Saudações olímpicas desta coluna que não é esportiva, nem nada, mas bem que tenta bater uma bolinha bacana com a galera. Afinal, o Brasil continua na euforia da Olimpíada e, temos que admitir que os gregos, apesar de não serem cariocas (começa aqui a campanha Rio 2016), fizeram um bom trabalho durante estes últimos dias de jogos olímpicos. O início até foi um pouco tumultuado: bombas explodindo em Atenas dias antes dos jogo, obras inacabadas, atletas despencando janela abaixo, corredores da casa envolvidos em acidentes misteriosos. Mas o que vale é que depois de uma belíssima festa de abertura - bem menos maçante que a entrega do Oscar, por exemplo - as coisas entraram nos eixos.
Mas ainda no último fim de semana dos jogos de Atenas, estávamos nós na torcida por mais algumas medalhinhas, mesmo que desta vez nossa participação medalhística não tenha sido lá essas coisas, apesar de tanta expectativa ou talvez, por isso mesmo. Tudo bem. O importante é competir e coisa e tal. Conseguimos colocações importantes em esportes como a ginástica artística, o nada sincronizado e os saltos ornamentais. Também vimos os primeiros passos de atletas como Thiago Pereira, da natação, promessa para o Pan de 2007, no Rio.
Mas não dá para enganar ninguém: a medalha de ouro escapando das mãos da bem preparada seleção feminina de vôlei, ou das meninas da areia, ou a escorregada de Daiane dos Santos para fora do tablado, quando já era considerada campeã por aqui, foram de doer o coração. Mesmo para quem não tem a mínima idéia de como funciona a regra de pontuação na ginástica, não foi difícil perceber pela expressão da própria atleta que o sonho havia se perdido. Quinto lugar. Sem dúvida, um ótimo resultado, provavelmente não para a repórter da Rede Globo que tentava, a qualquer custo, fazer com que Daiane confessasse que estava triste. "Mas o que aconteceu? Foi a responsabilidade muito grande? Você se sentiu cobrada demais, foi isso?", insistia a jornalista. A ginasta, tranqüila, mas obviamente abalada, repetia que havia dado o melhor de si, o que, infelizmente, não foi suficiente.
É estranho, mas às vezes, a impressão que dá é a de quê os brasileiros não estão preparados psicologicamente para passar pela tensão de uma final, ainda que fisicamente tenham todas as condições de levar a medalha dourada para casa. E, numa boa, não é só nas Olimpíadas que isso acontece (quem pode esquecer a derrota na Copa do Mundo da França?).
Tudo vai indo muito bem, mas na hora H, quando já estamos com o pezinho na final, começa aquele papo brabo de "Não dá pra negar que a outra equipe é muito boa. Chegar até aqui já foi um grande resultado. Vamos tentar dar o melhor..." Isso, é papo de perdedor! É papo de quem tem medo de perder e ser cobrado mais tarde. É mais fácil poder se defender depois com alguma coisa do tipo "eu avisei que ia ser difícil".
Espírito de vencedor para valer vemos em alguns como Bernardinho e sua brilhante seleção de vôlei - mesmo quando ganha, o técnico faz críticas ao time e ao próprio trabalho, pois sabe que o resultado foi aquém do que poderia ter sido - ou Robert Scheidt, o iatista que não tem falsa modéstia, sabe que é bom mesmo e pronto. É preciso saber ser vencedor, pois o bom campeão também não é aquele que precisa alardear aos quatro ventos o quanto é competente. Ele simplesmente o é e são seus resultados que atestam isso.
E só para encerrar este assunto olímpico, nunca é demais falar - mal - de "Galeão Buenos". O cara parece estar cada dia mais chato, mais irritante, torcedor "sabichão". Acho que o que mais incomoda é essa necessidade que ele tem de querer mostrar intimidade com TODOS os esportes e seus respectivos atletas. Nesse ponto, a cobertura dos canais a cabo deram um banho, trazendo comentaristas que realmente tinham alguma coisa a dizer (como Dulce Thompson, no vôlei feminino de quadra), mantendo o público informado e interessado nos programas de debates dos fins de noite reunindo toda a equipe.
Pelos Orkuts da vida
Como se não bastassem a secretária eletrônica, o telefone celular e os e-mails, a novidade para consumir o já pouco tempo nosso de cada dia são as comunidades virtuais. Também chamados pelo nome bonito de "sites de relacionamento". Eles ganharam espaço - no Brasil então nem se fala - depois do surgimento do Orkut, em fevereiro deste ano, e vem se multiplicando pela Rede.
Atualmente, o que se vê é que acabou o monopólio do site criado sem grandes intenções de revolucionar o mundo virtual, e isso abriu espaço para uma série de similares nacionais ou não. Até aí, beleza. Páginas em português, por exemplo, são sempre bem-vindas, principalmente para quem não domina tão bem assim a língua de Bush e companhia. Mas o problema começa quando todo mundo quer estar em todos os lugares ao mesmo tempo, em uma espécie de corrida louca para descobrir quem tem mais amigos no mundo internético. O NetQ, por exemplo - tradução quase literal do Orkut -, chega até a abrigar algumas comunidades idênticas ao do original e muitas vezes, habitadas pelas mesmas pessoas - ou boa parte delas.
E essas tais comunidades têm de tudo e para todos os gostos, né não? Nossa! Encontra-se até aquelas criadas especificamente para falar mal de alguém - anônimo ou não - como é o caso de "Eu tenho medo da mini-Arósio", no Orkut, dedicada a detonar a pobre Rafaela, de três anos de idade, que ficou famosa por sua participação no comercial da Embratel e sua semelhança com a garota-propaganda da empresa, Ana Paula Arósio. Como esta, há muitas outras cuja graça está mais na idéia do que em participar em si, até porque com a lentidão da maioria desses sites, não dá para entrar em comunidades demais ou sua máquina pára.
O engraçado é descobrir como você tem amigos que nunca viu pessoalmente, nem nunca ouviu a voz. O tal do Multiply, por exemplo, um aglomerado de blogs e fotoblogs, fica sugerindo que se adicione pessoas aos seus contatos, amigos de seus amigos. O problema é que as pessoas aceitam as sugestões e quando você vê, tem 200 amigos em sua página afinal, é chato dizer "Não, não quero ser seu amigo".
O que vale é que, mais cedo ou mais tarde, haverá a seleção natural e então tudo ficará mais fácil. Para alguns a brincadeira vai acabar perdendo a graça e - quero acreditar - tudo se tornará mais rápido. Porque, vou te contar, com essa febre atual, minha banda larga parece até que está de dieta, estreitinha, lentinha, irritante.
Ah! E falando em falta de tempo para tanto entretenimento, estou querendo abrir um espaço aqui para críticas, elogios, sugestões. Escrevam para mim. A partir da próxima coluna, vou selecionar alguns e-mails para colocar por aqui.