Rainbow Six: Siege | Crítica

De olho nos eSports, Ubisoft entrega um dos melhores jogos de tiro do ano

Por Bruno Silva 03.12.2015 10H11

Quando surgiu no mercado de games, em 1998, Rainbow Six se destacou por oferecer um contraponto ao que os jogos de tiro ofereciam. Sua jogabilidade cadenciada e calcada em pensamento tático o distanciava bastante da movimentação intensa e a matança exagerada de colegas de gênero como Quake ou Doom. Em 2015, Rainbow Six: Siege, o mais novo game da franquia, faz mais ou menos a mesma coisa.

Previsto para outubro, mas adiado para dezembro, mês normalmente evitado por games de alto orçamento, Siege fecha um ano dominado por FPS futuristas - temática que vigora no gênero desde Titanfall, diga-se de passagem. O atraso, entretanto, foi uma bênção disfarçada. Ao chegar por último, o novo Rainbow Six vê seu contraponto ao estilo vigente em Call of Duty e Halo ser ainda mais evidenciado por uma jogabilidade na qual entrar na louca em uma sala é pedir para morrer - algo que só fui perceber depois de tomar a quinta ou a sexta bala na cabeça.

Rainbow Six: Siege divide os jogadores em dois times - um ataca, outro defende, com objetivos variados: explodir um local, resgatar um refém (ou protegê-lo de terroristas), entre outros. Em todos os modos de jogo, a movimentação estratégia e a aproximação cautelosa predominam, e ganham outra dimensão por conta de sua principal mecânica nova: a possibilidade de destruir ambientes.

A novidade, anunciada com pompa como algo de “nova geração” durante a E3 2014, é impressionante do ponto de vista visual, mas vai muito além do efeito estético. Você pode invadir ambientes fazendo rapel, ou detonando as paredes - por outro lado, quem defende pode montar barricadas e colocar armadilhas, tornando cada partida em um xadrez onde a preocupação com as rotas de ação de cada equipe é fundamental.

De olho nos eSports

A Ubisoft já havia dado pistas de uma vontade de se inserir no cenário competitivo com Rainbow Six: Siege, mas o produto final revela que esta é provavelmente a intenção da empresa com o game. Além de ser quase inteiramente dedicado ao multiplayer - o único modo para um jogador só e o de Situações, um tutorial de 11 fases -, o game tenta adaptar para os FPS vários elementos que deram certo nos MOBAs.

Siege dá nome, rosto e história de origem a cada um de seus personagens, denominados Agentes, que têm características únicas no campo de batalha, indo de funções clássicas de FPS estratégicos, como médicos, montadores de torretas e defensores com escudos balísticos, a opções mais modernas, como personagens que detectam os oponentes pelo batimento cardíaco ou controladores de drones que dão choques.

Mas não foi apenas na composição dos personagens que a Ubisoft se inspirou no gênero do momento do cenário competitivo. Não é possível repetir Agentes em um mesmo time e eles não estão disponíveis ao jogador logo de cara. Você precisa desbloqueá-los com Credibilidade, a moeda do jogo, obtida jogando - ou com dinheiro de verdade.

Siege é quase inteiramente dedicado à experiência multiplayer - e a faz muito bem -, adotando um modelo de negócio típico dos jogos free-to-play, mas é vendido como um jogo de preço cheio. Eu sei que a Ubisoft tem contas a pagar, mas este é um jogo que provavelmente se beneficiaria de um número muito maior de jogadores se tivesse adotado um modelo similar ao de League of Legends.

Independentemente da maneira como o conteúdo é disponiblizado ao jogador, Rainbow Six: Siege é um sopro de ar fresco em um gênero dominado por games de ritmo frenético. Seu combate tático e os ambientes destrutíveis o tornam um dos melhores jogos de tiro de 2015.

Rainbow Six: Siege está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC. A versão testada foi a de PlayStation 4.

Nota do crítico