Não existe justiça, apenas existe EU.

Morte vem para todos, isto é certo, mas Mortimer não esperava que, quando viesse para ele, fosse para lhe oferecer um emprego. Estranho, você deve estar pensando. Não, se levarmos em conta de que estamos falando sobre o Morte, cuja esfera de atuação é o nada esférico Discworld. Esta é a deixa inicial de O aprendiz de Morte, novo romance da série Discworld de Terry Pratchett, publicada no Brasil pela Conrad Editora.

Mortimer, ou simplesmente Mort, como é conhecido, é um jovem filho de fazendeiro, de boas intenções, mas um tanto sonhador. Como não é chegado ao trabalho na fazenda, aliás, a nenhum tipo de trabalho, seu pai decide levá-lo a uma Feira de Empregos para arranjar uma vaga como aprendiz. No entanto, ninguém parece aceitar Mort, mas o garoto insiste em ficar até o fim, disposto a descolar um trampo. Eis que, ao toque da meia-noite, o Morte surge cavalgando seu infernal garanhão Pituco (?) e lhe faz uma proposta irrecusável.

Ser aprendiz do Morte, não era o que Mortimer tinha em mente, mas não lhe pareceu má idéia. Afinal, trata-se de um emprego estável e que pode lhe render uma carreira promissora. Morte é um bom mestre e o trabalho não parece ser muito árduo. Todavia, quando Mort é encarregado, pela primeira vez, de realizar o serviço sozinho, aprende que compaixão é algo incompatível com o cargo.

O menino deveria buscar a Princesa Keli, mas, chegando em seu palácio, em vez de atingi-la com a Foice, e romper seu cordão da vida, acaba golpeando o assassino que a mataria. Isso acarreta um rompimento no tempo/espaço e divisão da realidade em duas: uma onde a princesa está viva e outra onde está morta como era esperado.

Mort agora tem que dar um jeito de devolver a realidade aos eixos antes que seu mestre, que tirou férias para aprender um pouco mais sobre a humanidade, retorne e descubra o que aconteceu.

Apesar de ser o quarto livro da série Discworld, O aprendiz de Morte é tido como o melhor para quem quiser se introduzir no universo fantástico criado por Terry Pratchett. Não por acaso, é o melhor volume publicado até agora no Brasil. Irônico e sarcástico como os demais, é inesperadamente melancólico e triste. Como já demonstrara no anterior, o autor não se limita mais a traçar uma paródia e começa a trazer o mundo fantástico mais próximo de nossa realidade, abordando situações e apresentando personagens cujos conflitos lembram os nossos. Isso fica muito evidente quando o Morte tenta entender o sentido da vida (???); por sinal, as melhores passagens.

O próximo volume previsto para maio é Sourcery. Traz de volta o nosso já conhecido Rincewind como protagonista. No entanto, se sua personagem favorita é o Morte, não se preocupe. Ele também terá grande destaque em outros romances da série, como em The reaper man. Afinal, independente das vontades de seu autor, Morte é, e sempre será, a personagem principal.