Assassin's Creed Unity | Crítica

Bugs não estragam uma das mais belas experiências visuais já criadas nos games

Por Érico Borgo 13.11.2014 00H14

Como todas as franquias que despejam games anualmente de forma quase obrigatória atendendo os acionistas, Assassin's Creed tem seus altos e baixos. Mas, se no ano passado, Assassin's Creed IV: Black Flag foi um dos grandes jogos da série, Assassin's Creed Unity, o título carro-chefe deste ano, ainda que não seja irretocável, ao menos não deixa a peteca cair.

A obrigatoriedade de lançamento anual tradicionalmente cobra seu preço quando há troca de engine. Um motor testado é sempre aprimorado no ano seguinte resultando em grandes jogos. Os novatos sempre sofrem com um verdadeiro festival de bugs. E Unity, primeiro título da série exclusivo para a nova geração, nesse quesito é rei.

Os controles estão meio aleatórios. Não raro o sistema de free run resulta em uma corrida parkour que pula para os lados ou trava em cantinhos e janelas (algo terrível, pois há muitos interiores). Pior... A colisão apresenta muitos problemas, com o protagonista prendendo em objetos, ficando enclausurado em estruturas, etc. Também existem travamentos de vários segundos, personagens sumindo e reaparecendo, uma voando...

Os problemas incluem uma das missões de investigação, em que depois de uma hora indo pra todos os cantos e coletando pistas, terminou com um bug que me impedia de acusar o suspeito principal. Foi necessário reiniciar o game para que ele retornasse a opção.

Mas...

Assassin's Creed Unity é o game realista mais lindo que já joguei.

A Paris do final do século 18, em plena Revolução Francesa, é gloriosa. Arquitetura soberba em um mapa que replica com detalhes ínfimos marcos da cidade, recriados em escala real. Muito além das pedras gastas, as situações sociais, o clima de tensão e libertação são palpáveis em cada esquina. Visualmente, Unity é um marco.

Apesar dos graves problemas de engine, que acredito serem contornáveis com atualizações de software, o game tem novidades interessantes. O combate ficou mais difícil (menos automático e mais exigente, com inimigos muito mais letais) e o estilo de jogo está mais parecido com um RPG. Cada ação rende pontos de três tipos diferentes que podem ser empregados na progressão. Saem as lojas de armas e as habilidades adquiridas na progressão das fases e entra um sistema de avanços pagos com esses pontos. Ainda que algumas habilidades só possam ser atingidas nas fases, a grande maioria é acessível desde o início. Para obtê-las basta fazer as missões paralelas.

E são muitas opções de missões

Assassin's Creed Unity tem mais oportunidades e estilos de jogo do que seus antecessores. Há missões normais de história, tarefas urbanas imediatas, caçadas a tesouros, objetos de arte, missões de clubes privados (em Paris, nada melhor que ser dono de bares e restaurantes), fendas temporais que levam à Paris de outras épocas, histórias curiosas da cidade, enigmas de Nostradamus e... O tão aguardado jogo cooperativo!

Compensando a história pouco cativante e um tanto mal-ajambrada (o novo personagem, Arno, é mal desenvolvido e a trama atropela seus próprios conceitos), o modo cooperativo dá inúmeras missões para até quatro jogadores, que podem atuar juntos, e o faz de maneira desafiadora. São mapas repletos de opções de resolução, complementados com boas histórias. Trabalhar ao lado de amigos é definitivamente o elemento que faltava a uma série que, se não se reinventa e lança jogos anualmente, ao menos busca sempre pequenas surpresas e se esmera na pesquisa.

Ao final, o interação entre camaradas, a beleza de Paris e a forma como o título a explora em profundidade, algo que não acontecia desde os tempos de Ezio, é o grande trunfo do que poderia ser o melhor game do ano. Pena que a Ubisoft Montreal claramente teve que tirá-lo do forno antes da hora.

Nota do crítico