CS:GO: Zevy exalta Tribo e diz que tinha certeza que venceria o MIBR

O jogador da Sharks falou sobre o início de sua carreira, RMR, Major e a Tribo do Gaules

Por Jairo Junior 19.10.2021 18H56

Zevy, a "mula de raça" da Tribo, é um dos representantes do Brasil no PGL Major Stockholm 2021 de Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO). Atualmente jogando pela Sharks, ele teve uma ascensão gigantesca no cenário profissional e viu sua vida pessoal e principalmente profissional mudar rapidamente, por conta do jogo. Em entrevista exclusiva ao The Enemy, ele contou mais sobre sua história desde o início de tudo até o Major, a trajetória dos tubarões e também lembrou com carinho a forma como foi abraçado por Gaules e a Tribo.

O início: Sonhador, estudante de farmácia e jogador profissional

A carreira de Zevy teve início em meados de 2019. Ainda assim, ele considera que passou a jogar profissionalmente apenas em 2020. Foi a partir disso que ele teve uma ascensão avassaladora na cena.

"Tudo aconteceu muito rápido pra mim", relembrou. "Meu primeiro time profissional em uma organização grande foi a academy da DETONA. Três meses depois eu já estava na DETONA principal e em seis meses na Sharks. Foi tudo num piscar de olhos, mas acho que consegui me adaptar bem durante este tempo", completou.

Antes da Sharks, no entanto, jogar não era uma tarefa fácil para ele. Muito por conta de problemas externos e até mesmo uma certa resistência dentro de casa. Pormenores que ficaram pelo caminho à medida em que ele evoluiu como pro player.

"No começo eu tinha alguns problemas com a minha mãe pois ela não queria que eu jogasse e sempre me mandava estudar. Às vezes ela até tirava os cabos do monitor para eu não poder jogar. Em uma conversa eu disse para ela que terminaria o terceiro ano e depois faria faculdade e jogaria ao mesmo tempo, mas assim que fui chamado para a DETONA já estava pensando seriamente em trancar a faculdade. Quando entrei para a Sharks, foi quando tomei esta decisão de vez. Nessa época a minha mãe ficou muito mais tranquila em relação a isso pois Sharks me ofereceu um bom contrato. Entrar na Sharks foi um divisor de águas pra mim."

Zevy já foi um menino sonhador como qualquer outro e até um estudante de Farmácia por dois anos. Mas a sua verdadeira motivação estava no FPS da Valve e em seis nomes que até hoje são lendas na comunidade brasileira e até mundial. 

"Os jogadores da época de ouro da Luminosity e SK eram e são até hoje grandes referências para mim", revelou. "Só pra se ter uma ideia, eu só comecei a jogar CS por causa dos vídeos da Luminosity. Na época nem PC pra jogar eu tinha ainda, então comecei só assistindo, depois jogando poucas vezes no computador do meu tio e finalmente fui ter o meu próprio PC no final de 2017", contou zevy.

Sharks/Reprodução

Primeiro grande objetivo cumprido: A sonhada vaga no Major

A vaga no Major veio após uma longa disputa contra times brasileiros e sul-americanos. Principalmente com o MIBR, que se manteve na liderança do Regional Major Ranking SA até os últimos momentos. No início a Sharks ainda não estava bem encaixada, mas também não demorou muito para que eles encontrassem a chave da vitória.

"Nos outros RMR creio que só perdemos por culpa nossa e porque estávamos um pouco abalados após a saída do pancc. Nós realmente precisávamos focar mais no psicológico e, quando fizemos isso, foi a chave para conquistar a vaga no Major", afirmou zevy.

Na reta final, não só o público, mas os próprios jogadores viram outra Sharks. Com mais confiança, a vitória deixou de ser uma dúvida e tornou-se uma convicção na mente dos tubarões: "Nós entramos neste último RMR com uma mentalidade tão forte que tínhamos plena certeza que ganharíamos do MIBR", cravou Zevy.

"Quando conquistamos a vaga do Major eu nem acreditei na hora. Fiquei até com um pé atrás, não é possível que eu vou ter um sticker, será que vou ter mesmo? Marcar a minha história dentro do jogo sempre foi um sonho e agora está se realizando", comentou o jogador.

Sharks/Reprodução

Preparação e apoio, andando lado a lado

O RMR ficou para trás, assim como a velha Sharks. Zevy conta que quer mostrar uma Sharks ainda mais bem preparada para o Major e, para isso, o bootcamp na Europa está sendo primordial.

"A diferença da Europa para o Brasil em questão de treino é imensurável. Muito por conta da estrutura, mas com certeza muito mais pelo comprometimento e profissionalismo das equipes. No Brasil eram poucos os times que gostávamos de treinar, como 9z, Bravos e Havan, enquanto a maioria ou trollavam ou desmarcavam. Mira o brasileiro tem de sobra, se tivéssemos o mesmo comprometimento que eles, acho que seríamos tão bons quanto."

Dentro da preparação, há também outros pontos que pesam bastante. Alguns negativos como o fato desta ser a segunda LAN de zevy, em que ele já admite que o "friozinho na barriga é inevitável quando se joga contra ídolos que até então o único contato era assistí-los de longe". Para contrapor isso na balança, o sniper coloca o apoio que tem recebido da comunidade. 

"É incrível a forma como o Gaules e a Tribo me abraçaram. Até quando me chamam de mula eu acho bem ‘da hora’. Assisto o Gau desde o comecinho, mais ou menos na época em que ele falou para entrar no chuveiro quando a casa pegar fogo", disse Zevy relembrando a cena enquanto dava risada. "O cara é um ídolo para mim e espero ser digno de representar todos os brasileirinhos", acrescentou.

Falando em complicação, Zevy elencou Virtus.Pro e Heroic como os adversários mais perigosos da primeira etapa. Ao mesmo tempo, ele acredita que o Brasil, de uma forma geral, pode ir bem na competição.

O foco para que isso se torne realidade é total. Para se ter ideia, no Twitter muitos fãs pediram para perguntar ao jogador sobre o pós-Major. Esta foi a única pergunta que ele não conseguiu responder.  

"Pós-Major? Desculpa, não consigo pensar em absolutamente nada. No momento só penso no Major e em mais nada!"

O PGL Major Stockholm 2021 de CS:GO acontece entre 26 de outubro e 7 de novembro. Por lá são 24 equipes em busca do título mais importante da modalidade, além da maior parte da premiação de US$ 2 milhões - cerca de R$ 11 milhões.