Bandai Namco realiza Global Gamers Day em Las Vegas

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Por Érico Borgo 22.04.2014 12H00

Em 10 de abril, a recém-renomeada Bandai Namco America Games realizou uma convenção em Las Vegas. Intitulado Global Gamers Day, o evento reuniu imprensa e produtores para discutir os jogos da companhia. Com suas raízes firmemente fincadas na cultura japonesa, a Bandai Namco enfrenta o desafio que já derrubou outras gigantes: criar produtos que tenham apelo ao redor do planeta.

Para tanto, a empresa conta com franquias estabelecidas e de fama mundial, como One Piece e Naruto, aposta em propriedades intelectuais inéditas - como Rise of the Incarnates - e busca parcerias com estúdios ocidentais. O Brasil é central para essa estratégia, com a companhia prometendo se aproximar ainda mais do nosso mercado, com aguardadas localizações de jogos (como as legendas de Dark Souls II, prevista via patch de atualização para 23 de abril no PS3 e PC e dia 29 no X360), manufatura de jogos no país com lançamentos simultâneos ao de outros mercados e atenção às comunidades e imprensa.

No entanto, por mais que pulverizem suas expectativas, ao final do dia fica claro que as diferenças culturais ainda pesam.

Naruto Shippuden Ultimate Ninja Storm Revolution

Mesmo que conte com franquias de imediato reconhecimento fora do Japão, jogos de alto investimento, como Naruto Shippuden Ultimate Ninja Storm Revolution, esbarram em problemas de gameplay. Depois de horas jogando tantos títulos da mesma empresa fica a sensação de que esses e outros games têm um peso muito distinto do que estamos acostumados no ocidente. Há uma certa dureza nos controles que dão um ritmo todo particular a esses títulos.

Nada que os fãs de animes e mangás devam se importar muito, no entanto, já que existe claramente um cuidado todo especial com a maneira como a Bandai Namco entende as franquias. O jogo de luta Ultimate Ninja Storm Revolution é exemplo disso, e prova que a empresa mergulhou fundo no cânone de Naruto para dar aos fãs conteúdo inédito da série.

Masahi Kishimoto, o criador do universo de Naruto, trabalhou pessoalmente no título, criando personagens inéditos, como o Mecha-Naruto, e novos figurinos e cenários. Elementos apenas citados no desenho, como a criação dos Akatsuki, ganham segmentos animados aqui, relacionados ao jogo single player. O Conto dos Dois Uchiha também é desvendado como uma história totalmente original no modo de jogo Ninja Escapade.

"Nosso foco foi na combinação de três elementos", comentou o produtor Hiroshi Matsuyama, curiosamente vestido como o Naruto. "Reunir animação, a experiência das batalhas - cuja mecânica foi recriada e aperfeiçoada - e histórias originais. Tudo isso culminou em um game com milhares de possibilidades... com mais de 100 personagens pra jogar, um recorde!" Para o produtor, balancear tantos níveis de poder foi um dos maiores desafios, mas a mecânica dos combos Jutsu (em que três personagens combinam seus poderes com resultados devastadores) foi fundamental para isso. E um bônus aos fãs: os Jutsus nem sempre funcionarão bem... eles dependem das afinidades de certos personagens, algo que apenas um conhecedor da franquia saberá combinar devidamente.

O jogo sai em setembro de 2014 para Xbox 360, PlayStation 3 e PC (Steam).

One Piece Limited World Red

A estratégia de contar com o criador da série no jogo repetiu-se em One Piece Unlimited World Red, novo título das aventuras bucaneiras de Luffy e seus amigos em One Piece, que está completando 15 anos de sucesso (a série há anos é a mais vendida dos quadrinhos japoneses).

Eichihiro Oda trabalhou no jogo na criação de cenários, história e nove personagens inéditos. Entre eles estão Pato (um guaxinim mágico que entra para a tripulação de Luffy) e Red (o pirata que dá título ao game).

O jogo de mundo aberto apresenta a cidade de Trans Town, na qual são acessíveis as missões principais, objetivos secundários e arenas de batalha. Frenético e um tanto desencontrado especialmente nas sequências de combate com muitos personagens, o título interessa pelo carisma de seus personagens e a gama de possibilidades de aprimoramentos. Ver Luffy usando seus poderes elásticos Gum-Gum na exploração e movimentação pela cidade também tornam este um simpático título a ser acompanhado.

O jogo, com modo cooperativo local ou online para dois jogadores (PS3 e WiiU) e até quatro no 3DS e PSVita, sai em julho.

Tales Of

A série Tales Of, considerada por muitos como uma alternativa a Final Fantasy, também migrará ao ocidente com mais dois títulos. Vencedor de uma enquete de qual série os fãs da Namco Bandai gostaria de ver fora do Japão, Tales of Hearts R chega ao PSVita no fim do ano, depois de Tales of Xillia 2, previsto para o PS3 para 19 de agosto.

Jogo central à franquia, desenvolvendo sua mitologia, Tales of Hearts R ganhou um novo sistema de combate, com foco em altercações aéreas e combos. Já Tales of Xillia 2 é mais "sombrio e maduro" que os demais games da franquia, segundo seus produtores, pois inclui um sistema de escolhas morais que define o destino do protagonista, além de suas habilidades. "Ele é o que é capaz de fazer mudarão com essas seleções específicas, assim como sua afinidade com personagens diversos". A história começa um ano após os eventos do primeiro jogo, com dois mundos aprendendo a coexistir. "Assim, personagens conhecidos serão apresentados sob uma nova luz", explicam.

Free to Play, de Gundam a Rise of Incarnates

As citadas diferenças culturais ficam extremamente evidentes em franquias pouco conhecidas fora do Japão. É o caso de Dinasty Warriors Gundam Reborn, jogo para o PS3 a ser lançado na PSN.

Fenômeno há décadas no Japão, a ação entre mechas da série Gundam nunca foi oficialmente trazida ao Brasil como anime ou mangá. Alguns poucos entusistas da cultura japonesa a consomem, mas o grosso dos fãs da produção pop do outro lado do mundo desconhece os embates entre robôs gigantes. "O jogo introduz Gundam a qualquer pessoa", prometem os executivos da marca, mas é notório que sem o apoio de outras mídias, o combate altamente veloz desses veículos humanoides jamais fará sucesso por aqui.

Bem mais promissor é Rise of the Incarnates, jogo gratuito no modelo de micro-transações, que a Namco Bandai desenvolveu especialmente com o mercado ocidental em mente. Trata-se de um game que aproveita uma das mecânicas mais populares no Japão, o combate de arenas 2x2, e o ambienta em um cenário comum na cultura pop do lado esquerdo do planeta: um pós-apocalipse que mistura zumbis, super-heróis e deuses de diferentes panteões.

"É um jogo que propõe um gênero novo", diz o produtor Ryuichiro Baba. "Uma fusão de combate corpo-a-corpo com game de tiro e ação. A equipe pequena, de apenas duas pessoas, torna mais fácil o relacionamento entre os jogadores e valoriza sua comunicação".


De acordo com o produtor, o título foi criado a partir de pesquisas encomendadas no ocidente, tentando entender o que funcionaria aqui em termos visuais e de história. "Temos grandes cidades devastadas, como Nova York, Londres e Paris, como cenário para as lutas épicas desses humanos, os Incarnates, cujo surgimento colocou o mundo em guerra. Eles agem como conduítes para o poder de deuses e figuras icönicas como Lilith, Mefistófeles, Ares ou a Morte". Esses personagens, apenas quatro foram divulgados por enquanto, podem se transformar fisicamente em seus avatares ou conjurá-los.

A diversão de jogar o título foi imediata, com controles simples e competitividade intensa. Ainda que detalhes sobre o modelo de microtransação ainda sejam escassos, a empresa garante que o novo não será estilo "pay to win", com jogadores que investirem mais tendo vantagens sobre os que não pagam. Os aprimoramentos serão cosméticos e deve existir algum modelo de "pay for time", com os usuários pagando por mais tempo de jogo que o estabelecido diário.

Ainda sem data prevista, o jogo será lançado para PC. "Estamos muito confiantes nesse formato e acreditamos que Rise of the Incarnates encontrará ressonância na comunidade gamer brasileira", concluiu Baba.

Lords of The Fallen e Enemy Front: o perigo dos genéricos

Mas se por um lado a empresa aposta em séries licenciadas e no desenvolvimento de novas propriedades intelectuais, por outro, há espaço também para títulos que parecem, ao menos em uma primeira e superficial análise, versões genéricas de outros games.

O jogo de tiro em primeira pessoa Enemy Front, por exemplo, da polonesa CI Games, teve uma vergonhosa demo - seguida por uma apresentação que pouco fez para melhorar a imagem de shooter esquecível da fase jogada. Ainda que a ambientação seja interessante, uma Segunda Guerra Mundial sob os olhos de movimentos de resistência diversos na Europa, com mapas amplos que prometem abordagem furtiva ou agressiva, a execução é demasiadamente amadora para ser levada a sério - ainda mais em um momento em que os melhores jogos do PS3 e X360 estão sendo lançados nos estertores da geração. Com lançamento também para PC, o título sai em 10 de junho.

Outro que parece uma versão genérica de título de sucesso, Lords of the Fallen, lembra uma mistura de Dark Souls (da própria Bandai Namco) com Diablo. Do primeiro, tira tudo: as mecânicas, a movimentação, o estilo... se observado depressa, um fã da criação da From Software não hesitaria em pensar que estava diante de uma fase inédita do game. Até a ênfase na dificuldade, ainda menos inclemente que Dark Souls, é dividida com o antecessor ("Toda vitória nasce de derrotas" é o slogan do game) - e ideias como a perda de pontos de experiência a cada morte, que precisam ser resgatados antes do fracasso, são descaradamente copiadas do primeiro. De Diablo, porém, Lords of the Fallen pega emprestado o visual medieval de paleta mais saturada.

"Eu não tenho problema nenhum que comparem nosso jogo com outros títulos tão sensacionais", comenta orgulhoso o produtor Tomasz Gop. Segundo ele, porém, Lords of the Fallen tem algumas diferenças fundamentais, que impactam na jogabilidade. "É mais rápido, mais épico e tem mais história que Dark Souls", diz.

Na trama, a humanidade há séculos conseguiu vencer um deus descontrolado e seus exércitos. Com isso, passou a acreditar que todo o mal poderia ser extirpado - e passou a marcar pecadores com tatuagens no rosto, para segregá-los. Mas com o retorno dos inimigos outrora vencidos, surge uma ideia: por que não enfrentá-los justamente com o pior guerreiro entre os marcados?

Cópia ou não, é inegável que o jogo é lindo - e parece divertido. Atenção especial foi dedicada às árvores de melhorias, criação de armas e armaduras e exploração. Aliás, fases já superadas sofrem modificações sutis, mas que podem esconder tesouros preciosos depois de eventos em outras localidades. Pequenos quebra-cabeças completam o pacote.

Lords of the Fallen sai ainda em 2014 para PlayStation 4 e Xbox One.

Grid Autosport

A ser lançado totalmente em português, Grid Autosport pretende ser uma "grande celebração da emoção dos esportes motorizados, empregando todo o nosso conhecimento", segundo o produtor-executivo Clive Moody. Com 15 anos de história no desenvolvimento de games de corrida, a Codemasters, afinal, é uma das mais conceituadas empresas desses gênero, tendo criado, por exemplo, o conceito de "rewind" amplamente copiado hoje em dia em todos os títulos de velocidade.

Para Moody, a autenticidade foi muito importante, contanto que ela não atrapalhasse o principal objetivo, que era a diversão. "Procuramos destilar o que torna uma corrida algo tão emocionante, ao mesmo tempo evitando armadilhas como a necessidade de superespecialização do jogador".

Para tanto, a Codemasters focou-se em elementos como a rivalidade entre jogadores, a variedade de modelos de competições e ouviu as duras críticas dos fãs a Grid 2. "Aprendemos com eles. A nossa lição hoje é a de jamais abandonas nossos títulos novamente. Depois que Grid Autosport chegar às lojas vamos seguir produzindo conteúdo, ouvindo a comunidade e aprimorando", seguiu Moody. Uma das sugestões acatadas dos fãs foi a de um sistema de clãs, que será estabelecido na rede Racenet, um hub de todos os jogos da empresa.

Para o produtor, outro grande diferencial será a relação a ser desenvolvida entre o corredor e seu veículo. "Carros mais antigos vão ficando mais frágeis a cada corrida, cada batida e subsequente conserto. Chegará um momento em que o jogador terá que fazer escolhas... será que não é melhor trocar o carro, que ele cuidadosamente aprimorou ao longo de meses, por outro?" Esse conceito da relação a longo prazo com o carro será observado especialmente nas competições online, cheias de rankings e rivais.

Mas se o jogador não quiser tanto investimento, poderá embarcar rapidamente em corridas-evento em uma das cinco modalidades de jogo. As lotadas de competidores "Touring Cars", as concentradas "Endurance Races" - que ocorrem à noite e exigem estratégia no uso dos pneus -, as extremamente precisas "Open Wheels" - em que um mero toque em outro carro pode significar o fim da partida -, as agressivas "Street Races" e as divertidas e estilosas "Tuner Competitions" - com seus drifts e aperfeiçoamentos diversos.

Para PS3, X360 e PCs, Grid Autosport sai em 24 de julho.

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