muita gente pelos impressionantes jogos de boxe, tênis, beisebol, golfe e boliche (já existem fotos de televisões quebradas após jogos frenéticos de boliche em lares dos Estados Unidos!). Na fila, um senhor, que aparentava cerca de 60 anos, esperava pacientemente para jogar golfe com seu netinho de 10 anos.

Além dos jogos de esportes e lutas de espada, mais óbvios devido ao formato do controle, nos jogos de corrida existe a possibilidade de dirigir segurando o bastão como se estivesse com um volante em mãos. É impressionante como você rapidamente se acostuma com a intensidade das curvas e movimentos dos controles. As possibilidades são mesmo ilimitadas - e estamos vendo apenas a primeira fase desse revolucionário produto.

O Wii, porém, não se restringe aos jogos modernos. Entre as novidades mais aguardadas do console estão a utilização dele para acessar a internet, com Google integrado, e a possibilidade de downloads de jogos de Nintendo, Super-Nintendo e até os inesquecíveis clássicos do Megadrive. Assim como aconteceu com o Nintendo 64 e o Game Boy, a Nintendo aposta também na integração do DS com o Wii. Jogos como Pokémon ja viraram garantia de sucesso nessa união.

E por falar em DS, o portátil teve um grande estande na Feira, com direito a apresentações para as novidades de utilização da tela sensível. Jogos de cozinhar (em que é possível misturar ingredientes com a caneta) e o fantástico Nintendogs (com uma versão para Wii com uma ilha de cachorrinhos fofinhos) também foram grandes atrações do evento.

Nenhum deles, porém, chegou perto do procuradíssimo Jump Ultimate Stars. O jogo de luta com personagens famosos da revista Shonen Jump - que revelou Dragon Ball, Cavaleiros do Zodiaco, Super Campeões, One Piece, Naruto, Yu-Gi-Oh e mais um monte de mangás e animês famosos pelo mundo todo - colocou mais de 300 personagens dentro da pancadaria, sendo que 40 deles são jogáveis!!! A dinâmica do game é inteligente, misturando as narrativas das histórias e criando lutas inesperadas. Na tela Touch Screen do DS tudo acontece como numa história em quadrinhos.

Passada a Feira, fica a certeza de que o novo videogame da Nintendo realmente vai emplacar mundialmente. Fica o medo, porém, do preço sugerido no Brasil. Já se fala por aí que será o mais caro do mundo! Enquanto no Japão o console custa cerca de 550 reais, as previsões mais otimistas para o Brasil falam de algo acima dos 1.500 reais (as piores - e provavelmente mais realistas - mencionam 2.400 reais). Aguardemos ansiosamente.