Game: Justice League Heroes

Liga da Justiça em aventura cooperativa

Por Marcelo Hessel 02.01.2007 00H00

Depois de não mais do que escassas 15 horas de jogo, começam os créditos finais de Justice League Heroes para PlayStation 2.

Enquanto os nomes dos realizadores, técnicos, produtores e dubladores são listados, o típico vídeo ao fundo relembra personagens e momentos da aventura. Isso é praxe na maioria dos jogos. O problema é que o vídeo é curto e os créditos são extensos... Para acompanhar o restante da lista, o vídeo recomeça do princípio. E é exibido em looping não duas vezes, mas quatro.

Isso não é chatice de crítico de cinema inventando de escrever sobre videogame. Se o Snowblid Studios não tem a capacidade de sincronizar o tempo dos letreiros com o vídeo, prova evidente de preguiça, má vontade até, o que esperar do resto do jogo? Criatividade?

Os personagens da DC Comics não são famosos por render games memoráveis. A Liga da Justiça, então, só se reuniu em um par de títulos de luta. Por sua vez, a Marvel acerta constantemente ao reunir seu cartel de heróis em produtos como X-Men Legends e, mais recentemente, Marvel Ultimate Alliance - que, por sua data de lançamento, rivaliza diretamente com Justice League Heroes. Não será dessa vez que Super-Homem, Batman e Mulher-Maravilha baterão seus concorrentes.

Não que falte apelo. Brincar com os poderes de um Lanterna Verde, com as tralhas do Homem-Morcego ou com a velocidade dos combos de Flash pode ser muito mais atraente do que balançar com o Homem-Aranha. Vamos do começo, então.

Bater, bater, comprar roupa, bater, bater, bater

O jogo foi escrito por Dwayne McDuffie, autor de alguns episódios de Liga da Justiça sem Limites e também roteirista de quadrinhos. Na história, um pedregulho caiu do espaço e Brainiac está envolvido. Seus robôs começam a aterrorizar o planeta e cabe à Liga contra-atacar. Contar mais do que isso é estragar as surpresas. Vale dizer que a história se coloca a serviço de um game de ação tradicional - tão tradicional que soa primário.

Os comandos são fáceis de assimilar e a interação é simples: bater, bater, bater. A diferença para um velho título de plataforma horizontal é que o 2D foi substituído pelo visual tridimensional, aéreo, em terceira pessoa. Na primeira fase o jogador entra com os dois astros da equipe, Super-Homem e Batman, podendo trocar o comando de um ou de outro a qualquer momento (mesmo quando duas pessoas jogam, também podem mudar de personagens entre si). A fase, longa e monocórdia, não é um cartão de visitas dos melhores. À medida que avança em JLH, o jogador pode escolher mais personagens e encarará fases mais interessantes.

Além de Super-Homem e Batman, podem ser selecionados, a princípio, Mulher-Maravilha, Flash, Ajax - O caçador de Marte, Lanterna Verde (John Stewart) e Zatanna. Com o acúmulo de shields, a moeda de troca do jogo, é possível destravar Aquaman, Mulher-Gavião, Caçadora, Arqueiro-Verde e dois outros Lanternas Verdes (Kyle Rayner e Hal Jordan). Outro exemplo de má vontade: não vá gastar seus shields no caro Hal Jordan pensando que será uma novidade; os poderes dele são idênticos aos de John Stewart, com a diferença de que você terá que evolui-lo do zero. Prefira comprar uma roupa de motoqueira para a Mulher-Maravilha.

Afora a nerdice de ver uniformes distintos, o sistema de evolução é o elemento mais interessante do jogo. Os personagens sobem de nível sozinhos, mas cabe ao jogador atribuir não apenas os pontos de saúde, energia e combate, como também os chamados boosters. São esferas de duração, velocidade, sorte, eficiência, alcance e dano que podem ser combinadas entre si e, então, associadas aos pontos de qualquer personagem. Com isso a construção de um herói fica mais variada: uma coadjuvante como Zatanna, por exemplo, pode ter o poder de cura vitaminado a ponto dela se tornar indispensável na aventura.

Existe a contra-indicação: como a força dos personagens não é bem balanceada, você pode aplicar tantos boosters no uppercut de Super-Homem que até Darkseid cairá facilmente com um soco desses, mesmo em dificuldade média.

É o tipo de detalhe que influencia decisivamente no saldo geral. Os desenvolvedores preocuparam-se tanto com as perfumarias da lojinha de shields, o tipo de coisa que faz aquele fã colecionador de action figures babar, que esqueceram de dar equilíbrio à ação. O visual dos cenários é bacana, ok. A dublagem de Ron Perlman para o Batman também. Mas não custava atentar mais para a jogabilidade. Pressupondo que Justice League Heroes é um jogo de músculos, não de cérebro, daqueles que literalmente servem somente para matar o tempo, também não custava adicionar mais algumas horas de aventura. Como não custava criar um final decente.

Ao zerar, o jogo salva a sua evolução (e as suas aquisições na lojinha) e te oferece a aventura desde o começo, mas com novas dificuldades. Experimente a mais alta, Superhero. É praticamente impossível passar da primeira fase, mas quem sabe no fim os letreiros sejam melhorzinhos.